quarta-feira, 24 de junho de 2015

Um novo velho desafio: 10 Km da Tribuna 2015

Participei da minha primeira corrida de rua em 2008 na prova dos 10 km da Tribuna. De lá pra cá foram 5 participações consecutivas nesta prova. Fiz 2 anos de intervalo para me concentrar em outros desafios, como por exemplo participar de uma Maratona. Neste ano de 2015 resolvi que não ia participar de nenhuma prova longa, mas sim que iria focar em provas mais curtas e buscar melhorar meu ritmo. Tudo isso porque o foco em longas distâncias fez com que eu perdesse um pouco de velocidade. Achei que uma boa meta seria fazer uma prova de 10k abaixo de 50 minutos (meu melhor tempo era de 50min51seg). E a prova da Tribuna, como já expliquei em posts anteriores, seria a ideal para buscar esta marca. Até mesmo porque, depois de tantas participações, posso dizer que já conheço cada metro do percurso. Sei exatamente onde estão os postos de água, quais são os trechos com a pista mais estreita, ou com asfalto ruim, dentre outras coisas. Então busquei uma planilha de treinos e segui o melhor que pude para atingir minha marca.

O treino mostrou um pouco de resultado. 3 semanas antes da corrida fiz um treino no qual cravei 52 minutos. Mas logo na semana seguinte acabei viajando e quebrei um pouco o ritmo de treinos. Também não fui muito atento à alimentação, cometendo alguns excessos. Resultado: na semana anterior à da corrida estava fazendo em 53 minutos. Mas sabe como é, no dia da prova a gente sempre encontra aquela energia adicional, então quem sabe?

Quando cheguei na retirada do kit percebi que era a trigésima edição da corrida. Realmente, lembro-me que a edição de 2010 era a 25a., motivo pelo qual a organização até preparou uma revistinha que veio no kit do atleta. Pelo visto desde então a revistinha sempre esteve presente, sendo que dessa vez não foi diferente. Algumas informações acredito se repetirem todo ano: galeria de campeões, número de atletas em cada edição (desta vez foram 21 mil, o que faz desta prova a maior de 10k do Brasil em número de participantes), número de atletas por cidade (destaque para as cidades da Baixada Santista, como não poderia deixar de ser, mas ainda assim com participantes de várias cidades de São Paulo e inclusive de outros Estados), dentre outras. Mas o que mais gostei mesmo foi da entrevista com duas figuras respeitadíssimas pelos corredores: o médico Drauzio Varella e o campeão Vanderlei Cordeiro de Lima (o mesmo que foi abraçado pelo padre irlandês na maratona olímpica em Atenas-2004, e que já venceu a prova da Tribuna em edições anteriores). Outras matérias interessantes foram a evolução da prova ao longo dos anos e uma entrevista com o campeão Luiz Antonio dos Santos, vencedor da primeira edição em 1986.

Chegou então o momento da prova. Cheguei cedo à Av. João Pessoa, sede do prédio da Tribuna e local da largada. Muita gente como sempre, mas como cheguei cedo consegui um bom lugar pra largada. Uma bola enorme da Tribuna ficou ali na região de largada permitindo um momento de descontração para os atletas enquanto esperavam a sirene.


E enfim a prova começou. Parti com a estratégia de tentar fazer 4:50/km no início para construir uma certa margem. Completei o primeiro quilômetro, logo na saída do túnel, com exatos 5 minutos de prova (talvez 1 ou 2 segundos a menos). Tudo bem, no começo sempre é necessário desviar de outros atletas, fazer algumas ultrapassagens, é normal perder um pouco de tempo. Mas percebi que consegui lidar muito melhor com esse tipo de situação do que na maioria das vezes. Segui focado na minha corrida e ao cruzar o km2, já na virada da Av. Ana Costa, estava com 9:50 de prova. Peguei água no primeiro posto, mesmo que estivesse uma manhã fria e a água estivesse gelada. Mas se tem uma lição que aprendi nas maratonas que participei foi a de como me hidratar corretamente. Tanto que nem perdi tempo com isso. No km3 eu consegui melhorar mais o tempo, e passei com 14:45. Mas por outro lado senti que estava puxando demais. Virei na Francisco Glicério e no cruzamento com o canal 3 veio o km4. Desta vez não peguei água, e senti que o ritmo havia mesmo piorado: 19:50. Ainda tinha uma certa margem, mas não dava pra vacilar. Quando pensava em aumentar o ritmo, lembrava que ainda tinha muita corrida pela frente e precisava maneirar. E no km5, metade da prova, na Av. Afonso Pena, passei com 25:03.

