domingo, 7 de novembro de 2010

Minha primeira corrida noturna: Oscar Running Night

Um belo dia, estava eu em casa sem fazer nada e passando os canais, deparei-me com o programa "Vamos Correr" do canal ESPN Brasil. Trata-se de um programa de meia hora sobre corridas de rua, no qual eles realizam algumas reportagens sobre treinos e outras com a cobertura de eventos. Naquele dia, o programa fazia uma reportagem sobre a Fila Night Run do Rio de Janeiro, com chegada na praia (Copacabana talvez, não lembro). Aquela reportagem aguçou-me a curiosidade de participar de uma prova noturna.

Cheguei a trocar ideias com pessoas que haviam corrido a Fila Night Run de São Paulo e que haviam gostado bastante. Ouvi prós e contras. Prós que de noite você cansa menos e consegue imprimir um ritmo mais forte do que numa prova diurna. E contras que pelo fato da visão ficar mais comprometida, é grande a chance de se envolver em algum acidente e se machucar.

Abro agora um pequeno parênteses com relação às corridas noturnas. Mas devo salientar que em junho deste ano fiquei bastante desapontado de não poder participar da Unimed Run 10km em São José dos Campos-SP. Pelo que ouvi dizer, a corrida foi considerada em 2009 como a mais bem organizada prova de 10km do Brasil. E o percurso da prova de 2010 foi modificado, permitindo que os atletas corressem por várias ruas dos bairros Colinas, Esplanada e Vila Ema de São José dos Campos. No entanto, uma virose contraída 2 dias antes da prova fez com que eu desistisse do evento. Um ponto interessante é que estas duas provas, Unimed Run e Oscar Running Night, possuem exatamente o mesmo percurso. E ambas organizadas pela mesma empresa de marketing esportivo (a Avatar). Logo, além de uma experiência noturna, esta corrida apresentou-se como uma excelente oportunidade de realizar uma prova equivalente à que havia perdido em junho.

Eram três provas em uma só: uma caminhada de 5km e corridas de 5km e 10km. Um total de 2.500 participantes. A Avenida Jorge Zarur, logo em frente ao Shopping Colinas, foi o palco da largada e da chegada. A noite estava realmente agradável, com uma brisa fresca e a sensação de que o tempo era ideal para correr. Encontrei diversos membros da equipe de corrida do Pão de Açúcar na concentração antes da largada. Alguns iam pra 5km e outros pra 10km.

A largada transcorreu dentro do esperado, mas com bastante muvuca. Gente mais devagar querendo largar lá na frente, gente mais rápida saindo lá de trás e no primeiro quilômetro parece que cada um ainda está procurando seu espaço. Percebi que estava conseguindo fazer um ritmo bom e aparentemente sustentável: passei pelo km 2 com 9m45s de prova. Já estava até vislumbrando a possibilidade de quebrar meu recorde em provas de 10km, que é de 50m51s.

Mas o recorde morreu ladeira acima. O km 3 da corrida era dotado de subidas enormes. Eram duas subidas bastante íngremes passando por ruas do bairro Jardim Esplanada. Muita gente nas ruas estava incentivando este que foi sem dúvida o trecho mais demandante da prova. Obviamente não consegui manter o mesmo ritmo, e a subida acabou cobrando seu preço: não consegui mais manter o mesmo ritmo ao longo da prova. Mas ainda assim, mantive um passo forte.

Acabei por pegar água em apenas um posto de distribuição, no km 5. Na segunda metade da corrida dei-me conta de um grande erro da organização. Em várias avenidas da cidade o trânsito não foi fechado para a corrida. Apenas 1 ou 2 faixas para os corredores, e o resto para os carros. As vias de acesso também estavam livres. E o trajeto ia fazendo curvas, atravessando cruzamentos, e em diversos trechos o trânsito ficou paralizado para a corrida passar. Dada a surpresa e a raiva de muitos motoristas, e também ao fato de eu não ter visto uma única faixa sequer da prefeitura anunciando que aquela via estaria interditada para a corrida naquele horário (como pude perceber em Santos, São Paulo e Belo Horizonte), imaginei que além do esquema de isolamento não ter sido bem-feito, a corrida também foi muito mal divulgada. Se na prova do Unimed esse problema talvez não tenha aparecido por ter acontecido em uma fria manhã de domingo de inverno, o mesmo não se pode dizer de uma agradável noite de sábado de primavera na qual todos querem sair à rua.

Conforme eu prosseguia no percurso, o trânsito parecia cada vez mais grave. Na altura do km 8, já na Avenida Anchieta, o que eu via era uma fila interminável de carros no outro sentido da avenida. Pelo menos a visão do banhado à noite com as luzes ao longe compensava. Também por ali, já no final da avenida e no começo de uma enorme descida, uma escola de samba animava o final da prova com sua bateria.

Na descida os percursos de 5km e 10km se juntavam novamente. Cones no meio da pista separavam o pessoal da caminhada do pessoal da corrida. Mas como no resto do percurso os cones vinham separando o pessoal da corrida dos carros, fiquei bastante confuso no começo e quase "atropelei" sem querer alguns caminhantes. Também não havia ninguém da organização avisando para os corredores manterem à esquerda. Apenas na reta final, avistando o pórtico de chegada, a organização mandou separar corredores e caminhantes de 5km dos participantes de 10km. Cruzei a linha de chegada com 54 minutos exatos.

Apesar dos pesares, foi uma experiência diferente e divertida. E novamente reencontrei os colegas da corrida de revezamento na chegada. Segue abaixo uma foto minha com os colegas Turetta, Alana, Maria Tereza, Marcelo, Stefan e Patrícia. Logo a seguir, como de praxe, uma foto da medalha.



quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Trabalho em equipe: 18a. Maratona de Revezamento Pão-de-açúcar

Desde que comecei a correr encarava o esporte como algo individual. Aproveitava os momentos em que estava correndo para estar em paz comigo mesmo, fazendo reflexões a respeito da minha vida. Minhas metas sempre foram melhorar com relação a mim mesmo. Sempre conversava com amigos que também corriam a respeito de corridas. Muitas vezes pedia dicas com relação a isotônicos, carboidratos, provas bacanas para se correr, entre outras coisas. E de vez em quando, na verdade raramente, acabava por ir correr junto com algum colega. Não que eu não gostasse da companhia de outras pessoas, muito pelo contrário. A questão era simplesmente a vontade de realizar minha própria programação de treinos, baseada apenas nas minhas metas de tempo e distância, e que dificilmente coincidiam com as metas de outras pessoas.

