quarta-feira, 26 de setembro de 2012

A tão esperada estréia internacional: Buenos Aires 21k

Não é de hoje que escrevo aqui sobre a minha vontade de um dia correr a Maratona de Nova Iorque. E também já relatei aqui uma experiência que tive ao realizar um treino durante uma viagem. Pois é, antes de me aventurar a correr uma maratona em solo estrangeiro (até porque ainda nem corri uma em solo nacional), achei que seria melhor começar com uma meia, visto que é uma distância com a qual já estou acostumado. E visto também que a Argentina é logo ali, resolvi que seria essa prova mesmo. Até mesmo porque já estava na hora de encarar uma corrida mais longa do que 10k após a apendicite.

A ideia de correr em Buenos Aires surgiu na verdade há 2 anos, quando comprei a edição de Outubro da Revista Contra-Relógio para ver a matéria sobre a Meia Maratona da Praia Grande, da qual eu havia participado no mês anterior. E fiquei sabendo que as duas meia maratonas, Buenos Aires e Praia Grande, eram realizadas no mesmo dia. Mais: a revista fazia uma reportagem especial devido à grande quantidade de brasileiros que resolveram ir correr em Buenos Aires naquele ano.

De fato, a primeira coisa que me chamou a atenção foi que ao realizar a inscrição no site da corrida, você deveria especificar se era argentino, brasileiro, uruguaio, chileno, ou de alguma outra nacionalidade. No dia anterior à prova, na retirada do kit, também fiquei impressionado com a quantidade de brasileiros no local. Na verdade hoje em dia o que você mais encontra em Buenos Aires é turista brasileiro.

Aliás, gostei bastante do kit dessa corrida. Ao contrário das provas brasileiras, o kit continha alguns brindes de patrocinadores, como biscoitos e uma garrafa de Gatorade sabor maçã (que nunca vi aqui no Brasil). Havia também um sachê de Gatorade sabor frutas vermelhas, parecido com os saches de carboidrato em gel. Isso se explica pois a Gatorade era uma das patrocinadoras do evento. A camiseta da corrida era azul com faixas laranjas da Adidas percorrendo as mangas. Aliás, era possível escrever um nome na parte de trás da camiseta. Durante a corrida vi nomes comuns como "Gustavo", "Danilo" e "Martín", apelidos como "El Doc" e dizeres engraçados como "Vamos Franquito!".

O domingo, dia da corrida, amanheceu com céu azul. Mas uma vez que ainda estávamos no inverno, e que a largada estava prevista para 7h30 da manhã, ainda não havia sol quando cheguei ao local da prova. A largada foi realizada em um grande parque na avenida Figueroa Alcorta, bem próximo ao Hipódromo. Enquanto eu me encaminhava para a região da corrida, passei na frente do Hipódromo e pude ver alguns jóqueis treinando (sim, às 7 horas da manhã de domingo). Tão logo me posicionei para a largada, fui interpelado por duas senhoras de Santos. Elas me perguntaram se eu também era de lá devido à camiseta da Tribuna que usei para correr no dia. Expliquei que não mas que sempre corria na Tribuna e desejamos boa prova uns aos outros.

Fazia um friozinho gostoso no dia, daqueles que eu sabia que ia passar quando começasse a correr. E mesmo antes da largada, no meio daquele calor humano de 15 mil participantes, eu já não sentia mais frio. A largada foi extremamente tranquila, principalmente se você considerar o número exorbitante de participantes. Isso aconteceu porque ao contrário de outras provas com tanta gente assim, como Tribuna, Pampulha e São Silvestre, a avenida na qual a largada foi realizada era muito larga. E essa é uma característica da cidade de uma forma geral. As avenidas de Buenos Aires são tão largas que fiquei o tempo todo com a sensação de estar correndo próximo à muita gente, mas sem nenhum problema em dividir o espaço com os demais participantes.