"Droga!" Foi o que me veio à mente. Ia ter que fazer uma segunda metade mais forte que a primeira. E eu não achava que estava sobrando na prova desse jeito. Muito pelo contrário. Achei que não ia dar, mas pelo menos tinha condições de melhorar meu recorde pessoal. Continuei focado na minha corrida, naquilo que eu deveria fazer. Tão focado que peguei a água no posto do km6 e nem lembrei de olhar no relógio para ver meu tempo. Mas no km7, já no Canal 5, veio a confirmação de que eu estava cansando: 35:30. Trinta segundos acima do tempo meta, e faltando 3 quilômetros. Diferença muito grande para buscar no final. Nesse momento que tive a certeza de que a meta dos 50 minutos não seria alcançada dessa vez.

Virei para o trecho final na praia, bem ali onde está a marca do km8, com 40:30. Pelo menos havia recuperado o ritmo. E na praia, com o calor humano trazido pelo público que sempre acompanha a prova, é que vem aquela energia a mais. Como eu já estava bem cansado e era muito difícil realizar ultrapassagens, o resultado foi que esse fôlego a mais serviu para me manter no mesmo ritmo, tendo passado pelo km9 com 45:30 e pelo km9,5 (sim, a prova da Tribuna tem essa marcação) com 48:00. Quando avistei a linha de chegada soltei todo o gás que tinha e parti para um sprint final enlouquecido: terminei a prova com 50min15seg! Acima do tempo meta, mas o suficiente para estabelecer um novo recorde pessoal!


Qual foi a sensação? Basta ver a foto. Felicidade, claro. Por voltar a correr em Santos. Por voltar a participar desse baita evento que é a prova da Tribuna. Mesmo já sendo essa a minha sexta participação no evento, mesmo já tendo passado por desafios muito maiores, a sensação de terminar é sensacional. Realmente, essa é uma prova diferenciada. Não sei se por ser em Santos, cidade onde nasci. Ou se pela organização que a meu ver foi impecável dessa vez. Ou se pelo forte apelo popular da corrida. Ou se pelo percurso que é muito rápido e muito bonito. Ou se é por tudo isso ao mesmo tempo. Mas fato é que mesmo tendo participado de muitas outras corridas por aí, posso afirmar que essa é sem sombras de dúvidas uma das melhores corridas de rua do Brasil.


Tem outra coisa muito legal a relatar sobre a edição deste ano. Como já explicado, a prova é organizada pela Tribuna, veículo de comunicação compreendido por um canal de tv, uma rádio e um jornal impresso. Como não poderia deixar de ser, a edição do jornal impresso no dia seguinte traz a corrida como um dos principais destaques. Pois veja você como foi a capa da edição desse ano. É possível reconhecer alguém no canto inferior esquerdo?


Para fechar, como sempre, a foto da medalha. Não foi dessa vez que fiquei abaixo dos 50 minutos. Mas valeu. Tenho uma boa desculpa para voltar a correr na Tribuna numa próxima oportunidade :)


quinta-feira, 4 de junho de 2015

Quando duas paixões se encontram: Santos Run 8k

Todo mundo sabe que gosto muito de correr. Não é à toa que comecei esse blog. E acho que todo mundo sabe também que gosto muito de futebol e que meu time do coração é o Santos Futebol Clube. Bom, quem não sabia ficou sabendo agora. Pois qual não foi a minha surpresa ao descobrir que o clube estava agora organizando corridas de rua?

A bem da verdade eu já sabia da existência dessa corrida. Mas não consegui participar em outros anos devido a conflitos com outros compromissos pessoais. De qualquer modo, uma vez que esse ano eu havia traçado como objetivo principal participar de provas curtas para melhorar meu tempo, e que o foco seria a preparação para uma prova de 10k, achei que a inclusão de uma prova de 8k no meio dos treinos seria unir o útil ao agradável.


Ainda mais se o agradável fosse uma corrida organizada pelo seu time do coração. Com largada do lado da Vila Belmiro e chegada dentro dela! O percurso seria por ruas próximas ao estádio, passando também pelo centro histórico da cidade. Curiosamente uma corrida em Santos que em nenhum momento sequer passou perto da praia, que costuma ser o "point" das corridas de rua na cidade. Mas desta vez o "point" era mesmo o Templo Sagrado.