Na verdade pouco disso mudou, mas este ano acabei por conhecer no local onde trabalho diversas pessoas que também gostavam de correr. No horário de almoço volta e meia conversávamos a respeito de corridas. Foi nessa época, tendo contato diário com essas pessoas, que resolvi começar a escrever este blog. Quando participei da corrida da Tribuna em maio deste ano, todos haviam participado de uma outra prova realizada no mesmo dia. Havia sido o assunto da semana. Eis que um dos colegas sugeriu: por que não montamos uma equipe para correr a Maratona do Pão-de-Açúcar?

Trata-se de uma corrida de revezamento, talvez a mais famosa do Brasil e sem dúvida alguma a maior em número de participantes. As equipes percorrem a distância de uma maratona, ou seja, 42 quilômetros. Mas podem se dividir em duplas, quartetos e octetos. No caso, decidimos montar um octeto devido ao número de pessoas interessadas em participar e ao fato de que nem todos se sentiam preparados para correr 10,5 km. Fomos então para correr 5,25 km cada um (na verdade o primeiro corre uma distância um pouco maior e o último um pouco menor), o que achei excelente ideia visto que 1 semana antes eu correria a Meia Maratona da Praia Grande.

Justamente pelo fato de encarar uma Meia Maratona na semana anterior que acabei não tendo tempo de me preparar para fazer essa prova. São dois tipos de treino bastante diferentes. Nos treinos para a Meia Maratona o importante é manter um ritmo moderado e aguentar a distância. Já nos treinos para corridas de apenas 5 km pode-se forçar mais o ritmo, e a meta passa a ser o tempo.

Seja como for, o importante no dia não era realizar uma marca pessoal. O importante mesmo era a confraternização com as outras pessoas. Cheguei cedo ao Parque do Ibirapuera, local da prova. A largada estava prevista para as 7 horas da manhã, e eu já seria o segundo da minha equipe a cair no asfalto. A espera na Avenida Rubem Berta não foi muito longa, visto que o colega antes de mim corria em ritmo bem forte. Achei ruim apenas a muvuca provocada pelas pessoas que ficavam esperando seus companheiros de equipe, mas algo completamente normal e inevitável nesse tipo de competição.

Consegui fazer a minha parte do percurso em 28 minutos. Na verdade o trecho não era lá essas coisas: corri por trechos das Avenidas Rubem Berta e 23 de Maio, passando em frente à Assembléia Legislativa, e depois entrei no Parque do Ibirapuera onde realizei a troca. Aliás, o colega que abriu nosso revezamento continuou correndo ao meu lado, e fomos conversando um pouco durante o trajeto.

Poderia ter feito um tempo melhor? Poderia. Mas como já disse, o bacana do dia era estar ali, com os colegas fora do ambiente de trabalho fazendo algo em comum, dividindo momentos especiais. No final das contas fizemos nossa prova em 3 horas e 49 minutos. Um tempo muito bom a meu ver. Longe claro de disputarmos a vitória na corrida, o que nem era nosso objetivo. Mas todos se empenharam bastante em buscar o melhor de si.


Segue abaixo uma foto de alguns dos membros da nossa equipe. Obrigado a toda a equipe: Maitê, Stefan, Anderson, Paulo Henrique, Turetta e também ao casal Lucas e Isabel que não estão na foto. Grande abraço a todos.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Contra o sol: Meia Maratona da Praia Grande

No início do ano eu estava determinado a participar da Meia Maratona do Rio de Janeiro e dar continuidade ao meu projeto "Conheça o Brasil correndo". Mas um compromisso inadiável no final de semana desta corrida obrigou-me a mudar de planos. Então pensei na Meia Maratona da Praia Grande. É uma prova plana e ao nível do mar, tal qual no Rio de Janeiro. Além do mais, eu já visitei o Rio mais de uma vez nos últimos anos; mas não ia à Praia Grande há pelo menos uma década. Considerando que a prova contava com a organização do pessoal da Tribuna, os mesmos que fazem a prova dos 10km em Santos, achei que não teria erro e fui lá me inscrever. Devido a fatores eu não consegui realizar uma boa preparação e nem pretendia utilizar essa prova para melhorar a marca da Meia Maratona de São Paulo. O objetivo aqui era simplesmente terminar.

Quando cheguei em Santos na sexta-feira e peguei meu kit, fiquei um pouco surpreso. A camiseta da corrida cor de vinho era realmente muito bonita. A sacolinha também era charmosa. Mas além disso, o kit contava apenas com o número do peito e o chip. Nenhum brindezinho sequer por parte dos patrocinadores. Aliás, se em outras corridas como os 10 km da Tribuna e a São Silvestre a parte detrás da camiseta ficava parecendo um caderno de classificados de tanto anúncio que aparecia, desta vez os únicos apoiadores eram o pessoal envolvido na organização.

No domingo, dia da prova, fazia uma bela manhã de sol, o que me fez pensar em passar protetor solar pra não torrar durante a prova. Até porque eu já imaginava que não encontraria árvores e sombras ao longo do percurso. Seja como for, na viagem até chegar ao local da largada pude perceber alguns lugares abandonados na cidade, como o aeroclube por exemplo, levando à constatação de que a Praia Grande deve ser um lugar bem pacato na baixa estação.

Achei um tanto confuso o isolamento que a organização realizou e precisei dar uma volta considerável para entrar na área de largada. A aglomeração nessa zona foi normal e dentro do esperado, sem muita muvuca. Afinal eram apenas 3100 participantes. A dispersão foi bem rápida por sinal. E percebi que o pessoal estava se contendo um pouco, talvez porque a prova era de tiro longo.

O percurso não era dos mais inspiradores. Pode ser aproximado por um retângulo, com duas retas aparentemente intermináveis de 10km de extensão. Pouco após a largada, já no km 2, vi algumas pessoas desistindo. Realmente, dado este percurso não é lá muito recomendável desistir pelo km 10. Não me preocupei muito com o tempo, afinal eu sabia que não estava 100% fisicamente. Mas no primeiro trecho da prova até que consegui manter um ritmo bom e completei o km 10 com 59 minutos de corrida.

Mas logo depois disso entrei na praia e dei de cara com o sol. Meu primeiro pensamento foi de que seria realmente dureza aguentar mais 10km debaixo daquele sol. Cheguei até a me xingar por não ter percebido antes que a volta seria contra o sol, afinal de contas na ida o sol estava atrás de mim. De qualquer forma, não havia outra escolha senão correr o restante do percurso.

Aproveitei para apreciar um pouco a orla. Não é lá que nem os jardins de Santos, mas até que o local é bem ajeitadinho. Eventualmente algum prédio mais alto fazia uma sombra e eu tentava aproveitar. Peguei água em todos os postos disponíveis, mas na maior parte das vezes eu não bebia: tentava refrescar o corpo. Isso não adiantou muita coisa e meu ritmo foi caindo a cada km percorrido. Consumi dois carboidratos em gel para reposição de energias, um no km 9 e outro no km 15, mas de pouco adiantaram. Lá pelo km 18 eu já estava sem pernas.

