terça-feira, 25 de outubro de 2011

Trabalhando em equipe novamente: Maratona de Revezamento Pão-de-Açúcar 2011

Quem tem me acompanhado nesse blog deve saber que participei da Maratona de Revezamento do Pão-de-Açúcar com alguns colegas de trabalho em 2010. Conforme eu descrevi no post daquela prova, montamos um octeto e cada um de nós correu a distância de 5,25 km.

Pois bem, este ano a ideia de montarmos uma equipe para a Maratona de Revezamento continuou de pé. Mas com algumas diferenças. Em primeiro lugar conseguimos reunir mais adeptos à causa das corridas de rua. Além disso, algumas pessoas (incluindo eu) estavam dispostas a correr distâncias maiores, como a dos 10,5km. No fim das contas montamos três equipes diferentes, sendo um octeto e dois quartetos.

Eu fazia parte de um dos quartetos, junto com 3 dos integrantes da equipe do ano passado: Anderson, Lucas e Isabel. O Anderson já é corredor há bastante tempo. Inclusive foi ele quem me recomendou participar da Corrida General Salgado em março deste ano. Já o Lucas e a Isabel, apesar de praticarem esportes com frequência, nunca haviam participado de uma corrida de 10km e queriam aproveitar esta oportunidade para fazê-lo. Percebi que isso deve ser meio comum nas provas de revezamento: pessoas que nunca percorreram uma dada distância dispostos a fazê-lo, combinado com outras que já são mais experientes nesse quesito.

Devo comentar também que inicialmente eu seria o responsável pela retirada dos kits da prova em São Paulo. No entanto, um mega-engavetamento na Rodovia dos Imigrantes me manteve preso na Baixada Santista neste dia. Após muitos telefones aos colegas explicando o problema, eis que o trabalho em equipe surte efeito. Aliás, um trabalho envolvendo outras equipes, uma vez que o Stefan, membro do outro quarteto, quem conseguiu retirar nossos kits.

Passado esse susto, tudo certo para a corrida. Neste ano me voluntariei para iniciar a prova. Ao contrário da prova fria e nublada no ano passado, desta vez o dia amanheceu com céu de brigadeiro e prometendo muito calor. Na largada, às 7 horas da manhã, a brisa fresca matinal era mais do que convidativa para uma corrida de rua.

Nos momentos que antecediam a largada um apresentador estava ao microfone entrevistando as pessoas e falando muitas bobagens. Assim como na São Silvestre, muita gente vai correr fantasiada nessa prova. E o apresentador ia atrás destas pessoas. Também não preciso dizer que os fantasiados me fizeram comer poeira. Seja como for, o mais legal de ter participado da largada foi a oportunidade que tive de ver o Marílson Gomes dos Santos dar uma entrevista ao vivo. Ele estava correndo pela equipe do próprio Pão-de-Açúcar, que venceu a prova na categoria de octetos.

Eis então que largamos. Meu tempo previsto era de uma hora, afinal como primeiro atleta eu percorreria uma distância um pouco maior, de praticamente 11km. O percurso era o mesmo do ano passado, mas desta vez eu teria que percorrer uma volta completa no circuito, ao invés da metade que percorri no ano passado. Devo também frisar que ano passado corri o trecho dos corredores pares, no qual predominam descidas. Desta vez tive que encarar também algumas subidas no trecho inicial.

Apesar de muita gente, a largada foi até que tranquila e logo encontrei meu lugar na prova. O trecho inicial dentro do Parque Ibirapuera transcorreu sem problemas e logo em seguida vieram algumas subidas. Por um momento achei que meu ritmo estava diminuindo, mas tão logo as subidas terminaram eu consegui engrenar um ritmo forte novamente. Lá pela metade do circuito havia a separação entre equipes de 8 atletas para fazerem a primeira troca e as demais equipes. Pessoas da organização gritavam sem parar quem deveria ir para cada lado. Uma vez que as equipes têm as cores azul (duplas), verde escuro (quartetos) e verde claro (octetos) algumas pessoas se confundiram. Por que ao invés de duas tonalidades de verde não fizeram uma modalidade na cor vermelha ou amarela? Vai entender essa organização.

Ao final de minha participação arranjei energias para dar uma arrancada final. Completei 10km em pouco mais de 54 minutos, entrei no portão de troca com 58 minutos (momento no qual o chip oficial parou de cronometrar) e finalmente passei a pulseira para o Anderson com 1 hora de prova. Depois disso encontrei o Lucas e a Isabel. Ficamos conversando enquanto eu tomava meu isotônico.