Já no sábado durante a entrega do kit achei a brincadeira bem interessante. A camisa era muito bonita: azul marinho, com uma tonalidade parecida com a camisa número 3 lançada alguns anos atrás, fugindo um pouco da obviedade do branco e preto do time. Além da camiseta, o kit também vinha com vários cupons de desconto em lojas de um shopping de Santos (no qual foi realizada a entrega dos kits) além da loja Vila do Santos. Mas é como eu gosto de dizer: desconto para você comprar coisas que você não precisa e que você não compraria se não tivesse um desconto.

Veio então a hora da largada, com o povo animado e cantando o hino do Santos quando tocou a sirene. Pelo baixo número de participantes da prova (menos de 3 mil), a dispersão pós-largada até que se deu de forma bem rápida, mesmo com as ruas estreitas do bairro da Vila Belmiro. Também devo considerar que cheguei cedo e consegui um bom lugar pra largar. Aliás, a boa largada foi fundamental para imprimir um bom ritmo de prova desde o começo. Mesmo sendo uma prova festiva, eu havia fixado a meta de tempo de 40 minutos, condizente com o ritmo necessário para fechar futuramente os 10k em menos de 50 minutos.


Logo tomamos a Av. Pinheiro Machado, popularmente conhecido como Canal 1, em direção ao centro da cidade. Passamos na frente do Teatro Municipal, para a seguir passarmos por uma pracinha chamada de Vila Belmiro e pegarmos a Rua Júlio de Mesquita, já no centro da cidade. O ritmo seguia muito bom e na faixa dos 5 min/km. Viramos na Av. Conselheiro Nébias e seguimos até a Av. João Pessoa.

Trata-se da avenida no centro da cidade onde se situa o prédio da sede da Tribuna. Acredito que o intuito da organização era justamente esse, pois trata-se do jornal que cobre mais de perto os jogos do time. Mas não deixou de ser curioso passar na avenida onde ocorre a concentração e a largada da corrida que o próprio jornal organiza, e que é muito mais famosa. Mas diferentemente da prova da Tribuna, que segue pelo túnel que passa debaixo do Monte Serrat, na Santos Run os corredores faziam um retorno em 180 graus, o que inevitavelmente obriga a uma redução de velocidade.

Seja como for, nessa avenida passei pela faixa dos 5km com 25min45seg de tempo. Um pouco acima da meta, mas ainda assim um tempo bom. Pegamos a Av. Senador Feijó, e mais pra frente, já de volta na Rangel Pestana, um outro corredor me alertou sobre minha postura. Disse que eu estava perdendo energia por me curvar muito pra frente. Na verdade esse é um defeito meu que já conheço e que preciso de fato corrigir. Isso acontece principalmente quando estou me cansando, o que era o caso devido ao forte ritmo. De qualquer modo, passei pela marca de 7km com 36min01seg. Como ainda tinha energia sobrando decidi que soltaria tudo o que tinha direito no último quilômetro.


Como é possível ver pela foto acima, a chegada ocorreu dentro do estádio, entre o banco de reservas e a linha lateral do gramado. Com direito ao hino do Santos tocando nos alto-falantes da Vila famosa. Melhor que isso só se tivesse algum jogador (ou ex-jogador) ali para saudar os atletas que chegavam. Mais ou menos como fizeram na prova da Indy, na qual Tony Kanaan estava na largada cumprimentando os corredores.

Tudo bem que soltei tudo o que tinha no quilômetro final e realmente acho que "voei", mas ter completado a prova com 38min56seg significa ter feito o último quilômetro em menos de 3 minutos, coisa que só um profissional conseguiria. Realmente coloco em dúvida a distância exata da corrida. Quando cheguei em casa fiz o mapeamento do percurso usando o MapMyRun e deu 7.8km. Pelas minhas contas com esses 200 metros a mais eu teria feito um pouco acima de 40 minutos no tempo final. Bom, deixa pra lá.

A experiência de correr uma prova organizada pelo seu time do coração com chegada dentro do próprio estádio foi sem dúvida algo inesquecível. Se você não é santista, não se desespere: sei que os outros "grandes" de São Paulo também organizam provas parecidas. E acho que no Rio existe uma corrida das torcidas também. Enfim, existem outras opções por aí na praça para quem quiser correr uma prova relacionada com futebol.