Na metade final do trecho da praia, não sei precisar exatamente em quais quilômetros, aconteceram as duas coisas mais desagradáveis pelas quais já passei em corridas de rua. A primeira foi que duas patricinhas estavam tentando entrar no local de prova com seu carro, pois o apartamento delas ficava logo ali naquela quadra. Quando passei pela esquina na qual elas tentavam furar o bloqueio, a moça da organização dizia a elas que não podiam entrar, teriam que esperar a prova terminar. Pouco depois vejo que tem um carro colado atrás de mim, "empurrando-me" pois queriam chegar logo. Uma imensa falta de respeito com quem pagou a inscrição da corrida e queria que no mínimo a área se mantivesse isolada para a prática de esportes. Certamente o evento havia sido anunciado na cidade e certamente não se tratava de nenhuma emergência. Ponto negativo pra organização.

O outro ponto que me chateou um pouco foi a atitude de algumas pessoas do público. Em mais de um trecho da prova vi pessoas que, ao invés de incentivarem quem estava correndo, ficavam tirando sarro. Sim, já era o final da prova e meu gás havia acabado. Não era definitivamente o momento mais brilhante da minha carreira de corredor, mas acho que isso não é motivo para que as pessoas que não têm mais o que fazer fiquem rindo da minha cara e fazendo piadinhas de mau gosto. Sinceramente, se não quer correr e não quer apoiar quem está correndo, então que vá fazer outra coisa. Era uma linda manhã de domingo de sol e a praia estava logo ali, então porque se dar ao trabalho de ficar azucrinando os que estavam ali se esforçando? Olha, para essas pessoas eu só digo uma coisa: tenho muita pena de vocês.

Mas esses malas foram felizmente pequenas excessões à regra. Quando saí da praia e comecei o retorno à região da largada comecei a perceber mais gente incentivando de verdade. Dada a proximidade das eleições, tinha muita gente com bandeiras e faixas de candidatos, e alguns garotos ainda ficavam gritando o nome de um candidato local. Sem querer parecer clichê, mas esse apoio do público no final foi realmente um incentivo para encontrar algumas energias a mais e terminar a prova. No final encontrei meu pai e minha namorada que foram até lá para me receberem. Também encontrei o Adriano, um colega do trabalho que também corre. A eles também agradeço todo o apoio que recebi nesse dia.

Fiz em 2 horas e 9 minutos, mais lento do que as 2 horas e 2 minutos da Meia em São Paulo. Se na capital paulista o percurso apresentava muitas subidas, descidas e trechos de asfalto irregular, na Praia Grande o forte sol escaldante foi um grande empecilho. Mas a verdade é que eu realmente estava muito melhor preparado para a prova de São Paulo. Se eu quiser correr a Maratona de São Paulo em 2011 (e eu quero), ainda tenho muito o que treinar.

Fica a lição de que para correr nessas condições deve-se providenciar um boné.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Paixão pelas corridas: 10km da Tribuna 2010


Quem lê este blog desde o primeiro post já deve ter percebido que essa é a minha prova favorita. Foi a primeira corrida que participei, a primeira que repeti a dose, e no ano em que a prova completava 25 anos de existência eu definitivamente não poderia ficar de fora. Ainda mais por ser na cidade de Santos, local onde nasci e morei até atingir a maioridade; e para a qual sempre gosto de voltar.

Devido ao aniversário da prova, este edição foi especial. Logo quando peguei o kit já senti a diferença: ele veio embalado em uma sacola de pano muito útil. A camiseta laranja também estava muito bonita. Ganhei uma garrafinha de água em "formato ergonômico": ela tem um buraco no meio, ideal para você segurá-la com uma mão enquanto está correndo. Mas o melhor do kit, na minha opinião, foi a revista comemorativa. As reportagens contavam a história da prova, a criação e evolução do evento em número de participantes, estatísticas da premiação, entrevista com o prefeito, entrevista com o Marílson (maior vencedor da prova e atual campeão), fotos de edições anteriores, além de uma matéria pra lá de interessante com alguns atletas amadores que já participaram diversas vezes da competição. A que mais me chamou a atenção foi a do Cabo Silva, que correu na primeira edição da prova e continua participando até hoje, com 81 anos de vida.

Uma novidade que eles usaram na prova foi a divisão da área amadora por zonas de tempo. No ato da inscrição você deveria informar se o seu tempo de prova estimado estava abaixo ou acima de 1 hora; e dependendo desta informação você ganhava uma pulseira azul ou vermelha. Na hora de se posicionar para a largada, os fiscais verificavam se todos estavam entrando com chip e com a pulseira para a área correta. Não chega a ser uma inovação pois isso já havia sido feito na Meia Maratona de São Paulo; mas com certeza ajudou a organizar a bagunça da largada.

Quando me posicionei para a largada fiquei ao lado de um cara que estava com mochila. Resolvi puxar papo, e perguntei se ele ia correr com aquela mochila pesada. Ele disse que gostava mesmo era de corrida de aventura, no meio da mata. E que nessas ocasiões a mochila é imprescendível, por isso que sempre corria com ela. Estava ali encarando a prova da Tribuna como "treinamento". Ele mostrou que carregava frutas e um litro de isotônico lá dentro. Seu nome era Fernando. Certamente uma figura marcante.

Veio então a largada para os 15 mil atletas, com direito a balões de gás Hélio coloridos soltos no céu e rojões, como não poderia deixar de ser. A largada foi mais tranquila, com muita gente rápida imprimindo ritmo forte logo no começo. Consegui me segurar e manter meu ritmo. Logo após a primeira curva, tomei o túnel da direita por estar mais vazio, ao contrário dos anos anteriores. Na chegada à Av. Ana Costa peguei um copinho de água apenas para molhar a boca. O resto joguei no rosto para refrescar. Em alguns dos outros postos de hidratação repeti o gesto, de forma que em nenhum momento me senti pesado ou precisando de hidratação.

Ao final da Ana Costa, virando na Av. Francisco Glicério, pouco antes do km 4 da prova, vi minha ex-professora de Química no colegial no meio do público que acompanhava a prova. Gritei seu nome, acenei e ela devolveu o gesto. Realmente muito legal.

A prova seguiu como sempre. Gostei bastante de ver novamente a bandinha tocando perto do km 6. Aliás, nessas alturas da corrida duas coisas me chamaram a atenção no público. Uma delas foi algumas pessoas segurando uma faixa escrito "Vote em Branco", fazendo uma alusão às eleições gerais desse ano. A outra foi que em dois pontos diferentes encontrei pessoas vestindo a camisa da seleção espanhola de futebol. Um dos caras estava até com uma bandeira da Espanha. Um sinal de que eles realmente estavam confiantes para a Copa do Mundo. Havia também muitas bandeiras e camisas do Brasil e do Santos, que vivia um grande momento na final do campeonato paulista na época; mas camisas e bandeiras da Espanha foi algo realmente surpreendente.

