domingo, 23 de maio de 2010

Um sonho realizado: São Silvestre 2008

Desde pequeno que no dia 31 de dezembro acompanho a Corrida de São Silvestre. Até me lembro de quando eu era bem pequeno que a corrida ainda era disputada à noite (mas naquela época eu não ficava assistindo). Foram muitas tardes de 31 de dezembro acompanhando a corrida. Vendo pela tv não é tão emocionante assim, embora seja bem interessante ver o centro de São Paulo. Foram tantas as vezes que olhei que praticamente já sabia de cor todo o percurso. E quando pequeno eu sempre dizia: um dia ainda vou correr na São Silvestre!

Pois é, esse dia chegou. 31 de dezembro de 2008, Av. Paulista em São Paulo, 16h52min. Era dada a largada para 20 mil atletas na 84a. edição da Corrida de São Silvestre. E eu era um destes 20 mil. Não era minha primeira corrida, mas minha primeira participação na São Silvestre. Fico surpreso com a falta de organização no começo. Qualquer um podia entrar ali e largar e participar da corrida, mesmo que não ganhasse medalha depois. Muita gente ali no meio com certeza só com a intenção de aparecer na tv. Na largada a muvuca era grande. Não havia espaço para correr antes do cruzamento do tapete de largada. E mesmo depois disso, muita gente andando bem devagar, atrapalhando quem queria já começar imprimindo um ritmo. Pior: muita gente com faixas, só passeando. Como já era de se esperar. Muitos me falaram para dar um tchauzinho para as câmeras, mas a aglomeração era tanta onde havia uma câmera que acaba abrindo um corredor, pelo qual eu obviamente escolhia seguir.

Na Av. Paulista, como era de se esperar, muita gente acompanhando a corrida. Viro na Consolação e vejo que ainda tem muita gente assistindo. Nesse momento, ao contemplar toda a extensão da descida da Consolação, consigo ver melhor o que se passava: milhares de pessoas correndo com camisas das mais variadas cores, formando um belíssimo espetáculo visual, desses que fazem a gente ter certeza que corrida de rua é mesmo um barato. Chego na Ipiranga e depois ao Minhocão. Obviamente que em cima do viaduto não havia ninguém, pois todo o espaço era fechado aos corredores. Mas nos prédios vizinhos era enorme a quantidade de pessoas nas janelas acenando, soltando rojões, balançando bandeiras dos times de futebol da cidade de São Paulo, e é claro incentivando os atletas. Passado esse trecho chego à Av. Pacaembu e ao passar por um viaduto tomo um pouco de água e como um carboidrato em gel. Continuo pelas outras avenidas do centro, até o início da Av. Rio Branco, no km 10.

Nesse ponto eu já estava me sentindo cansado, pois haviam sido muitas as subidas e descidas, e pela falta de experiência (principalmente na largada), acabei forçando mais do que meu ritmo habitual. Basta ver que passei pelo km 10 com 59 minutos de corrida, e na prova plana da Tribuna em Santos em havia completado 10km em 1 hora. Decido afrouxar um pouco o ritmo, e continuo firme e forte pela Av. Rio Branco. Nesse ponto já vejo muitas pessoas caminhando, desistindo da corrida. Chamou-me a atenção um grupo de 4 amigos que estavam à beira da avenida vendo a corrida, cada qual com uma garrafa de cerveja na mão, e ficavam sempre brindando ao verem alguém cansado passar. Fiquei me perguntando se aquilo era inveja dos que tanto treinaram o ano todo, abriram mão de tanta coisa, e agora estavam ali participando da grande festa.

Começo a me preocupar se vou ter forças para a subida. Passo pela Praça Ramos de Azevedo, onde fica o Teatro Municipal, e depois pelo Viaduto do Chá. Nesse ponto olho para os lados e vejo, além da paisagem de metrópole com enormes prédios, nuvens muito negras. Fico pensando que ainda faltavam 3 km de subida e viria chuva no final. Contorno o Largo do Paissandú e eis que começa a tão famosa av. Brigadeiro Luiz Antonio.

Durante a subida aumenta a cada trecho o número de pessoas desistindo. Nesse ponto é muito grande a quantidade de gente incentivando para que ninguém páre de correr. Cansado, já nem consigo olhar para a frente, só olho para o chão. Mas em nenhum momento penso em parar para descansar. Vou subindo firme e forte, mesmo que devagar. Ao passar pelo km 14 tiro novas forças, pois era a certeza que estava acabando. Então vejo os prédios e os postes da Paulista, e a subida acaba. Era o fim! Dobro a esquina e vejo a linha de chegada lá na frente. A alegria era tão grande por saber que faltava pouco que esqueço todas as dores e ainda consigo tirar fôlego para dar um sprint final. Era a glória!

Terminei a corrida com 1h34m43s; chegando em 8795º lugar na corrida vencida pelo queniano James Kipsang. Mas cheguei! Não é nenhum tempo excepcional, mesmo para quem corre como lazer. Além disso, fiquei muito cansado com a prova. Após terminar, pegar o kit, voltar pra casa, tomar banho e comer, já eram 22hs e eu queria era dormir. Só fiquei acordado até meia-noite porque era Reveillon. Mas quando era 0h10 eu já estava na cama, hibernando até o meio-dia do dia 1 de janeiro.

De qualquer forma, o simples fato de ter participado da corrida, cruzado a linha de chegada e trazido a medalhinha para casa já foi mais que o suficiente para mim. Foi sem dúvida um dos dias mais felizes da minha vida. O sonho de criança estava finalmente realizado.

Um comentário:

  1. Nossa...imagino oq deve ter sentido qdo terminou a brigadeiro e entrou na paulista!!! rsrs
    Um dia eu chego lá!! hehe
    PReciso treinar mtooo ainda...=)

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