Agora, o mais legal vem agora: a medalha! Caprichosamente produzida no formato do escudo do Santos. Não deve ter sido fácil de fazer. E ficou realmente muito bonita. Mais uma pra coleção!


terça-feira, 28 de abril de 2015

Map My Run - Janeiro a Março 2015




Quando pensei em escrever sobre a última prova que participei, percebi que ainda não havia escrito nada este ano. Por esse motivo achei melhor começando sobre os treinos que realizei no primeiro trimestre deste ano.

Pois 2015 começou e já no primeiro dia calcei o tênis e fui correr. Acho que foi a primeira vez que corri no primeiro dia do ano. E Janeiro foi um mês intenso, com treinos também de natação e bike. Procurei preços de academias para começar a nadar, recebi ofertas de bicicletas de competição, mas no fim das contas decidi que ainda não é a hora do triathlon. Trata-se de um esporte que na verdade são 3, e você tem que estar treinando os 3 o tempo todo. Exige realmente bastante dedicação, mas outros projetos pessoais são mais prioritários no momento.

Some-se a isso o resultado do sorteio da Maratona de Nova Iorque, no qual fui mal-sucedido. Por esses motivos decidi que, se 2014 foi um ano dedicado às corridas longas, 2015 seria dedicado às provas mais curtas. Quem sabe melhorar meu tempo nos 10k, visto que nunca fiz abaixo de 50 minutos? De qualquer modo, natação e bike continuam eventualmente fazendo parte de alguns treinos cruzados, que é quando quero realizar um exercício diferente da corrida de modo a quebrar a rotina e poupar o joelho do exercício de impacto.

De todos esses treinos destaco meu treino mais longo de bike realizado em 24 de Janeiro. Foram 42km. Sim, o equivalente a uma maratona. Mas claro que as provas de bike de longa distância são muito maiores do que isso. Só pra ter uma ideia, no Ironman são 180km.

Em breve devo escrever sobre a primeira corrida que participei este ano, além do próximo desafio.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Sem saber que era impossível, ele foi lá e fez: Maratona de São Paulo 2014

Ou seria melhor dizer: mesmo sabendo que era impossível, ele foi lá e fez?

A bem da verdade, quando decidi encarar os 42k pela primeira vez, a escolha óbvia seria a Maratona de São Paulo dada a proximidade geográfica para mim. Mas no ano passado fui surpreendido com uma repentina mudança de data na corrida, de junho para outubro, o que conflitava com meus planos para o segundo semestre. Por esse motivo decidi fazer minha estreia em maratonas na cidade maravilhosa no ano passado. Mas o forte calor carioca no dia me fez concluir que a maratona seguinte teria que ser em um lugar frio. O ano virou e a organização manteve a data da Maratona de São Paulo para o mês de outubro. Mesmo sabendo que corria o risco de vir outra corrida com muito calor, decidi arriscar e fiz a inscrição. E tentei me preparar melhor para tal: fiz treinos em horários mais tarde (começando às 9:00 da manhã ao invés das 7:00), incluí uma meia no Rio de Janeiro com largada às 9:00 da manhã, dentre outras. Fiquei até tranquilo poucas semanas antes da corrida quando uma frente fria derrubou as temperaturas em São Paulo. Mas logo veio uma onda de calor e na semana que antecedeu a Maratona eu cogitei seriamente desistir de participar da prova pois considerei que seria impossível completar nessas condições climáticas. Colegas corredores do trabalho me incentivaram, disseram que eu deveria no mínimo tentar, e que na pior das hipóteses desistiria no caminho. Não seria nada vergonhoso desistir de uma maratona num dia muito quente. E por isso resolvi que iria arriscar.


