Participei da minha primeira corrida de rua em 2008 na prova dos 10 km da Tribuna. De lá pra cá foram 5 participações consecutivas nesta prova. Fiz 2 anos de intervalo para me concentrar em outros desafios, como por exemplo participar de uma Maratona. Neste ano de 2015 resolvi que não ia participar de nenhuma prova longa, mas sim que iria focar em provas mais curtas e buscar melhorar meu ritmo. Tudo isso porque o foco em longas distâncias fez com que eu perdesse um pouco de velocidade. Achei que uma boa meta seria fazer uma prova de 10k abaixo de 50 minutos (meu melhor tempo era de 50min51seg). E a prova da Tribuna, como já expliquei em posts anteriores, seria a ideal para buscar esta marca. Até mesmo porque, depois de tantas participações, posso dizer que já conheço cada metro do percurso. Sei exatamente onde estão os postos de água, quais são os trechos com a pista mais estreita, ou com asfalto ruim, dentre outras coisas. Então busquei uma planilha de treinos e segui o melhor que pude para atingir minha marca.
O treino mostrou um pouco de resultado. 3 semanas antes da corrida fiz um treino no qual cravei 52 minutos. Mas logo na semana seguinte acabei viajando e quebrei um pouco o ritmo de treinos. Também não fui muito atento à alimentação, cometendo alguns excessos. Resultado: na semana anterior à da corrida estava fazendo em 53 minutos. Mas sabe como é, no dia da prova a gente sempre encontra aquela energia adicional, então quem sabe?
Quando cheguei na retirada do kit percebi que era a trigésima edição da corrida. Realmente, lembro-me que a edição de 2010 era a 25a., motivo pelo qual a organização até preparou uma revistinha que veio no kit do atleta. Pelo visto desde então a revistinha sempre esteve presente, sendo que dessa vez não foi diferente. Algumas informações acredito se repetirem todo ano: galeria de campeões, número de atletas em cada edição (desta vez foram 21 mil, o que faz desta prova a maior de 10k do Brasil em número de participantes), número de atletas por cidade (destaque para as cidades da Baixada Santista, como não poderia deixar de ser, mas ainda assim com participantes de várias cidades de São Paulo e inclusive de outros Estados), dentre outras. Mas o que mais gostei mesmo foi da entrevista com duas figuras respeitadíssimas pelos corredores: o médico Drauzio Varella e o campeão Vanderlei Cordeiro de Lima (o mesmo que foi abraçado pelo padre irlandês na maratona olímpica em Atenas-2004, e que já venceu a prova da Tribuna em edições anteriores). Outras matérias interessantes foram a evolução da prova ao longo dos anos e uma entrevista com o campeão Luiz Antonio dos Santos, vencedor da primeira edição em 1986.
Chegou então o momento da prova. Cheguei cedo à Av. João Pessoa, sede do prédio da Tribuna e local da largada. Muita gente como sempre, mas como cheguei cedo consegui um bom lugar pra largada. Uma bola enorme da Tribuna ficou ali na região de largada permitindo um momento de descontração para os atletas enquanto esperavam a sirene.
E enfim a prova começou. Parti com a estratégia de tentar fazer 4:50/km no início para construir uma certa margem. Completei o primeiro quilômetro, logo na saída do túnel, com exatos 5 minutos de prova (talvez 1 ou 2 segundos a menos). Tudo bem, no começo sempre é necessário desviar de outros atletas, fazer algumas ultrapassagens, é normal perder um pouco de tempo. Mas percebi que consegui lidar muito melhor com esse tipo de situação do que na maioria das vezes. Segui focado na minha corrida e ao cruzar o km2, já na virada da Av. Ana Costa, estava com 9:50 de prova. Peguei água no primeiro posto, mesmo que estivesse uma manhã fria e a água estivesse gelada. Mas se tem uma lição que aprendi nas maratonas que participei foi a de como me hidratar corretamente. Tanto que nem perdi tempo com isso. No km3 eu consegui melhorar mais o tempo, e passei com 14:45. Mas por outro lado senti que estava puxando demais. Virei na Francisco Glicério e no cruzamento com o canal 3 veio o km4. Desta vez não peguei água, e senti que o ritmo havia mesmo piorado: 19:50. Ainda tinha uma certa margem, mas não dava pra vacilar. Quando pensava em aumentar o ritmo, lembrava que ainda tinha muita corrida pela frente e precisava maneirar. E no km5, metade da prova, na Av. Afonso Pena, passei com 25:03.
"Droga!" Foi o que me veio à mente. Ia ter que fazer uma segunda metade mais forte que a primeira. E eu não achava que estava sobrando na prova desse jeito. Muito pelo contrário. Achei que não ia dar, mas pelo menos tinha condições de melhorar meu recorde pessoal. Continuei focado na minha corrida, naquilo que eu deveria fazer. Tão focado que peguei a água no posto do km6 e nem lembrei de olhar no relógio para ver meu tempo. Mas no km7, já no Canal 5, veio a confirmação de que eu estava cansando: 35:30. Trinta segundos acima do tempo meta, e faltando 3 quilômetros. Diferença muito grande para buscar no final. Nesse momento que tive a certeza de que a meta dos 50 minutos não seria alcançada dessa vez.
Virei para o trecho final na praia, bem ali onde está a marca do km8, com 40:30. Pelo menos havia recuperado o ritmo. E na praia, com o calor humano trazido pelo público que sempre acompanha a prova, é que vem aquela energia a mais. Como eu já estava bem cansado e era muito difícil realizar ultrapassagens, o resultado foi que esse fôlego a mais serviu para me manter no mesmo ritmo, tendo passado pelo km9 com 45:30 e pelo km9,5 (sim, a prova da Tribuna tem essa marcação) com 48:00. Quando avistei a linha de chegada soltei todo o gás que tinha e parti para um sprint final enlouquecido: terminei a prova com 50min15seg! Acima do tempo meta, mas o suficiente para estabelecer um novo recorde pessoal!
Qual foi a sensação? Basta ver a foto. Felicidade, claro. Por voltar a correr em Santos. Por voltar a participar desse baita evento que é a prova da Tribuna. Mesmo já sendo essa a minha sexta participação no evento, mesmo já tendo passado por desafios muito maiores, a sensação de terminar é sensacional. Realmente, essa é uma prova diferenciada. Não sei se por ser em Santos, cidade onde nasci. Ou se pela organização que a meu ver foi impecável dessa vez. Ou se pelo forte apelo popular da corrida. Ou se pelo percurso que é muito rápido e muito bonito. Ou se é por tudo isso ao mesmo tempo. Mas fato é que mesmo tendo participado de muitas outras corridas por aí, posso afirmar que essa é sem sombras de dúvidas uma das melhores corridas de rua do Brasil.
Tem outra coisa muito legal a relatar sobre a edição deste ano. Como já explicado, a prova é organizada pela Tribuna, veículo de comunicação compreendido por um canal de tv, uma rádio e um jornal impresso. Como não poderia deixar de ser, a edição do jornal impresso no dia seguinte traz a corrida como um dos principais destaques. Pois veja você como foi a capa da edição desse ano. É possível reconhecer alguém no canto inferior esquerdo?
Para fechar, como sempre, a foto da medalha. Não foi dessa vez que fiquei abaixo dos 50 minutos. Mas valeu. Tenho uma boa desculpa para voltar a correr na Tribuna numa próxima oportunidade :)
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