
A prova também tinha a organização da Yescom. Por esse motivo não tive surpresas, afinal é a mesma empresa que fez a São Silvestre e a Pampulha. Os brindes no kit eram novamente dos mesmos colaboradores. Achei a camiseta azul marinho da prova muito bonita, talvez a mais bonita da minha "coleção" de camisetas de corrida. Gostei também de uma inovação que eles adotaram: no ato da inscrição você devia dizer qual o seu tempo de prova pretendido. Eram 4 faixas de tempo possíveis. E dependendo da faixa que você escolhesse, ganhava uma pulseira com uma cor equivalente a uma das 4 áreas de largada. Os atletas mais rápidos largavam na frente e os mais lentos atrás. Foi uma estratégia bastante inteligente, principalmente porque o pessoal soube respeitar a área destinada. Por este motivo, foi a largada menos tumultuada da qual participei; ainda que estivessem ali quase 10 mil corredores.
A largada e a chegada se deram na Praça Charles Miller, bem em frente ao Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho, vulgo Pacaembu. Na verdade eram 2 corridas em uma só: uma de 10km, que contou também com a presença do Secretário dos Esportes da cidade de São Paulo, e a meia de 21km. Pra falar a verdade, pouco mais da metade dos inscritos estavam participando da prova de 10km.
Logo na descida da Av. Pacaembu encontrei o Adriano, um amigo corredor bem mais experiente do que eu. Corri junto com ele no começo, até o primeiro posto de água no qual ele pegou um copo pra mim. Nessa hora senti aquilo que costumamos ver na tv: atletas do pelotão de frente que pegam água para o companheiro ao lado para que ele não se desconcentre. Mas claro que o ritmo dele era muito mais forte, e logo ao subir no Minhocão ele se distanciou.
Como o Adriano mesmo disse, aquele ali era um dos trechos mais inspiradores da Corrida de São Silvestre. Realmente, no Minhocão era imensa a quantidade de pessoas nas janelas dos prédios vizinhos ao Elevado, saudando e incentivando os atletas. Mas na manhã daquele domingo não havia nada de mais. Praticamente ninguém acompanhava a Meia Maratona. Talvez pelo horário (a largada foi às 8hs da manhã de domingo), ou pela prova que é definitivamente menos famosa.
No final do Minhocão, quando a prova já chegava ao km 6, havia a separação entre os que iam pra prova de 10k e os que iam pra Meia Maratona. Desci o Minhocão por uma alça de acesso e segui para o centro da cidade. Cruzei o km 7 na Av. Duque de Caxias com 38 minutos de prova. Mas diferente da prova da Pampulha, aqui a meta era apenas terminar, nem que levasse 3 horas para fazê-lo. Comecei a sentir que o tênis incomodava, e por isso decidi diminuir o ritmo. Possivelmente uma bolha estava se formando.
Achei um barato passar pela Praça Princesa Isabel, na qual encontra-se uma majestosa estátua do Duque de Caxias, e que fica no cruzamento das avenidas Barão do Rio Branco e da Duque de Caxias. Na São Silvestre encontrei essa estátua enquanto atravessava a Barão do Rio Branco. E desta vez, na Duque de Caxias, encontrava novamente a mesma estátua.
Mais à frente estava a Estação Júlio Prestes, na qual se encontra a belíssima Sala São Paulo. Para quem nunca foi, recomendo que visite este lugar. É um ponto turístico bastante interessante da cidade de São Paulo. É também a casa da OSESP, a principal Orquestra Sinfônica do nosso Brasil. Novamente cabe aqui uma comparação com a São Silvestre: se a Meia passa na frente da Estação Júlio Prestes, a São Silvestre passa em frente ao Teatro Municipal na Praça Ramos de Azevedo.
Contornando a estação e as ruas em volta eu já passava da metade da corrida. Chegava a hora de tomar o carboidrato em gel para repor algumas energias. Vale lembrar que desta vez não tomei Gatorade antes da corrida e consegui dosar bem a quantidade de água que deveria tomar durante a prova, de forma que felizmente não tive problemas com hidratação desta vez.
Só que desta vez o drama foi outro: minhas suspeitas se confirmaram, e já no km 11 eu podia sentir claramente que uma bolha havia se formado na sola do meu pé esquerdo. Faltavam ainda cerca de 10km, a distância de uma prova como a da Tribuna. Era muito chão. E isso numa prova parecida com a São Silvestre, cheia de subidas e descidas. Mesmo com dor resolvi continuar. Até porque estava na mesma condição da Pampulha, não tinha como parar por ali.
A corrida continuou pela Av. Marquês de São Vicente. Nesse momento agradeci pelo fato de a largada ter sido às 8 horas. Já eram 9 horas nesse ponto e fazia muito sol. Felizmente ali já faltavam apenas 8 km para terminar a prova. Realmente, encarar a Meia Maratona inteira debaixo daquele sol escaldante de março teria sido muito mais difícil. Passando por esse trecho eu vi novamente como essa prova não era nada comparada à São Silvestre, pelo menos no quesito apoio popular: vi pessoas passeando pelas ruas, fazendo compras, e aparentemente incomodadas pelo fato de que uma corrida de rua estava acontecendo ali.
A seguir veio a segunda volta no Minhocão. E as dores no pé se intensificaram. Pelo jeito uma segunda bolha estava em formação, desta vez no pé direito. Será que o asfalto bastante desgastado do Minhocão tinha alguma coisa a ver? Possivelmente, mas posteriormente descobri que o principal motivo de formação das minhas bolhas eram as meias, que muito embora fossem específicas para corridas já estavam bastante gastas.
Em toda Corrida de Rua existem fotógrafos tirando fotos da galera. E desta vez eles estavam posicionados no Minhocão, tirando fotos com o prédio do Banespa ao fundo. Isso na altura do km 17. Não tive dúvidas e fiz uma baita pose para a foto, além de soltar um sonoro grito de felicidade. Achei a foto tão legal que resolvi comprá-la. Infelizmente não possuo o direito de postá-la aqui no blog devido ao termo de compromisso adotado pela empresa responsável pelos fotógrafos. Mas fica aqui um link para quem quiser ver: http://www.webrun.com.br/fotos/commerceft/produto/mostra/idProduto/4626498?mdireito=nao
Pouco depois saí do Minhocão e ganhei novamente a Av. Pacaembu. Os últimos 2 km rumo ao estádio foram interessantes. Apesar de já ter corrido 19 km eu não me sentia extremamente cansado. Mas também não tinha mais forças para aumentar o ritmo no final. Mantive a mesma velocidade, e só consegui impor um sprint final já na Praça Charles Miller. Na saída, ganhei um Gatorade, uma maça e uma barrinha de cereal para recuperar as energias.
O tempo final foi de 2 horas, 2 minutos e 11 segundos. Uma velocidade de 10.3 km/h. Mas o importante mesmo foi ter terminado essa corrida, e sem tomar nenhum susto como havia sido na Pampulha. Agora sim eu me sentia realmente vitorioso em uma prova mais longa. Isso sem falar nas bolhas que "ganhei" nessa corrida. E um sinal de que talvez seja sim possível terminar uma Maratona. Mas a Maratona de São Paulo estava muito próxima, e eu sabia que devido a outros compromissos eu não conseguiria aumentar o ritmo de treinos até lá. Por enquanto vou ficar mesmo nas provas de 10km e Meia Maratonas.
Mas quem sabe no ano que vem não participo da Maratona de São Paulo?