A corrida foi no exato dia da mudança do horário de verão. Ou seja, a largada às 8:00 na verdade corresponderia às 7:00, o que facilitaria do ponto de vista do calor. Na véspera da corrida, durante a retirada do kit, já deu pra sentir o drama que estava por vir. Mas fiz uma boa preparação, especialmente no final, com direito ao "carbo-load" e boas horas de sono na véspera. Na verdade acabei dormindo um pouco mal, talvez por causa da ansiedade da corrida. Quando o despertador tocou eu não tinha a menor vontade de sair da cama, muito menos para correr uma maratona. Mas criei coragem, levantei e fui até a largada. Cheguei meia hora antes e os termômetros já marcavam 24°C. Sentei na sarjeta e fiquei esperando. Enquanto isso o locutor da organização falava ao microfone para as pessoas se hidratarem bem durante a prova, em especial os que iriam para a Maratona (existia também uma prova de 10k e uma de 25k). Chegou inclusive a dizer que a previsão era de temperaturas acima dos 30°C ao longo da prova, e que quem não se sentisse bem deveria desistir da prova, que outras oportunidades iriam surgir. Para mim isso soou como uma enorme irresponsabilidade da organização de definir a data da maratona para um mês tão quente. Tanto é que agora para 2015 voltaram a data para o mês de Maio. Pelo menos percebe-se que aprenderam a lição.

Veio então a largada, e eu ainda estava sonolento. Fui seguindo um ritmo tranquilo, sem forçar no começo e aceitando o ritmo da multidão. Somando as 3 provas acho que tinha cerca de 15 mil pessoas ali na largada, o que causou aquela muvuca à qual já estou habituado. Logo no km1 já vi um posto de água e achei que se jogasse água na cara seria uma boa para despertar. Mas que nada, o posto era no km41. Seja como for, considero que "acordei" de fato apenas no km4, já com uns 22 minutos de prova (comecei virando 6:30/km) que foi quando cheguei ao primeiro posto de água e pude finalmente jogar água no rosto. Aliás, dado o forte calor que o dia prometia, resolvi adotar a seguinte estratégia: pegar sempre 2 copos de água em cada posto, ao contrário de apenas 1 como sempre faço. Desses 2 copos, eu tomava metade do primeiro e jogava todo o resto na cara de modo a regular melhor a temperatura corporal. Além disso, fui munido de carbo-gel, bananinha e cápsulas de sal que um amigo triatleta me deu.

Veio então o primeiro túnel, com direito a DJ, música, luzes de balada e muita algazarra. A galera realmente gritava, o que me fez perguntar se aqueles alucinados estavam indo para a maratona. Não demorou muito para chegar a resposta. Logo na sequência passamos pelo km5 e a galera dos 10k se separou e tomou o caminho de volta. E a seguir veio o segundo túnel, no qual apenas os atletas das provas de 25k e 42k entraram. E o que se ouviu dentro deste túnel foi o mais absoluto silêncio. Ouvia-se apenas o som das passadas dos atletas, e o bater de asas de uma mosca caso tivesse alguma por ali.

Na saída do túnel, a avenida do Jockey, local onde larguei na Meia da Mizuno do começo do ano. A partir deste ponto o percurso da Maratona foi muito parecido com o desta meia. Atravessamos toda a avenida e antes de entrar na USP cortamos para a ponte Cidade Universitária. Na Praça Pan-americana completamos 10k (cerca de 1h05min) e seguimos pela avenida que leva ao Parque Villa-Lobos. Desta vez, ao contrário da Meia da Mizuno, a pista não estava dividida ao meia para o "vai-e-volta", causando menos aglomeração e propiciando uma boa corrida. Nesse ponto eu estava bem. Os termômetros já marcavam mais de 30°C e eu sentia o calor. Mas seguia com a estratégia da hidratação em cada posto de água, consumindo também meus sachês de gel, bananinha e cápsulas de sal alternadamente em cada posto, conforme planejado. A sensação é a de que eu estava dentro da prova, mantendo o foco, e que tinha condições sim de terminar (embora ainda estivesse muito cedo para dizer qualquer coisa).

