segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Feliz Ano Novo: São Silvestre 2012

Neste ano de 2012 resolvi participar novamente da Corrida de São Silvestre. Como já mencionei no meu post da corrida de 2008, desde pequeno que acompanho a transmissão da corrida pela televisão. E depois de minha participação, acho que passei a acompanhar com mais entusiasmo. Em 2009 vi a vitória do queniano James Kipsang, o mesmo que venceu no ano que corri, com um gostinho de saudade e de saber que exatamente um ano antes eu estava lá. Vibrei muito com a vitória do Marílson em 2010, embora nesse ano eu tenha ficado muito chateado ao saber que a organização derrapou e entregou a medalha aos corredores junto com o kit pré-prova devido à falta de espaço na Paulista (isso aconteceu devido à perda do enorme estacionamento que foi fechado para levantar um prédio no qual era feita a entrega das medalhas). Fiquei indignado que em 2011 alteraram a chegada para o Obelisco do Ibirapuera exatamente por essa questão de espaço. E fiquei muito feliz que em 2012 trouxeram a chegada novamente para a Av. Paulista, desta vez alterando também o horário da prova para o período da manhã de modo a permitir uma dispersão tranquila dos atletas sem interferir com a chegada das pessoas que querem participar do Reveillon na Paulista.

Com tudo isso e mais algumas alterações no percurso, achei que seria interessante voltar a competir na São Silvestre. Em 2008 completei a prova de 15km em 1h34min, minha pior média de velocidade em todas as provas que disputei. Vim para a edição de 2012 disposto a superar essa marca. E achei que não seria difícil, dados os tempos que vinha fazendo nos treinos. É claro que uma semana antes da prova fiz um treino com a mesma distância e completei em apenas 1h43min, mas uma vez que o calor de 38°C que experimentei naquela ocasião não deveria se repetir no dia da prova, achei que não teria muitos problemas.


No entanto as coisas não aconteceram da maneira como eu imaginei. Não sei ao certo onde foi que errei, mas o fato é que terminei a prova com um tempo ainda pior do que o que fizera há quatro anos atrás. Isso porque hoje já estou acostumado a distâncias maiores, sou mais experiente e sei dosar melhor as energias. Posso até apontar alguns pontos, como a noite de sono mal-dormida, a péssima posição de largada que obtive, o calor que se não era de 38°C pelo menos era mais forte do que há 4 anos atrás; ou pode ser que eu simplesmente não estivesse no meu melhor dia. 

Combinei de encontrar um colega na catraca do metro Trianon-Masp para corrermos juntos, mas infelizmente desencontramos. Fui sozinho me posicionar para a largada. Encontrei fantasiados como Charlie Chaplin, cangaceiros, carnavalescos, dentre outros. Fui trocar uma ideia com um cara que segurava uma placa da cidade de Cerquilho-SP, pois lembro-me de ter visto esta placa em outras provas como a da Tribuna e de Revezamento do Pão-de-Açúcar. Descobri que eles eram um grupo de corredores daquela cidade e que participam de várias provas durante o ano. Sempre levam a placa para aparecer na tv e nas fotos, e contam com um grupo de apoio que recolhe as placas após a largada. Ele mesmo já havia me alertado para não me preocupar com o tempo naquela prova, pois a São Silvestre não é uma corrida para você fazer tempo, e sim para curtir.

Tenho certeza que consegui uma posição de largada muito pior do que aquela de 4 anos atrás. É bem possível, pois se naquele ano eu me posicionei para a largada com pouco mais de 1 hora de antecedência, dessa vez procurei meu lugar faltando pouco mais de 20 minutos. Resultado: ao soar a sirene, levei 5 minutos para conseguir dar o primeiro passo e 15 minutos para passar pelo pórtico de largada (contra 7 minutos da minha outra participação). E não só isso: peguei "congestionamento" durante quase todo o percurso. Gastei muita energia fazendo ultrapassagens, o que até me incomodou um pouco pois simplesmente não conseguia achar espaço para correr. Mas essas coisas são assim mesmo: são 25 mil corredores, cada um com seu ritmo, seu preparo e sua estratégia de corrida. Claro que uma melhor posição de largada me permitiria encontrar melhor meu espaço, mas infelizmente não foi assim e não há muito o que fazer também. A única coisa que me irritou de fato foi ver pessoas caminhando durante todo o percurso desde o primeiro quilômetro, o que certamente atrapalha a vida de qualquer um. 