A corrida prosseguiu com as trocas subsequentes entre Anderson e Lucas e finalmente Lucas e Isabel. Nesse meio tempo, enquanto conversava com os amigos que não estavam na pista, encontramos também o outro quarteto de colegas. Fiquei com pena da Isabel por ter sido a última a correr, tendo largado pouco antes das 10 horas da manhã quando o sol já se tornava escaldante. Mas sem problemas, ela terminou a prova cravando um tempo de 3 horas e 43 minutos para a nossa equipe. Melhor até do que nosso próprio tempo do ano passado, de 3 horas e 49 minutos. Claro que com esse tempo nem sonhávamos em conseguir prêmio algum, mas o fato de termos melhorado a marca do ano anterior sem dúvida foi gratificante.

Infelizmente não conseguimos tirar uma foto de todos reunidos que nem no ano passado. Mas sem dúvida a manhã de domingo valeu a pena. E não só para a nossa equipe, afinal estima-se que 35 mil pessoas ao todo tenham participado desta corrida. Depois da prova ainda ouvi muita gente dizer coisas como: "Nossa, que legal, uns amigos meus também correram!"; ou então: "Por que precisavam fechar a 23 de maio para essa corrida idiota?" Seja qual fosse a reação, isso era apenas uma amostra da magnitude e da repercussão do evento.

Independentemente de quaisquer falhas na organização, parabéns ao Pão-de-Açúcar pela iniciativa e pelo sucesso da prova, reunindo milhares de pessoas (muitas delas novatas) para a prática de um esporte e buscando melhor qualidade de vida em um domingo de manhã. Essa é sem sombras de dúvida uma corrida admirável.

Para finalizar... isso mesmo, a fotinho da medalha! Ano que vem tem mais? Quem sabe? Quem sabe não volto para correr meia-maratona em dupla com mais algum maluco?


segunda-feira, 8 de agosto de 2011

A busca pela perfeição nunca termina: Golden Four Asics São Paulo


Sem querer fazer marketing gratuito, mas já fazendo, todo corredor que se preze já pensou pelo menos uma vez na vida em comprar um tênis da Asics. É a marca favorita de muita gente (inclusive a minha), embora esteja longe de ser uma unanimidade. Pois bem, uma vez que Nike, Mizuno e Fila organizam provas para promover suas marcas, este ano a Asics resolveu acompanhar a onda e lançou uma série de meia-maratonas realizadas em 4 grandes capitais brasileiras: São Paulo, Rio, BH e Brasília.

A proposta no site do evento era de um evento de qualidade e padrão internacional, ideal para atletas que buscavam alta performance. Com percursos pouco acentuados, (sem no entanto ser completamente planos) postos de distribuição de água e isotônico a cada 3km, limite máximo de 5.000 atletas e largada às 7 horas da manhã para fugir do sol escaldante, acabei por me interessar bastante e me inscrevi para a edição paulista da corrida. Afinal, seria uma excelente oportunidade de participar de uma meia-maratona em São Paulo. Além do mais, poderia tentar melhorar minha marca e correr uma meia-maratona abaixo de 2 horas.

No sábado, véspera da corrida, fui à Fecomércio na Bela Vista para a retirada do kit. A primeira impressão que tive é que a organização não era lá essas coisas. A fila para retirada estava completamente desorganizada. Um apresentador falava sobre o evento no microfone, num volume ensurdecedor. Além do mais, no site do evento eu havia solicitado uma camiseta regata no meu kit, mas recebi uma camiseta de manga curta. Outra má notícia foi com relação à organização da largada, que seria dada através de baias separadas de acordo com o tempo previsto. Acontece que no site eu já havia preenchido meu tempo meta, e na retirada da pulseira de largada descobri que aquela adequada ao meu tempo já estava esgotada. Acabei pegando uma mais próxima. Devo acrescentar também que no local de retirada dos kits havia um buffet de massas aberto aos competidores, mas não me interessei e por isso não posso opinar.

Domingo, pouco antes das 7 horas, lá estava eu na famosa Ponte Estaiada da Marginal Pinheiros para me posicionar para a largada. É o mesmo local da largada da Maratona de São Paulo, prova que ainda pretendo correr um dia. E não posso esconder que foi realmente muito legal ter largado ali naquele cartão-postal. Nunca havia passado sequer de carro por aquela ponte, de modo que só nessa corrida tive uma clara noção do tamanho do pilar central de sustentação e dos estais. Devido ao horário, o Sol ainda estava muito baixo e mal era possível vê-lo ali da Marginal Pinheiros, mas causava um belo espetáculo visual devido ao dia claro sem nuvens.