Entramos na USP e o calor apertava. Pelo menos lá dentro deu pra pegar a sombra das árvores no meio da avenida da raia. Corri inclusive fora do asfalto, nas vagas de estacionamento, pois é onde estava a sombra. Saímos pelo Portão 2 e pegamos a Av. Escola Politécnica. O Sol realmente começava a judiar e eu agradecia por ter lembrado do protetor solar, senão a esta hora já estaria torrando. Quando reentramos na USP, novamente pelo P2, na altura do km18, veio o primeiro posto de Gatorade. Peguei 3 sachês na mão (até porque não cabia mais), ao contrário da Maratona do Rio na qual só pegava 1 sachê por posto. Lembrando que naquela corrida o Gatorade acabou no km25 e enfrentei o final da prova só à base de água. Mas aqui, até mesmo pelo número mais limitado de postos de Gatorade, decidi guardar um pouco. Tomei o primeiro sachê na hora. O segundo foi após cruzar o km21, ainda dentro da USP, ponto no qual muita gente comemorou por ter chegado na metade, e no qual passei com cerca de 2h15min de prova. Saindo da USP passamos pelo túnel que levava de volta à Av. do Jockey, na qual um fotógrafo tirou a foto abaixo. Percebe-se que já estou um pouco cansado, mas sentia que dava, que tinha plenas condições de ir até o fim mesmo com aquele calor. Nesse ponto ouvi outros corredores comentando que iam parar ali no Jockey, no km25, junto com o pessoal que havia se inscrito para a prova de 25km, pois dali havia um ônibus da organização que levaria gratuitamente até a chegada no Ibirapuera. Mas sequer cogitei essa possibilidade, tamanha era a confiança que havia adquirido naquele ponto da prova.


Chegamos então ao km25 e à chegada da corrida dessa distância. Tive a impressão de que cerca de metade dos atletas (ou mais) havia deixado a prova na altura dos 10k. E agora metade do que ficou também saía, de modo que menos de 1/4 dos que largaram continuavam na maratona. Nesse ponto aconteceu também algo curioso: uma acessoria esportiva estava distribuindo Gatorade e banana para os atletas. Mesmo com um sachê na mão não hesitei em aceitar a oferta pelo Gatorade extra.

Foi então chegando ao posto de água da Ponte Cidade Jardim, logo após o km26, que comecei realmente a sentir pesar mais o cansaço. Foi bastante animador ouvir palavras de incentivo das pessoas naquele ponto, dizendo que só por estarmos ali já éramos vencedores. De cima da ponte pude ver as pessoas correndo na Marginal Pinheiros, e em pouco tempo eu também chegaria lá.

Eis então o momento crucial da prova: a Marginal Pinheiros. De um lado, um rio com cheiro de esgoto. Do outro, a pista local (corríamos na espressa) completamente congestionada de carros emitindo dióxido de carbono pois o trânsito estava desviado. E para piorar, o Sol escaldante do dia e a falta completa de sombras. E ao chegarmos lá já tínhamos 27km na bagagem. Tomei meu último sachê de Gatorade. Mas logo veio um posto de água no qual distribuíram batatas assadas também. O alimento salgado deu uma reanimada também. Foi nesse ponto, no km29, que caminhei pela primera vez, para comer as batatas.

Para minha surpresa, ao passar pelo km31 havia um posto de Gatorade. Na verdade era o do km36, mas como o posto ficava no meio da avenida (fazíamos ida-e-volta na Marginal, o posto ficava na volta) era possível pegar na ida também. Fui seguindo pela Marginal. Sabia que o retorno seria na ponte estaiada, mas eu sequer era capaz de avistá-la. Só consegui fazê-lo no km33. E o retorno aconteceu apenas no km34, com direito a um tapete de marcação de tempo intermediário nesse ponto. Começava a sentir enjoo, e embora eu soubesse que tinha que consumir gel e bananinha para repor os carboidratos, achei que poderia vomitar consumindo esses alimentos doces desse jeito.

Veio então o km35. E com ele, o famoso "muro". Se no Rio eu bati no muro no km32, quando senti fortes dores no baço, aqui foi no km35. Não foi tão desesperador quanto no Rio, mas ainda assim foi nessa hora que eu achei que não aguentava mais correr, que havia chegado ao meu limite. Faltavam apenas 7km para o final, mas parecia muito mais. Mas, se no Rio contei com o apelo popular da prova para encontrar energias e continuar, desta vez contei mesmo foi com a sorte. Quis o destino que aquela acessoria esportiva que distribuiu Gatorade e banana no km25 estivesse também no km35. Troquei ideia com a senhora que nos atendeu. Ela disse que no começo eles davam apoio apenas para seus atletas, mas em um dado momento começavam a ajudar quem estivesse precisando. Além do Gatorade, ela me ofereceu azeitonas, e disse que o sal iria me fazer bem. E ela também enfatizou que ali era o pior trecho da prova, que saindo da Marginal as coisas iriam melhorar. Agradeci o apoio, embora não lembre o nome da acessoria para mencioná-los aqui novamente. Seja como for, reitero meus agradecimentos.

