quarta-feira, 24 de junho de 2015

Um novo velho desafio: 10 Km da Tribuna 2015

Participei da minha primeira corrida de rua em 2008 na prova dos 10 km da Tribuna. De lá pra cá foram 5 participações consecutivas nesta prova. Fiz 2 anos de intervalo para me concentrar em outros desafios, como por exemplo participar de uma Maratona. Neste ano de 2015 resolvi que não ia participar de nenhuma prova longa, mas sim que iria focar em provas mais curtas e buscar melhorar meu ritmo. Tudo isso porque o foco em longas distâncias fez com que eu perdesse um pouco de velocidade. Achei que uma boa meta seria fazer uma prova de 10k abaixo de 50 minutos (meu melhor tempo era de 50min51seg). E a prova da Tribuna, como já expliquei em posts anteriores, seria a ideal para buscar esta marca. Até mesmo porque, depois de tantas participações, posso dizer que já conheço cada metro do percurso. Sei exatamente onde estão os postos de água, quais são os trechos com a pista mais estreita, ou com asfalto ruim, dentre outras coisas. Então busquei uma planilha de treinos e segui o melhor que pude para atingir minha marca.

O treino mostrou um pouco de resultado. 3 semanas antes da corrida fiz um treino no qual cravei 52 minutos. Mas logo na semana seguinte acabei viajando e quebrei um pouco o ritmo de treinos. Também não fui muito atento à alimentação, cometendo alguns excessos. Resultado: na semana anterior à da corrida estava fazendo em 53 minutos. Mas sabe como é, no dia da prova a gente sempre encontra aquela energia adicional, então quem sabe?

Quando cheguei na retirada do kit percebi que era a trigésima edição da corrida. Realmente, lembro-me que a edição de 2010 era a 25a., motivo pelo qual a organização até preparou uma revistinha que veio no kit do atleta. Pelo visto desde então a revistinha sempre esteve presente, sendo que dessa vez não foi diferente. Algumas informações acredito se repetirem todo ano: galeria de campeões, número de atletas em cada edição (desta vez foram 21 mil, o que faz desta prova a maior de 10k do Brasil em número de participantes), número de atletas por cidade (destaque para as cidades da Baixada Santista, como não poderia deixar de ser, mas ainda assim com participantes de várias cidades de São Paulo e inclusive de outros Estados), dentre outras. Mas o que mais gostei mesmo foi da entrevista com duas figuras respeitadíssimas pelos corredores: o médico Drauzio Varella e o campeão Vanderlei Cordeiro de Lima (o mesmo que foi abraçado pelo padre irlandês na maratona olímpica em Atenas-2004, e que já venceu a prova da Tribuna em edições anteriores). Outras matérias interessantes foram a evolução da prova ao longo dos anos e uma entrevista com o campeão Luiz Antonio dos Santos, vencedor da primeira edição em 1986.

Chegou então o momento da prova. Cheguei cedo à Av. João Pessoa, sede do prédio da Tribuna e local da largada. Muita gente como sempre, mas como cheguei cedo consegui um bom lugar pra largada. Uma bola enorme da Tribuna ficou ali na região de largada permitindo um momento de descontração para os atletas enquanto esperavam a sirene.


E enfim a prova começou. Parti com a estratégia de tentar fazer 4:50/km no início para construir uma certa margem. Completei o primeiro quilômetro, logo na saída do túnel, com exatos 5 minutos de prova (talvez 1 ou 2 segundos a menos). Tudo bem, no começo sempre é necessário desviar de outros atletas, fazer algumas ultrapassagens, é normal perder um pouco de tempo. Mas percebi que consegui lidar muito melhor com esse tipo de situação do que na maioria das vezes. Segui focado na minha corrida e ao cruzar o km2, já na virada da Av. Ana Costa, estava com 9:50 de prova. Peguei água no primeiro posto, mesmo que estivesse uma manhã fria e a água estivesse gelada. Mas se tem uma lição que aprendi nas maratonas que participei foi a de como me hidratar corretamente. Tanto que nem perdi tempo com isso. No km3 eu consegui melhorar mais o tempo, e passei com 14:45. Mas por outro lado senti que estava puxando demais. Virei na Francisco Glicério e no cruzamento com o canal 3 veio o km4. Desta vez não peguei água, e senti que o ritmo havia mesmo piorado: 19:50. Ainda tinha uma certa margem, mas não dava pra vacilar. Quando pensava em aumentar o ritmo, lembrava que ainda tinha muita corrida pela frente e precisava maneirar. E no km5, metade da prova, na Av. Afonso Pena, passei com 25:03.