Na chegada ao canal 5 novamente encontrei o chuveiro da Sabesp, no qual aproveitei para me refrescar. A seguir veio o trecho da praia, que é o Grand Finale. Sim, porque é nesse trecho que o público é maior, que a paisagem fica mais bonita e que, apesar da dor e do cansaço, você tira energias para correr ainda mais e completar a prova.

No ano anterior eu havia completado com o tempo de 50 min 49 seg; uma melhora significativa para os 59 min 54 seg de 2008. Dessa vez eu sabia que não estava tão bem quanto em 2009 e que não melhoraria a marca. Foram muitos problemas nos treinos, muita falta de ritmo. Nos meus treinos a melhor marca havia sido 57 min; de forma que eu esperava fazer algo em torno de 55 min. O tempo de 52 min 36 seg pra mim foi uma surpresa muito agradável. Foi pouco acima da melhor marca, e muito abaixo do que eu esperava. Uma prova de que no dia da corrida, com o apoio do público e o calor da competição, a gente realmente se supera.

E o melhor de tudo foi encontrar minha família me esperando na chegada. Todos muito felizes, assim como eu. É nessas horas que a gente percebe que correr é algo realmente apaixonante. Espero ainda participar da prova da Tribuna por muitos e muitos anos. Como já é de praxe, deixo aqui a foto da medalha desta edição.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Recuperando a confiança: Meia Maratona de São Paulo 2010

Passado o susto da corrida da Pampulha decidi que precisava participar de uma outra prova semelhante. E a Meia Maratona de São Paulo, realizada no dia 7 de março de 2010, era uma excelente oportunidade. Serviria também como um incentivo para começar a pensar em completar minha primeira maratona. Então lá fui eu!

A prova também tinha a organização da Yescom. Por esse motivo não tive surpresas, afinal é a mesma empresa que fez a São Silvestre e a Pampulha. Os brindes no kit eram novamente dos mesmos colaboradores. Achei a camiseta azul marinho da prova muito bonita, talvez a mais bonita da minha "coleção" de camisetas de corrida. Gostei também de uma inovação que eles adotaram: no ato da inscrição você devia dizer qual o seu tempo de prova pretendido. Eram 4 faixas de tempo possíveis. E dependendo da faixa que você escolhesse, ganhava uma pulseira com uma cor equivalente a uma das 4 áreas de largada. Os atletas mais rápidos largavam na frente e os mais lentos atrás. Foi uma estratégia bastante inteligente, principalmente porque o pessoal soube respeitar a área destinada. Por este motivo, foi a largada menos tumultuada da qual participei; ainda que estivessem ali quase 10 mil corredores.

A largada e a chegada se deram na Praça Charles Miller, bem em frente ao Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho, vulgo Pacaembu. Na verdade eram 2 corridas em uma só: uma de 10km, que contou também com a presença do Secretário dos Esportes da cidade de São Paulo, e a meia de 21km. Pra falar a verdade, pouco mais da metade dos inscritos estavam participando da prova de 10km.

Logo na descida da Av. Pacaembu encontrei o Adriano, um amigo corredor bem mais experiente do que eu. Corri junto com ele no começo, até o primeiro posto de água no qual ele pegou um copo pra mim. Nessa hora senti aquilo que costumamos ver na tv: atletas do pelotão de frente que pegam água para o companheiro ao lado para que ele não se desconcentre. Mas claro que o ritmo dele era muito mais forte, e logo ao subir no Minhocão ele se distanciou.

Como o Adriano mesmo disse, aquele ali era um dos trechos mais inspiradores da Corrida de São Silvestre. Realmente, no Minhocão era imensa a quantidade de pessoas nas janelas dos prédios vizinhos ao Elevado, saudando e incentivando os atletas. Mas na manhã daquele domingo não havia nada de mais. Praticamente ninguém acompanhava a Meia Maratona. Talvez pelo horário (a largada foi às 8hs da manhã de domingo), ou pela prova que é definitivamente menos famosa.

No final do Minhocão, quando a prova já chegava ao km 6, havia a separação entre os que iam pra prova de 10k e os que iam pra Meia Maratona. Desci o Minhocão por uma alça de acesso e segui para o centro da cidade. Cruzei o km 7 na Av. Duque de Caxias com 38 minutos de prova. Mas diferente da prova da Pampulha, aqui a meta era apenas terminar, nem que levasse 3 horas para fazê-lo. Comecei a sentir que o tênis incomodava, e por isso decidi diminuir o ritmo. Possivelmente uma bolha estava se formando.

Achei um barato passar pela Praça Princesa Isabel, na qual encontra-se uma majestosa estátua do Duque de Caxias, e que fica no cruzamento das avenidas Barão do Rio Branco e da Duque de Caxias. Na São Silvestre encontrei essa estátua enquanto atravessava a Barão do Rio Branco. E desta vez, na Duque de Caxias, encontrava novamente a mesma estátua.

Mais à frente estava a Estação Júlio Prestes, na qual se encontra a belíssima Sala São Paulo. Para quem nunca foi, recomendo que visite este lugar. É um ponto turístico bastante interessante da cidade de São Paulo. É também a casa da OSESP, a principal Orquestra Sinfônica do nosso Brasil. Novamente cabe aqui uma comparação com a São Silvestre: se a Meia passa na frente da Estação Júlio Prestes, a São Silvestre passa em frente ao Teatro Municipal na Praça Ramos de Azevedo.

Contornando a estação e as ruas em volta eu já passava da metade da corrida. Chegava a hora de tomar o carboidrato em gel para repor algumas energias. Vale lembrar que desta vez não tomei Gatorade antes da corrida e consegui dosar bem a quantidade de água que deveria tomar durante a prova, de forma que felizmente não tive problemas com hidratação desta vez.

Só que desta vez o drama foi outro: minhas suspeitas se confirmaram, e já no km 11 eu podia sentir claramente que uma bolha havia se formado na sola do meu pé esquerdo. Faltavam ainda cerca de 10km, a distância de uma prova como a da Tribuna. Era muito chão. E isso numa prova parecida com a São Silvestre, cheia de subidas e descidas. Mesmo com dor resolvi continuar. Até porque estava na mesma condição da Pampulha, não tinha como parar por ali.

A corrida continuou pela Av. Marquês de São Vicente. Nesse momento agradeci pelo fato de a largada ter sido às 8 horas. Já eram 9 horas nesse ponto e fazia muito sol. Felizmente ali já faltavam apenas 8 km para terminar a prova. Realmente, encarar a Meia Maratona inteira debaixo daquele sol escaldante de março teria sido muito mais difícil. Passando por esse trecho eu vi novamente como essa prova não era nada comparada à São Silvestre, pelo menos no quesito apoio popular: vi pessoas passeando pelas ruas, fazendo compras, e aparentemente incomodadas pelo fato de que uma corrida de rua estava acontecendo ali.