No começo da corrida fiquei um pouco perdido com a sinalização de quilometragem. Cheguei a perder algumas placas marcando os quilômetros e comecei a duvidar que de fato todos eles estivessem sinalizados. Isso aconteceu na verdade pois as placas que foram utilizadas eram pequenas, as pistas eram largas e o volume de gente no começo era um pouco maior do que no resto da prova. Seja como for, eu fiquei um pouco perdido com relação ao meu ritmo. Por um lado achei que estava indo mais forte do que o normal, mas por outro o clima frio estava tão bom para correr que eu sentia que poderia aguentar aquele pace até o fim.

Segui pela Avenida del Libertador, passando em frente a alguns pontos turísticos da cidade, como o Museu de Belas Artes, a Biblioteca Nacional (não foi exatamente em frente, mas pude vê-la) e a Flor metálica da cidade. Na altura do km 5, pouco antes de virar na Av. 9 de Julio, uma banda fazendo cover dos Beatles se apresentava. Já naquele momento percebi que era uma ação da organização da prova de promover música em alguns pontos da prova, da mesma maneira que acontece na Tribuna em Santos.

Na verdade a corrida seguiu pela Av. Carlos Pellegrini, uma espécie de "marginal" da Av. 9 de Julio. Após uma ligeira subida (na qual peguei minha primeira garrafinha de água e tomei meu primeiro carboidrato em gel), veio uma ligeira descida na qual pude presenciar o espetáculo de cores proporcionado pela multidão à minha frente correndo. Algo semelhante ao que vi quando desci a Av. da Consolação durante a São Silvestre.

Em um certo ponto dessa avenida pude ver os líderes da prova que seguiam pela 9 de Julio. A seguir saí da Carlos Pellegrini e entrei na Av. Diagonal Norte até a Av. Corrientes, pela qual corri apenas uma quadra e a seguir entrei na Calle Florida, uma tradicional rua de pedestres do centro da cidade na qual se concentram diversas lojas. Nessa rua havia o primeiro posto de distribuição de Gatorade (em copos de isopor) da prova, mas acabei não pegando nessa oportunidade.

Logo após a Calle Florida fiz um contorno pelo centro e cheguei à Plaza de Mayo, onde se encontra a Casa Rosada, sede do governo federal argentino. Lá existem muitas bandeiras da Argentina, e pude ouvir alguns brasileiros espíritos de porco gritando impropérios contra nosso país vizinho. O que mais me surpreendeu no entanto foi ouvir alguns argentinos gritando impropérios contra a igreja católica ao passar em frente à Catedral (que também se encontra nessa praça). Um outro argentino proporcionou um momento um tanto engraçado ao dizer que os insultos à igreja eram innecesario totalmente.

Depois disso entrei de fato na Av. 9 de Julio e completei a marca de 10km muito próximo ao Obelisco, outro cartão-postal de Buenos Aires. Um casal se apresentava dançando tango por ali, dando um toque de charme especial àquele momento e arrancando aplausos dos corredores. Ali também havia distribuição de água e frutas, como bananas e laranjas cortadas. Aproveitei para pegar uma banana e fui ver meu tempo no relógio: completei 10km com pouco mais de 54 minutos. Lembrei-me de que no ano anterior, durante a Meia Maratona da Asics, eu havia superado a marca de 10km com 55 minutos e naquele instante eu imaginei que conseguiria completar a prova com menos de 2 horas. De fato, terminei a prova da Asics com 1h58min, minha melhor marca nessa distância. E no entanto eu havia superado essa parcial e me sentia bem o suficiente para achar que poderia até mesmo manter o mesmo ritmo até o final da prova.

A verdade é que a segunda metade da corrida não teve o mesmo brilho da primeira. Todo o charme do centro de Buenos Aires foi deixado para trás, e a prova seguiu por uma autoestrada. Cheguei até a passar por um pedágio (!?!) que estava obviamente com as cancelas levantadas para que os corredores pudessem passar. Pouco após o pedágio entramos na região do porto, com ruas esburacadas e com paralelepípedos. Alguns moradores de rua também pareciam incomodados com a multidão correndo naquele horário (possivelmente foram acordados pela corrida) e gritavam também insultos para os corredores. Ali pelo porto também havia distribuição de Gatorade (peguei um do sabor laranja) e frutas (novamente, banana). Passei pelo km 15 (no qual consumi meu segundo gel) com pouco mais de 1h22min, muito melhor que a marca da São Silvestre de 1h34min. E continuava me sentindo muito bem.