"Droga!" Foi o que me veio à mente. Ia ter que fazer uma segunda metade mais forte que a primeira. E eu não achava que estava sobrando na prova desse jeito. Muito pelo contrário. Achei que não ia dar, mas pelo menos tinha condições de melhorar meu recorde pessoal. Continuei focado na minha corrida, naquilo que eu deveria fazer. Tão focado que peguei a água no posto do km6 e nem lembrei de olhar no relógio para ver meu tempo. Mas no km7, já no Canal 5, veio a confirmação de que eu estava cansando: 35:30. Trinta segundos acima do tempo meta, e faltando 3 quilômetros. Diferença muito grande para buscar no final. Nesse momento que tive a certeza de que a meta dos 50 minutos não seria alcançada dessa vez.

Virei para o trecho final na praia, bem ali onde está a marca do km8, com 40:30. Pelo menos havia recuperado o ritmo. E na praia, com o calor humano trazido pelo público que sempre acompanha a prova, é que vem aquela energia a mais. Como eu já estava bem cansado e era muito difícil realizar ultrapassagens, o resultado foi que esse fôlego a mais serviu para me manter no mesmo ritmo, tendo passado pelo km9 com 45:30 e pelo km9,5 (sim, a prova da Tribuna tem essa marcação) com 48:00. Quando avistei a linha de chegada soltei todo o gás que tinha e parti para um sprint final enlouquecido: terminei a prova com 50min15seg! Acima do tempo meta, mas o suficiente para estabelecer um novo recorde pessoal!


Qual foi a sensação? Basta ver a foto. Felicidade, claro. Por voltar a correr em Santos. Por voltar a participar desse baita evento que é a prova da Tribuna. Mesmo já sendo essa a minha sexta participação no evento, mesmo já tendo passado por desafios muito maiores, a sensação de terminar é sensacional. Realmente, essa é uma prova diferenciada. Não sei se por ser em Santos, cidade onde nasci. Ou se pela organização que a meu ver foi impecável dessa vez. Ou se pelo forte apelo popular da corrida. Ou se pelo percurso que é muito rápido e muito bonito. Ou se é por tudo isso ao mesmo tempo. Mas fato é que mesmo tendo participado de muitas outras corridas por aí, posso afirmar que essa é sem sombras de dúvidas uma das melhores corridas de rua do Brasil.


Tem outra coisa muito legal a relatar sobre a edição deste ano. Como já explicado, a prova é organizada pela Tribuna, veículo de comunicação compreendido por um canal de tv, uma rádio e um jornal impresso. Como não poderia deixar de ser, a edição do jornal impresso no dia seguinte traz a corrida como um dos principais destaques. Pois veja você como foi a capa da edição desse ano. É possível reconhecer alguém no canto inferior esquerdo?


Para fechar, como sempre, a foto da medalha. Não foi dessa vez que fiquei abaixo dos 50 minutos. Mas valeu. Tenho uma boa desculpa para voltar a correr na Tribuna numa próxima oportunidade :)


quinta-feira, 4 de junho de 2015

Quando duas paixões se encontram: Santos Run 8k

Todo mundo sabe que gosto muito de correr. Não é à toa que comecei esse blog. E acho que todo mundo sabe também que gosto muito de futebol e que meu time do coração é o Santos Futebol Clube. Bom, quem não sabia ficou sabendo agora. Pois qual não foi a minha surpresa ao descobrir que o clube estava agora organizando corridas de rua?

A bem da verdade eu já sabia da existência dessa corrida. Mas não consegui participar em outros anos devido a conflitos com outros compromissos pessoais. De qualquer modo, uma vez que esse ano eu havia traçado como objetivo principal participar de provas curtas para melhorar meu tempo, e que o foco seria a preparação para uma prova de 10k, achei que a inclusão de uma prova de 8k no meio dos treinos seria unir o útil ao agradável.


Ainda mais se o agradável fosse uma corrida organizada pelo seu time do coração. Com largada do lado da Vila Belmiro e chegada dentro dela! O percurso seria por ruas próximas ao estádio, passando também pelo centro histórico da cidade. Curiosamente uma corrida em Santos que em nenhum momento sequer passou perto da praia, que costuma ser o "point" das corridas de rua na cidade. Mas desta vez o "point" era mesmo o Templo Sagrado.