A seguir veio a segunda volta no Minhocão. E as dores no pé se intensificaram. Pelo jeito uma segunda bolha estava em formação, desta vez no pé direito. Será que o asfalto bastante desgastado do Minhocão tinha alguma coisa a ver? Possivelmente, mas posteriormente descobri que o principal motivo de formação das minhas bolhas eram as meias, que muito embora fossem específicas para corridas já estavam bastante gastas.

Em toda Corrida de Rua existem fotógrafos tirando fotos da galera. E desta vez eles estavam posicionados no Minhocão, tirando fotos com o prédio do Banespa ao fundo. Isso na altura do km 17. Não tive dúvidas e fiz uma baita pose para a foto, além de soltar um sonoro grito de felicidade. Achei a foto tão legal que resolvi comprá-la. Infelizmente não possuo o direito de postá-la aqui no blog devido ao termo de compromisso adotado pela empresa responsável pelos fotógrafos. Mas fica aqui um link para quem quiser ver: http://www.webrun.com.br/fotos/commerceft/produto/mostra/idProduto/4626498?mdireito=nao

Pouco depois saí do Minhocão e ganhei novamente a Av. Pacaembu. Os últimos 2 km rumo ao estádio foram interessantes. Apesar de já ter corrido 19 km eu não me sentia extremamente cansado. Mas também não tinha mais forças para aumentar o ritmo no final. Mantive a mesma velocidade, e só consegui impor um sprint final já na Praça Charles Miller. Na saída, ganhei um Gatorade, uma maça e uma barrinha de cereal para recuperar as energias.

O tempo final foi de 2 horas, 2 minutos e 11 segundos. Uma velocidade de 10.3 km/h. Mas o importante mesmo foi ter terminado essa corrida, e sem tomar nenhum susto como havia sido na Pampulha. Agora sim eu me sentia realmente vitorioso em uma prova mais longa. Isso sem falar nas bolhas que "ganhei" nessa corrida. E um sinal de que talvez seja sim possível terminar uma Maratona. Mas a Maratona de São Paulo estava muito próxima, e eu sabia que devido a outros compromissos eu não conseguiria aumentar o ritmo de treinos até lá. Por enquanto vou ficar mesmo nas provas de 10km e Meia Maratonas.

Mas quem sabe no ano que vem não participo da Maratona de São Paulo?


terça-feira, 8 de junho de 2010

Conhecendo o Brasil correndo: Volta da Pampulha 2009

Após as corridas de 10km e da São Silvestre, eu queria correr distâncias maiores. Também havia gostado muito do ano anterior, no qual passei meses me preparando para uma corrida coroando o fim de ano. Além disso, ao participar de corridas comecei a me informar também sobre provas ao redor do Brasil. Juntando tudo isso, e o fato de que ainda não conhecia Belo Horizonte, resolvi me inscrever para a Volta da Pampulha, realizada dia 6 de dezembro de 2009 ao redor da Lagoa da Pampulha na capital mineira.

Trata-se da maior corrida de rua do Estado de Minas Gerais. São quase 18 km de extensão. A prova é plana (afinal, é às margens de uma lagoa), e no ano passado foram 12.500 participantes. A organização é da Yescom, a mesma empresa que organiza a São Silvestre, a Maratona de São Paulo e as Meia Maratonas do Rio e de São Paulo. Por esse motivo, os brindes que vieram no kit eram muito parecidos com os da São Silvestre. Gostei bastante da camiseta: branca, e com o logotipo da corrida estampado bem grande no peito. Quanto às metas, a principal era terminar a corrida. De preferência com um tempo abaixo de 1h40m.

Chega então o sábado, véspera da corrida. Fui ao aeroporto e peguei um voo para Confins logo de manhã cedo. Animado com a corrida que se aproximava, decidi viajar com a camiseta da São Silvestre, para já ir entrando no clima. Quando estava na fila da esteira para pegar a babagem reparei que não era o único: muitos trajavam camisetas de outras provas, como Fila Night Run e Meia Maratona do Rio. A corrida do dia seguinte parecia ser o assunto do momento.

No sábado uma chuva fininha mas incessante castigou Belo Horizonte. Por esse motivo passei a maior parte do dia na casa de meu anfitrião, que na época era meu vizinho. Saí apenas para pegar o kit e jantar. Não foi possível fazer turismo. Mas ao pegar o kit no Iate Clube, que fica bem na Lagoa da Pampulha, deu pra ter uma sensação do tamanho do percurso que teria que enfrentar no dia seguinte.

O domingo amanheceu nublado, mas sem chuva. Perfeito para a corrida. Afinal, em dezembro seria realmente mais difícil correr sob o sol. E embora eu já tivesse realizado treinos na chuva, não havia feito nenhum na preparação para esta prova específica, de modo que estava torcendo para não chover. Seguindo a recomendação de um amigo corredor mais experiente, decidi tomar um Gatorade antes da largada, mesmo sem sol. Não foi uma atitude das mais sábias, pois senti o líquido "pesar" na barriga. Além disso, senti vontade de ir ao banheiro antes da largada. Peguei uma fila monstruosa, e só consegui me posicionar em meio à multidão quando faltavam apenas 10 minutos para começar. E faltando apenas 5 minutos, para causar vibração na galera, começou a cair um baita pé d'água.

Não teve jeito: a largada foi mesmo debaixo d'água. Na hora eu pensei: "ainda bem que já treinei alguma vez na chuva, assim sei que devo evitar pisar nas poças para não encharcar o tênis". Mas isso não adiantou muita coisa. Como já era de se esperar, a largada foi uma verdadeira bagunça. Ainda mais que todo mundo estava desviando da água. Pisei numa poça logo de cara, quando a pessoa que estava na minha frente desviou e eu não vi a poça a tempo. Mais pra frente um verdadeiro córrego cortava todas as pistas da corrida, de modo que era impossível não molhar o tênis. Resultado: antes de completar 1km de prova eu já estava com os dois tênis e as duas meias (além do resto da roupa e do corpo) completamente encharcados.

No km 2, ao passar na frente do Iate Clube onde retirei o kit, encontrei um amigo meu da faculdade que sabia que também iria correr, o "Mineiro". Mas pouco depois disso, outro fato inusitado: meu cadarço desamarrara. No começo eu achei melhor não fazer nada, mas após alguns segundos cheguei à conclusão que não daria pra aguentar mais 16km daquele jeito, e de alguma forma encontrei um lugar para parar e amarrar o tênis. Pouco depois disso, no km 4, por muito pouco não atropelei uma outra corredora ao desviar de uma poça.