A largada era realmente dividida em baias, claramente identificadas com as cores das pulseiras. Ao invés de entrar na baia correspondente à cor da pulseira que peguei, resolvi entrar naquela correspondente ao meu tempo meta, e não houve nenhum impedimento nesse sentido. Achei muito legal que larguei perto dos marcadores de ritmo, os chamados "pacers", que em geral são corredores profissionais contratados pela organização da prova para manter um determinado ritmo e terminar a prova em determinado tempo. Assim, quem tiver alguma meta pessoal pode se guiar por um pacer que pretende fazer um tempo próximo ao seu. Essa prática é muito comum nas corridas nos Estados Unidos. Aqui no Brasil vi isso acontecer apenas na prova da Tribuna. Diga-se de passagem, foi muito interessante em minha primeira corrida em 2008 ter visto ao vivo nomes importantes do atletismo brasileiro, como Zequinha Barbosa e Ronaldo da Costa, correrem como pacers na mesma corrida que eu.

Eu nunca havia seguido um pacer antes. Mas achei que dessa vez seria uma boa ideia. Principalmente porque a prova era muito longa, e ainda tenho um grave defeito de querer sair muito forte na largada. Correndo com um pacer, pelo menos no início, achei que seria mais fácil de segurar o ímpeto e manter um ritmo adequado. Desta forma corri até o km 3, quando havia o primeiro posto de hidratação, ao lado dos pacers que se destinavam a fazer a prova em 1h56 e 2h01. Apesar dessa distinção eles correram a prova inteira juntos e busquei manter-me próximo a eles quase o tempo todo.

Durante o percurso haviam várias pessoas da organização do evento posicionadas estrategicamente próximas a cruzamentos da rua da corrida com outras ruas, para auxiliar qualquer motorista desavisado que passasse por ali. Achei divertido que, dado o horário da largada, o pessoal da organização saudasse os corredores com palavras que iam desde "bom dia" e "boa corrida" até "parabéns". Uma atitude bastante sutil, mas que pelo menos para mim soou como um bom incentivo.

Após o primeiro posto de hidratação veio o túnel que levava à Av. Waldemar Ferreira. E em pouco tempo o percurso adentrava pelo portão principal da Cidade Universitária. Não posso esconder que senti um gostinho especial de correr dentro daquele campus formidável. Boa parte do percurso se passava lá dentro, seguindo pela avenida da raia e entrando nas ruas do Velódromo, da Reitoria e da Poli, sempre indo por um lado da rua e voltando pelo outro. Na rua da Poli (onde ficam também o terminal de ônibus e que termina na estátua do cavalo) constatei que o asfalto foi recentemente (ou talvez nem tanto) trocado por lajotas retangulares.

Na altura da rua da Reitoria a prova completava a marca de 10km, a qual superei com o tempo de 55min30s. Nada excepcional para uma corrida de 10km, mas excelente para quem pretendia completar 21km em menos de 2 horas. Nesse instante olhei para trás e vi que os pacers estavam alguns metros atrás de mim, o que significava que o ritmo não era demasiado forte. No km 12, saindo da Cidade Universitário pelo Portão 2 e entrando na Av. Escola Politécnica, aproveitei o posto de hidratação para tomar um gel de carboidrato.

Na Av. Escola Politécnica o sol começou a incomodar um pouco devido à ausência de árvores e ao horário que já começava a avançar. No km 14 fui ultrapassado pelos pacers e não consegui mais alcançá-los. De qualquer forma, eles estavam correndo para 1h56min, de forma que decidi que deveria apenas tentar manter o contato visual para atingir meu objetivo. A reentrada na Cidade Universitária deu-se no km 16, o qual ultrapassei com 1h29min. O cansaço realmente começava a bater, mas percebi que se mantivesse um ritmo menos forte, em torno de 1km/6min (ou 10km/h) conseguiria completar a prova em menos de 2 horas.

E assim a prova prosseguiu pela Av. da Raia da Cidade Universitária. Nesse trecho um ciclista que estava acompanhando a prova começou a soltar gritos de estímulo aos corredores que passavam. Ou melhor, aos corredores pelos quais ele passava, visto que ele pedalava mais rápido. Saindo da Cidade Universitária, a corrida prosseguiu pela Av. Waldemar Ferreira, passando novamente pelo túnel e saindo na Av. Lineu de Paula Machado. Após cruzar a marca do km 20 com menos de 1h54min, entrei no Jóquei Clube de São Paulo.