Já no sábado durante a entrega do kit achei a brincadeira bem interessante. A camisa era muito bonita: azul marinho, com uma tonalidade parecida com a camisa número 3 lançada alguns anos atrás, fugindo um pouco da obviedade do branco e preto do time. Além da camiseta, o kit também vinha com vários cupons de desconto em lojas de um shopping de Santos (no qual foi realizada a entrega dos kits) além da loja Vila do Santos. Mas é como eu gosto de dizer: desconto para você comprar coisas que você não precisa e que você não compraria se não tivesse um desconto.

Veio então a hora da largada, com o povo animado e cantando o hino do Santos quando tocou a sirene. Pelo baixo número de participantes da prova (menos de 3 mil), a dispersão pós-largada até que se deu de forma bem rápida, mesmo com as ruas estreitas do bairro da Vila Belmiro. Também devo considerar que cheguei cedo e consegui um bom lugar pra largar. Aliás, a boa largada foi fundamental para imprimir um bom ritmo de prova desde o começo. Mesmo sendo uma prova festiva, eu havia fixado a meta de tempo de 40 minutos, condizente com o ritmo necessário para fechar futuramente os 10k em menos de 50 minutos.


Logo tomamos a Av. Pinheiro Machado, popularmente conhecido como Canal 1, em direção ao centro da cidade. Passamos na frente do Teatro Municipal, para a seguir passarmos por uma pracinha chamada de Vila Belmiro e pegarmos a Rua Júlio de Mesquita, já no centro da cidade. O ritmo seguia muito bom e na faixa dos 5 min/km. Viramos na Av. Conselheiro Nébias e seguimos até a Av. João Pessoa.

Trata-se da avenida no centro da cidade onde se situa o prédio da sede da Tribuna. Acredito que o intuito da organização era justamente esse, pois trata-se do jornal que cobre mais de perto os jogos do time. Mas não deixou de ser curioso passar na avenida onde ocorre a concentração e a largada da corrida que o próprio jornal organiza, e que é muito mais famosa. Mas diferentemente da prova da Tribuna, que segue pelo túnel que passa debaixo do Monte Serrat, na Santos Run os corredores faziam um retorno em 180 graus, o que inevitavelmente obriga a uma redução de velocidade.

Seja como for, nessa avenida passei pela faixa dos 5km com 25min45seg de tempo. Um pouco acima da meta, mas ainda assim um tempo bom. Pegamos a Av. Senador Feijó, e mais pra frente, já de volta na Rangel Pestana, um outro corredor me alertou sobre minha postura. Disse que eu estava perdendo energia por me curvar muito pra frente. Na verdade esse é um defeito meu que já conheço e que preciso de fato corrigir. Isso acontece principalmente quando estou me cansando, o que era o caso devido ao forte ritmo. De qualquer modo, passei pela marca de 7km com 36min01seg. Como ainda tinha energia sobrando decidi que soltaria tudo o que tinha direito no último quilômetro.


Como é possível ver pela foto acima, a chegada ocorreu dentro do estádio, entre o banco de reservas e a linha lateral do gramado. Com direito ao hino do Santos tocando nos alto-falantes da Vila famosa. Melhor que isso só se tivesse algum jogador (ou ex-jogador) ali para saudar os atletas que chegavam. Mais ou menos como fizeram na prova da Indy, na qual Tony Kanaan estava na largada cumprimentando os corredores.

Tudo bem que soltei tudo o que tinha no quilômetro final e realmente acho que "voei", mas ter completado a prova com 38min56seg significa ter feito o último quilômetro em menos de 3 minutos, coisa que só um profissional conseguiria. Realmente coloco em dúvida a distância exata da corrida. Quando cheguei em casa fiz o mapeamento do percurso usando o MapMyRun e deu 7.8km. Pelas minhas contas com esses 200 metros a mais eu teria feito um pouco acima de 40 minutos no tempo final. Bom, deixa pra lá.

A experiência de correr uma prova organizada pelo seu time do coração com chegada dentro do próprio estádio foi sem dúvida algo inesquecível. Se você não é santista, não se desespere: sei que os outros "grandes" de São Paulo também organizam provas parecidas. E acho que no Rio existe uma corrida das torcidas também. Enfim, existem outras opções por aí na praça para quem quiser correr uma prova relacionada com futebol.

Agora, o mais legal vem agora: a medalha! Caprichosamente produzida no formato do escudo do Santos. Não deve ter sido fácil de fazer. E ficou realmente muito bonita. Mais uma pra coleção!