Nesse ponto a chuva já tinha parado, e eu me sentia bem. Tão bem que acabei deixando o Mineiro para trás. A barriga ainda pesava e eu não sentia sede. Os pontos de água foram passando e eu peguei água apenas no km 9, mas apenas para ajudar a engolir o carboidrato em gel que havia levado para repor algumas energias. Cruzei o km 11 com apenas 59 minutos. Mas eu estava animado. Faltavam só 7 km e eu mantinha um ritmo muito forte. Comecei a sentir um pouco de cansaço, mas decidi continuar mantendo a mesma pegada.

Mas, somando-se o peso do Gatorade na barriga, ao tênis encharcado e ao ritmo acima do meu habitual, as coisas começaram a piorar. De repente minha barriga começou a doer, pouco após cruzar o km 13. Seguindo a velha filosofia do "quando correr, acelera", não diminuí o ritmo. Pânico! Comecei a sentir tontura, e baixei muito o ritmo. Tenho certeza que do contrário eu teria desmaiado. Era uma experiência nova para mim. Jamais em uma corrida de rua eu havia passado por uma situação desse tipo. Passei perto de uma barraquinha do Gatorade, mas o fiscal dali disse que eu não podia me pegar. Provavelmente era de alguma equipe de academia. Quando falei que estava mal, um outro corredor que passava disse para eu parar. Mas parar como? Eu estava a cerca de 5km da chegada, e sem dinheiro para pegar um taxi. Teria que voltar pelo menos andando. Não, viajar até Belo Horizonte para desistir de uma corrida era definitivamente inadmissível.

Um outro senhor que passava resolveu me ajudar, falando para eu acompanhá-lo e respirar fundo. Ele me encorajou, fazendo-me olhar para trás e ver quantas pessoas eu já havia ultrapassado. Naquele momento senti um arrepio, pois a cena realmente impressionava. Seja olhando pra frente ou pra trás, havia um volume de gente muito grande. Como a lagoa vai sempre fazendo curvas, era perfeitamente possível ter uma noção da quantidade de gente que estava ali presente. Fui trocando ideia com o senhor, embora infelizmente não lembre seu nome. Ele era mineiro mesmo, e disse que um dia ainda correria na São Silvestre. Pouco após o km 14 eu já me sentia recuperado. Por ser mais alto que o amigo que acabara de fazer, acabei deixando-o para trás mesmo sem perceber. Infelizmente não o encontrei depois e não pude agradecê-lo por ter me ajudado. Seja como for, fica aqui o registro.

Nessa hora já não olhava mais pro relógio: pouco importava o tempo, contanto que eu terminasse a prova. No km 16 atravesso uma ponte, e ao olhar para a esquerda outra cena impressionante: a pista do aeroporto da Pampulha estava ali, bem do meu lado. Logo vejo a linha de chegada. Acelero no último quilômetro e termino a prova com 1h40h05s. Impressionante, considerando-se tudo o que passei.

Apesar de ter feito o tempo desejado, as coisas não aconteceram exatamente como eu havia planejado. Ter tomado o Gatorade antes foi realmente um erro. Pelo menos ter tomado uma garrafinha inteira. Ter confiado demais em mim também. Mas foi bom para conhecer meus limites. Além disso, achei muito legal uma prova que era uma volta: mesmo com o tempo nublado, dava para ter uma noção razoável de onde eu me encontrava devido à posição do sol. Também gostei da sensação de correr "fora de casa", afinal era a primeira vez na vida que eu passava por aquela lagoa.

Mas o fato de ter tido um piripaque no meio da prova me fez ficar com vontade de correr novamente essa prova. Quem sabe ainda volto lá algum dia. Isso também foi determinante para que eu decidisse correr a Meia Maratona de São Paulo em março de 2010: para buscar terminar uma prova de longa distância de forma mais satisfatória. Mas isso fica para o próximo post.

terça-feira, 1 de junho de 2010

De graça até injeção na testa: Corrida Pedestre do Aniversário de São José dos Campos 2009


Após um desempenho animador nos 10km da Tribuna, resolvi partir para outra prova de 10k. Quando fiquei sabendo de uma prova gratuita com limite de 1.500 participantes no belíssimo Parque da Cidade em São José dos Campos não pensei duas vezes: fui logo fazendo a inscrição.

O kit de participação não era retirado na véspera como em outras competições, mas sim no dia da corrida. Não gostei muito disso, pois reduz bastante o número de pessoas que correm a prova com a camiseta que ganham no kit. Não que eu costume fazer isso, até porque prefiro correr de regata e as camisetas dos kits são todas com manga, mas sempre gosto de ver o pessoal correndo com a camiseta da prova. A camiseta da corrida também não era das mais leves, e veio pouca coisa do kit. A medalha, como vocês podem ver, parecia mais de competição escolar do que de uma prova oficial. Completamente perdoável para uma corrida com inscrição gratuita.

Veio então a largada, e com ela a minha maior bronca com a organização da prova. Pra começar que não isolaram a área de largada. 5 minutos antes do horário da largada e ainda estavam preparando o arco da largada e chegada (era no mesmo lugar) e fixando o relógio. Como não isolaram a área, muitos corredores foram se aquecendo à frente da linha de largada, e simplesmente se aglomeraram à multidão, empurrando os primeiros da fila para poderem tomar a dianteira. Ao invés da organização isolar a área e mandar esses espertalhões para o final da fila, mandaram todo mundo dar um passo pra trás, de forma que nesse momento eu entendi como deve se sentir uma sardinha enlatada.

A corrida em si foi legal. Não foi uma corrida no asfalto, mas sim na grama e na terra. Como havia chovido naquela semana, em alguns pontos ainda se formava lama. Não foi fácil. Diferentemente das provas no asfalto, em vários trechos eu precisava ficar olhando pro chão pra não pisar em nenhum buraco devido ao piso bastante irregular. Mesmo assim, tento impor um ritmo forte. Eu sabia que não conseguiria repetir o tempo da prova da Tribuna, pois não era uma prova plana, nem no asfalto, e não havia grandes retas. Ainda assim, gostei do meu tempo de 53 minutos cravados!