Uma vez que o percurso pelo porto não era dos mais inspiradores, comecei a me preocupar com o tempo de prova. Queria continuar mantendo o ritmo para fazer minha melhor marca nessa distância. E de fato fui seguindo, completando o km 18 com 1h37min, abaixo da marca de 1h40min da Pampulha. Na altura do km 17 peguei Gatorade sabor limão na última barraquinha de distribuição. No km 20 um grupo se apresentava com uma dança típica da argentina da qual eu desconheço. Pelas roupas e pelos guarda-chuvas coloridos me fez lembrar um pouco o frevo, embora o ritmo não tivesse absolutamente nada em comum. De qualquer modo, eu já havia entrado no parque de onde havia largado e era um sinal de que a chegada estava próxima. Ainda acelerei no final e cruzei a linha de chegada com 1h52min41seg de acordo com o meu relógio. No site oficial da prova só foi computado meu tempo bruto (cerca de 40 segundos acima do que marquei), de modo que não sei exatamente qual foi meu tempo líquido. Fica valendo para mim, portanto, aquele que medi com meu relógio e que provavelmente está com alguns segundos a mais.

Foi uma corridaça! Não só pelo tempo que obtive e que achei espetacular para as minhas pretensões. Mas também pela organização, pela distribuição de Gatorade e frutas, pelo clima, pela beleza da cidade. Sem sombra de dúvidas a estreia internacional foi simplesmente irretocável! Depois da corrida ainda pude aproveitar para tirar uma semaninha de férias e conhecer melhor a capital argentina. Afinal, ninguém é de ferro.


Segue a foto da medalha. A bem da verdade não gostei muito dela a princípio. Esperava algo melhor para essa prova. Mas acho que minha estranheza era apenas porque essa medalha é menor do que aquelas distribuídas nas corridas do Brasil. Mas analisando melhor, não deve ser nada fácil fazer uma medalha nesse formato, representando o Obelisco e o sol que aparece na bandeira da Argentina. Seja como for, gostei bastante da experiência de viajar e correr. Que esta seja a primeira de muitas corridas internacionais.



segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Map My Run - Agosto 2012


Finalmente consegui ultrapassar a marca de 100km corridos no mês. Conseguindo manter a discplina de pelo menos 2 treinos semanais e com alguns longões que visavam à preparação para a Meia Maratona, a meta foi superada (e muito). A quilometragem poderia até ter sido maior, mas no último treino do mês decidi fazer um treino de velocidade no qual consegui manter uma média de 12km/h por pouco mais de 5km.

O treino do dia 26 foi interessante. Eu estava em Santos e havia ido a um casamento na véspera. Estava um pouco cansado e por isso decidi que faria um treino relativamente curto. Para minha surpresa, uma corrida de rua havia sido disputada na orla da praia nesse dia. Trata-se de uma corrida organizada pelo SBT para rivalizar com a corrida da Tribuna. São apenas 7km, mas cobrindo toda a extensão da orla da praia. Quando comecei meu treino a corrida já estava encerrada (pude ver muita gente voltando pra casa exibindo a medalha no peito) mas a avenida da praia permaneceu interditada, de modo que pude correr nela. Muito interessante também tomar conhecimento de mais uma prova de rua em Santos. Com certeza uma opção a mais para os próximos anos.

Apesar do bom ritmo de treinos, ainda estou um pouco receoso com relação à Meia Maratona (que será realizada no próximo domingo). Fiz apenas dois longões e cansei bastante no trecho final de ambos. Considero que estou melhor preparado agora do que quando corri na Praia Grande há 2 anos atrás, mas certamente estou pior do que quando corri na Asics no ano passado, quando estabeleci minha melhor marca pessoal nessa distância. Seja como for, domingo agora vem a corrida. Mal posso esperar...