A saída da marginal deu-se por meio de uma subida de uma alça de acesso. Consegui subir correndo, e nesse momento me ocorreu o pensamento de que eu realmente gostava de correr. Nada justificava continuar naquela corrida naquelas condições a não ser o gosto enorme pela corrida. Mas agora já estava no km38, de volta à Av. Juscelino Kubitschek, e era só seguir em linha reta rumo à chegada. Ao passar pelo posto de água do km39 a moça da organização me disse que era o último, e insistiu para que eu levasse um terceiro copo. Peguei os dois túneis na volta. Por um lado achei bom pois tinha um pouco de sombra e evitava a desidratação, mas por outro era ruim pelo desnível. O cansaço era tanto que acho que caminhei por mais de um quilômetro inteiro nesse retorno. No primeiro túnel uma ambulância passou por mim. E logo após sair do segundo vejo alguns pedestres acudindo outro corredor que havia desmaiado. É, a coisa não estava fácil pra ninguém. Eu continuava caminhando e correndo pouco, pois sentia que a desidratação estava começando a pegar. Tal como foi na Maratona do Rio. Mas só fui sentir esses problemas agora no final.




Cheguei então à Av. República do Líbano, margeando o Parque do Ibirapuera. Fazia muito calor e o ar estava muito abafado. Eu realmente sentia muito forte a desidratação. Passei por um termometro marcando absurdos 36°C. Eu simplesmente não podia acreditar naquilo. Lembro-me de um treino que fiz em Santos uma vez no verão a 38°C e que passei muito mal. Mas então, fui salvo novamente pelo posto de água do km41 (sim, o mesmo pelo qual havia passado na ida, confirmando que a moça do posto do km39 havia se enganado). Logo pude avistar o Monumento às Bandeiras, e fazendo essa curva logo pude avistar a linha de chegada. Faltando cerca de 300m para o fim, ouço meu nome. Era minha namorada me esperando. Ela correu comigo os últimos metros da corrida e tirou minha foto no instante da chegada. Acima, é possível ver a foto oficial da minha chegada tirada pela organização (dá pra vê-la de azul tirando a foto). E abaixo, a foto que ela tirou na sequencia da minha chegada. Pra quem havia cogitado sequer participar, terminar a corrida era algo simplesmente inacreditável. Foi realmente uma saga memorável.


Vale a pena enfatizar que, apesar do tempo de prova um pouco mais elevado que na Maratona do Rio do ano passado, desta vez a recuperação pós-prova foi muito mais fácil. Não tive febre no dia e consegui até pegar o carro para dirigir à noite. No dia seguinte também fui trabalhar sem problemas. O trauma do ano anterior foi finalmente superado. E após duas maratonas debaixo de Sol escaldante, não me restam mais dúvidas: a maratona pode ser um sonho, mas é sim possível. Basta acreditar, querer e se preparar adequadamente. Deve-se gastar muito tempo com a preparação, mas no fim das contas é pra lá de divertido. E, como já mencionado, é para quem REALMENTE gosta de correr.

Segue finalmente a foto da medalha e a conclusão deste post. Não foi a primeira medalha de maratona, mas certamente será outra corrida inesquecível para guardar na memória para todo o sempre!


domingo, 4 de janeiro de 2015

Map My Run - Dezembro 2014


Dezembro foi um mês tranquilo. Nenhum objetivo em vista, apenas treinos para manter o ritmo. Tirei as teias de aranha da bike e saí pra pedalar algumas vezes. Também tentei voltar a nadar. Talvez em Janeiro em retome esses esportes de maneira mais forte, pensando em um triathlon em Março. Mas por enquanto apenas planos.

Ao todo, no mês de Dezembro corri 52.76km, pedalei 67.09km (sim, mais que corrida) e nadei 2.3km. Ao longo do ano, foram 1203.62km de corrida, 208.09km de bike e 14km de natação. Fiquei feliz por ter superado os números de 2013, e também por ter mantido uma média superior a 100km corridos por mês.

E 2014 foi também o ano no qual participei de menos provas desde 2009. Foram poucas, mas foram boas. Meia Maratona Mizuno, Meia Maratona do Rio e Maratona de São Paulo. Nenhuma prova curta. Só longas distâncias. E ainda estou devendo a história completa da última.

2015 começa sem grandes objetivos. Pelo menos por enquanto acho que o grande objetivo é conseguir manter a boa média de treinos.