Seja como for, não achei uma experiência fantástica como haviam sido as provas da Tribuna e da São Silvestre. Definitivamente não pretendo correr essa prova novamente, mesmo sendo de graça. Aliás, nem que me paguem.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Buscando novas marcas: 10km da Tribuna 2009

Após um primeiro ano de corridas colecionando medalhas na prova da Tribuna e na São Silvestre, iniciei 2009 com o objetivo de aumentar as distâncias percorridas e a velocidade média desenvolvida. E nada melhor do que correr novamente a prova da Tribuna para ver se eu conseguia aumentar a velocidade. Desta vez a meta era fazer em 50 minutos. Mas novamente uma gripe às vésperas da prova me fez rever os planos. Até porque em alguns treinos eu nem conseguia completar 10km. Na última semana porém, consegui realizar um último treino em menos de 57 minutos. Tomei para mim as palavras de César Cielo, no dia que levou a primeira medalha de ouro olímpica da natação brasileira: "Nem que eu tenha que sair carregado de lá, mas eu vou trazer esta medalha." No meu caso era apenas uma medalha de participação, mas depois de tudo o que aconteceu, terminar a prova já seria uma grande vitória.

Veio o dia da corrida, e novamente o calor da prova me anima. Desta vez na região de largada não havia mais um apresentador aos berros como no ano anterior, mas um bem mais comedido, que estava acima de tudo agradecendo à presença de todos os atletas, sem os quais obviamente a prova não existiria. A organização novamente impressiona: no túnel fazem um ambiente de balada, com luzes piscantes e música eletrônica, além das diversas bandas espalhadas pelo percurso. Na chegada à praia (km 8), um "chuveiro" da Sabesp para refrescar a galera. Já mais experiente, não me deixo contaminar pela euforia inicial e consigo imprimir meu próprio ritmo desde o começo. Também não peguei água durante a prova, pois sempre me acostumei a treinar assim. Além disso, acho que um dos erros cometidos na prova do ano anterior e também na São Silvestre foi justamente ter bebido muita água, o que me fez sentir "pesado".

Olho no relógio a cada quilômetro completado e vejo que estou mantendo um bom ritmo. Passo os primeiros 5km fazendo uma média incrível de 5 min/km. Começo a sentir um pouco de cansaço, mas faço de tudo para manter a mesma pegada. Nos 4 quilômetros seguintes a média cai para 5,25 min/km. Passo no km 9 com 46 minutos de prova. Tento dar um sprint final mas faltam energias. Pudera, estava com um ritmo forte desde o começo. Nesse momento vejo um cadeirante, muito cansado mas se esforçando para chegar (os cadeirantes largam com meia hora de vantagem, de modo que é raro encontrar um durante a prova). Isso me anima a aumentar o ritmo forte. Cruzo a linha de chegada e meu relógio marca o tempo de 50 minutos e 49 segundos. O tempo oficial foi de 50m51s. Fico impressionado! Em nenhum treino eu havia conseguido chegar nessa marca. É realmente muito gratificante receber a medalha e ver que fiz um excelente tempo.

Agradeço a todos que me incentivaram e me desejaram boa sorte nessa corrida. O apoio dos amigos e familiares com certeza foi fundamental. Finalizo este post com a frase de Lance Armstrong que diz tudo o que senti no dia dessa corrida: "Pain is temporary, quiting lasts forever!"

domingo, 23 de maio de 2010

Um sonho realizado: São Silvestre 2008

Desde pequeno que no dia 31 de dezembro acompanho a Corrida de São Silvestre. Até me lembro de quando eu era bem pequeno que a corrida ainda era disputada à noite (mas naquela época eu não ficava assistindo). Foram muitas tardes de 31 de dezembro acompanhando a corrida. Vendo pela tv não é tão emocionante assim, embora seja bem interessante ver o centro de São Paulo. Foram tantas as vezes que olhei que praticamente já sabia de cor todo o percurso. E quando pequeno eu sempre dizia: um dia ainda vou correr na São Silvestre!

Pois é, esse dia chegou. 31 de dezembro de 2008, Av. Paulista em São Paulo, 16h52min. Era dada a largada para 20 mil atletas na 84a. edição da Corrida de São Silvestre. E eu era um destes 20 mil. Não era minha primeira corrida, mas minha primeira participação na São Silvestre. Fico surpreso com a falta de organização no começo. Qualquer um podia entrar ali e largar e participar da corrida, mesmo que não ganhasse medalha depois. Muita gente ali no meio com certeza só com a intenção de aparecer na tv. Na largada a muvuca era grande. Não havia espaço para correr antes do cruzamento do tapete de largada. E mesmo depois disso, muita gente andando bem devagar, atrapalhando quem queria já começar imprimindo um ritmo. Pior: muita gente com faixas, só passeando. Como já era de se esperar. Muitos me falaram para dar um tchauzinho para as câmeras, mas a aglomeração era tanta onde havia uma câmera que acaba abrindo um corredor, pelo qual eu obviamente escolhia seguir.

Na Av. Paulista, como era de se esperar, muita gente acompanhando a corrida. Viro na Consolação e vejo que ainda tem muita gente assistindo. Nesse momento, ao contemplar toda a extensão da descida da Consolação, consigo ver melhor o que se passava: milhares de pessoas correndo com camisas das mais variadas cores, formando um belíssimo espetáculo visual, desses que fazem a gente ter certeza que corrida de rua é mesmo um barato. Chego na Ipiranga e depois ao Minhocão. Obviamente que em cima do viaduto não havia ninguém, pois todo o espaço era fechado aos corredores. Mas nos prédios vizinhos era enorme a quantidade de pessoas nas janelas acenando, soltando rojões, balançando bandeiras dos times de futebol da cidade de São Paulo, e é claro incentivando os atletas. Passado esse trecho chego à Av. Pacaembu e ao passar por um viaduto tomo um pouco de água e como um carboidrato em gel. Continuo pelas outras avenidas do centro, até o início da Av. Rio Branco, no km 10.

Nesse ponto eu já estava me sentindo cansado, pois haviam sido muitas as subidas e descidas, e pela falta de experiência (principalmente na largada), acabei forçando mais do que meu ritmo habitual. Basta ver que passei pelo km 10 com 59 minutos de corrida, e na prova plana da Tribuna em Santos em havia completado 10km em 1 hora. Decido afrouxar um pouco o ritmo, e continuo firme e forte pela Av. Rio Branco. Nesse ponto já vejo muitas pessoas caminhando, desistindo da corrida. Chamou-me a atenção um grupo de 4 amigos que estavam à beira da avenida vendo a corrida, cada qual com uma garrafa de cerveja na mão, e ficavam sempre brindando ao verem alguém cansado passar. Fiquei me perguntando se aquilo era inveja dos que tanto treinaram o ano todo, abriram mão de tanta coisa, e agora estavam ali participando da grande festa.

Começo a me preocupar se vou ter forças para a subida. Passo pela Praça Ramos de Azevedo, onde fica o Teatro Municipal, e depois pelo Viaduto do Chá. Nesse ponto olho para os lados e vejo, além da paisagem de metrópole com enormes prédios, nuvens muito negras. Fico pensando que ainda faltavam 3 km de subida e viria chuva no final. Contorno o Largo do Paissandú e eis que começa a tão famosa av. Brigadeiro Luiz Antonio.