Com relação ao novo percurso, por um lado achei ruim, pois a descida da Consolação proporcionava um espetáculo inesquecível de ver aquele mar de gente correndo com camisetas das mais diversas cores (mas o mesmo pode ser observado na Brigadeiro Luiz Antonio, embora em menor intensidade). Também senti falta do Minhocão, trecho no qual as pessoas que moram nos prédios adjacentes lotavam as varandas e acenavam para os atletas, soltavam rojões e até jogavam água através das mangueiras de suas casas para refrescar os atletas. Um dos momentos mais bacanas da prova que infelizmente foi cortado.

Por outro lado, o novo percurso permitiu que outros trechos do centro de São Paulo fossem explorados. Ao invés da Consolação, seguimos pela Av. Dr. Arnaldo e descemos a Rua Major Natanael, que margeia o Cemitério do Araçá e desemboca na Praça Charles Müller, onde se encontra o Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho, vulgo Pacaembú. Nesse estádio encontra-se também o Museu do Futebol, que certamente vale uma visita para os mais fanáticos por futebol e também para os nem tanto. Depois seguimos pela Av. Pacaembú e contornamos o Memorial da América Latina em várias ruas estreitas. Em uma delas houve uma distribuição de água um tanto quanto caótica devido à enorme quantidade de pessoas querendo água e ao fato da passagem ser bem estreita. Depois seguimos por um viaduto, uma longa e desgastante subida na qual comecei a sentir também o calor do sol que já subia mais alto.

A partir deste momento eu já me encontrava muito cansado e queria mais que a corrida terminasse logo. Mas ainda assim pude apreciar um pouco do centro velho de São Paulo, começando pela Avenida Rio Branco. Na edição de 2008 seguíamos praticamente pela rua inteira, mas dessa vez dobramos na Praça Princesa Isabel na Av. Duque de Caxias. Nessa praça encontra-se uma estátua gigantesca em homenagem do Duque que ficou famoso na Guerra do Paraguai. Continuamos pelo Largo do Arouche e depois chegamos à "esquina da cidade", o cruzamento da Av. Ipiranga com a Av. São João, que ficou eternizada na música "Sampa" de Caetano Veloso. Essa esquina também estava presente no percurso antigo, embora fosse mais para o começo da prova. Seguimos então pelo Largo do Paissandú e passamos atrás do Teatro Municipal de São Paulo, que se encontra na Praça Ramos de Azevedo. Um prédio muito bonito que também vale uma visita. Chegamos então a um dos cartões-postais da cidade, o Viaduto do Chá, do qual se obtém uma bela vista do centro da cidade. Depois disso contornamos o Largo do São Francisco, sede da Faculdade de Direito da USP, e ganhamos a famosa, temida, amada e ao mesmo tempo odiada subida da Av. Brigadeiro Luiz Antônio.


Logo no começo da subida fiquei um pouco surpreso com a euforia que alguns corredores demonstraram ao iniciarmos esse trecho com gritos de guerra "Uh! Briga-dê-ro! Uh! Briga-dê-ro!". Surpreso e também contagiado. O cansaço era enorme e eu tinha medo de "quebrar" e começar a caminhar durante a subida. Mas felizmente me deixei levar pela animação dos demais corredores e também do público que compareceu em massa para dar seu incentivo. Resultado: não parei em nenhum momento! Posso ter levado cerca de 15 minutos para completar apenas 2km de subida, mas fiquei muito feliz de ter completado a prova correndo do primeiro ao último metro! Aliás, nos metros finais na Av. Paulista, fui capaz novamente de dar um sprint final e correr com todas as forças que ainda restavam, exatamente como há 4 anos atrás. Acho que o fato de sair de uma subida daquelas e voltar a correr no plano equivale a tirar um peso enorme das pernas. Você até se sente mais leve e é capaz de correr mais rápido.

Como mencionei, terminei em 1h36min. Se eu achava meu tempo de 2008 ruim, o de 2012 foi ainda pior. Mas no fim das contas, valeu a pena ter acordado cedo no último dia do ano? Valeu a pena ter que dividir espaço com tanta gente? Valeu a pena sofrer com o calor e as subidas? A resposta só poderia ser uma: COM CERTEZA! Correr é sem dúvida uma das melhores maneiras de você encerrar um ano!

Para 2013 fica mais uma vez o desafio de participar de uma maratona, promessa que fiz para os dois últimos anos e não fui capaz de cumprir. No final de abril tem a Maratona de São Paulo, para a qual já estou treinando. Será que agora vai? Só o tempo vai poder dizer.

Por enquanto deixo aqui a foto da medalha da São Silvestre, talvez uma das mais bonitas de minha coleção.