Durante a subida aumenta a cada trecho o número de pessoas desistindo. Nesse ponto é muito grande a quantidade de gente incentivando para que ninguém páre de correr. Cansado, já nem consigo olhar para a frente, só olho para o chão. Mas em nenhum momento penso em parar para descansar. Vou subindo firme e forte, mesmo que devagar. Ao passar pelo km 14 tiro novas forças, pois era a certeza que estava acabando. Então vejo os prédios e os postes da Paulista, e a subida acaba. Era o fim! Dobro a esquina e vejo a linha de chegada lá na frente. A alegria era tão grande por saber que faltava pouco que esqueço todas as dores e ainda consigo tirar fôlego para dar um sprint final. Era a glória!

Terminei a corrida com 1h34m43s; chegando em 8795º lugar na corrida vencida pelo queniano James Kipsang. Mas cheguei! Não é nenhum tempo excepcional, mesmo para quem corre como lazer. Além disso, fiquei muito cansado com a prova. Após terminar, pegar o kit, voltar pra casa, tomar banho e comer, já eram 22hs e eu queria era dormir. Só fiquei acordado até meia-noite porque era Reveillon. Mas quando era 0h10 eu já estava na cama, hibernando até o meio-dia do dia 1 de janeiro.

De qualquer forma, o simples fato de ter participado da corrida, cruzado a linha de chegada e trazido a medalhinha para casa já foi mais que o suficiente para mim. Foi sem dúvida um dos dias mais felizes da minha vida. O sonho de criança estava finalmente realizado.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Uma estreia animadora: Os 10 km da Tribuna 2008

A prova dos 10 km da Tribuna FM é um evento que paralisa a cidade de Santos num domingo de manhã, sempre uma semana após o dia das mães. Quando falo desta prova tem muita gente que a desconhece, mas trata-se de uma das 5 maiores corridas de rua do país em número de participantes, e a maior de 10 km. Por ser uma prova ao nível do mar, plana, e com grandes retas, é um dos percursos mais rápidos na categoria, o que serve de grande motivação tanto para veteranos quando para iniciantes. Muitos grandes nomes do atletismo brasileiro, como Ronaldo da Costa, Vanderlei Cordeiro de Lima e Marílson Gomes dos Santos, já ganharam a prova. E mesmo corredores estrangeiros vêm à Baixada Santista para correr.

Pois bem, desde que morava em Santos tinha vontade de participar. Em 2000 e em 2001 um grupo de amigos do colégio competiu e até me chamaram, mas não consegui fazer um ritmo de treinos e desisti de correr. Mas prometi a mim mesmo que um dia participaria desta prova. Em 2007, após sofrer uma lesão no joelho jogando futebol, recebi a recomendação de começar a praticar algum esporte para fortalecer os músculos, e a sugestão que resolvi seguir foi a das corridas de rua. Foi assim que tudo começou.

Assim, resolvi unir o útil ao agradável, e logo comecei a me preparar para a prova dos 10km da Tribuna de 2008. A meta era simplesmente terminar a prova, se possível abaixo de 1 hora. Achava difícil atingir essa meta pois havia pegado um resfriado duas semanas antes da corrida, que me impossibilitou de treinar direito. No meu último treino, havia feito 9 km em 1h03m.

Meus amigos que haviam corrido em 2001 tinham me alertado pra chegar cedo, pois senão eu largaria no meio da muvuca e sequer conseguiria correr antes de chegar ao túnel no qual se encerra o km 1 da prova. Assim sendo, cheguei 40 minutos antes da largada. Pude ver diversas academias se aquecendo junto nos arredores da reta de largada. Mas, logo fui pra região da largada, e consegui um lugar bem perto ao prédio do jornal A Tribuna, local onde estava a barreira. Luciano Faccioli, um jornalista de Santos que trabalhou bastante na Tribuna, estava ali fazendo o papel de "Galvão Bueno", ou seja, falando um monte de besteiras pra animar o pessoal. Perguntava quem torcia pro Santos, pro São Paulo, pro Palmeiras, pro Corinthians, quem era dali de Santos, quem era de São Vicente, Praia Grande, Cubatão, São Paulo, interior, etc... Pontualmente às 9 horas foi dada a largada.

Dada a largada, acabei me animando um pouco com o ritmo do pessoal. Foi aí que percebi que quem chega cedo é porque não quer ser atrapalhado por ninguém e quer marcar um tempo muito bom. Por isso quando cheguei no Km 2 não tinha nem 10 minutos de prova, e eu já estava morto de cansaço e com uma forte dor na barriga. Peguei uma aguinha e me refresquei, e a seguir diminuí o ritmo. Ao chegar no Km 5, eram passados 29 minutos de prova. Eu me encontrava já mais descansado, e achei que se aumentasse o ritmo na metade final da prova poderia até marcar em 1 hora. Assim, passei pelo Km 6 com 36 minutos, Km 7 com 42 minutos, Km 8 com 48 minutos, Km 9 com 54 minutos, Km 9,5 com 57 minutos e... pelo tempo oficial, cruzei a linha de chegada com exatos 59m54s!

Pra uma corrida de estreia achei que não foi nada mal. Acho que a adrenalina do momento da corrida, a empolgação de estar lá, a animação que o público traz pro evento, tudo isso fez com que meu desempenho na prova ficasse acima do esperado. Fiquei animado para participar de outras competições. E foi assim que tudo começou. Deixo abaixo uma foto da medalha que ganhei nessa corrida. A primeira da coleção.


quarta-feira, 19 de maio de 2010

Primeiro Post

Sejam bem-vindos ao Diário de um corredor. Criei este blog devido à enorme paixão que tenho pelas corridas de rua, esporte que pratico; e devido à vontade que tenho de registrar e compartilhar os momentos inesquecíveis das corridas que participo. Também pretendo postar informações bacanas a respeito do esporte em si, e se der na telha até mesmo falar sobre competições importantes, como maratonas internacionais e mundial de atletismo

Se você é corredor de rua também, espero que se divirta com meus textos e que possamos trocar dicas de corridas. Se você quer começar a praticar algum esporte, espero que se divirta com meus textos e que este blog te ajude a encontrar inspiração para começar a correr. Se você não pratica corrida de rua, espero que se divirta com meus textos mesmo assim.

Pois bem, comecei a correr em 2007, após uma lesão no joelho jogando futebol. Mas foi só em 2008 que comecei a participar das corridas de rua. Já participei dos 10km A Tribuna FM em 2008, 2009 e 2010, da São Silvestre em 2008, da Volta da Pampulha em 2009, da Corrida Aniversário de São José dos Campos em 2009 e da Meia Maratona de São Paulo em 2010. Vou começar postando sobre estas corridas, ou pelo sobre o que lembro delas.