O desfecho da prova deu-se lá dentro, num trecho de asfalto porém margeando o gramado no qual os cavalos ficam. O pórtico da chegada estava localizado próximo ao local onde eu acredito que seja realizada também a chegada das corridas de cavalos, pois era o no qual haviam arquibancadas. Aliás, muita gente ocupava o local, dentre corredores, treinadores, amigos e familiares. Encontrei meu pai no meio da multidão enquanto acelerava para cruzar a linha de chegada. Bati em sua mão e cravei o tempo de 1h58min07seg! Missão cumprida!

Na minha opinião o Jóquei Clube foi uma excelente escolha de chegada para a corrida. O local é bem amplo, tornando a dispersão muito fácil. Além disso, os banheiros do clube estavam disponíveis, o que sem dúvida é muito melhor do que os banheiros químicos geralmente disponibilizados para estes eventos. Isso sem falar é claro no charme do local. Achei o prédio e as instalações do Jóquei Clube merecedoras de uma outra visita no futuro.

Para terminar, decidi colocar a frase "A busca pela perfeição nunca termina" como título deste post pois ela estava gravada na medalha da prova. O autor dessa citação, também gravado na medalha, é Kihachiro Onitsuka. Procurando na internet, descobri que trata-se do fundador da Asics. Um japonês considerado por muitos como um visionário que decidiu fundar uma marca de material esportivo em 1949. Asics é a abreviação de "Anima Sana In Corpore Sano", ou seja "Mente Sã em Corpo São". Segue abaixo a foto da medalha.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Um dia de fúria: 10km da Tribuna 2011


A organização dos 10km Tribuna, agora em sua 26a. edição, contou com a parceria da Universidade Lusíada de Santos. Na prática a única mudança que pude perceber foi que a retirada do kit agora aconteceu no ginásio da Lusíada, e não mais no ginásio municipal do Rebouças como vinha ocorrendo todo ano.

Mas não foi só isso que mudou. Visando melhorar ainda mais a velocidade da prova, uma pequena alteração foi feita no percurso. Na saída do túnel, logo após completar o primeiro quilômetro de prova, os atletas agora pegaram a larga Av. Rangel Pestana para a seguir entrar diretamente no começo da Av. Ana Costa, evitando assim algumas ruas estreitas. Nesta avenida a prova agora atravessou o outro sentido, facilitando assim o acesso ao Hospital Ana Costa. Mudanças a meu ver bastante positivas.

E a prova realmente ficou mais rápida: neste ano Marílson Gomes dos Santos não só conquistou seu 6o. título, tornando-se assim o maior vencedor em absoluto da prova, como também estabeleceu um novo recorde de 27min59seg. Apenas a título de comparação, o recorde mundial dos 10.000 metros, disputado em estádio de atletismo (com piso mais apropriado e percurso com longas retas e curvas muito abertas), pertence ao etíope Kenenisa Bekele com a marca de 26min17seg.

Uma vez que a prova é muito rápida, muitas pessoas aproveitam para corrê-la para marcar tempo e atingir índices. Para se ter uma ideia, para largar no pelotão de elite de uma prova deve-se ter um certo tempo comprovado junto à federação de atletismo do local. E muita gente encara a prova da Tribuna como oportunidade de estabelecer esta marca. Mas como a prova cresceu e este ano atraiu 16 mil corredores, muitas eram as reclamações de que a largada era muito tumultuada e perdia-se muito tempo, não atingindo assim o índice. Logo, a organização também teve uma jogada de marketing interessante: este ano foi criado o Pelotão Premium, para atletas amadores que queriam largar lá na frente junto com os atletas de elite, pagando para isso um valor de inscrição consideravelmente maior (R$ 300,00 para ser mais preciso, contra R$ 55,00 do valor normal).

Foi nesse ponto que os erros meus e da organização começaram a se somar. Não percebi que o pelotão tinha esse nome "Premium". Quando fui fazer minha inscrição, deveria dizer se queria largar no primeiro ou no segundo pelotões amadores. Com medo que o primeiro fosse o tal do Pelotão Premium, inscrevi-me no segundo. Mas essa divisão dos pelotões seria o dos atletas que pretendiam fazer o tempo de prova abaixo de uma hora e acima de uma hora, exatamente como no ano passado. Mas desta vez não havia essa explicação no site. No ato da entrega dos kits que fiquei sabendo deste detalhe e perguntei se poderia largar no primeiro pelotão. Até porque o segundo pelotão largaria 10 minutos mais tarde. Muito embora eu não tivesse pretensões de fazer índices que nem os atletas do Pelotão Premium, sentia-me muito bem disposto (apesar do resfriado da semana anterior) e achava que poderia quebrar minha marca pessoal nos 10km, de 50min51seg estabelecida nessa mesma corrida em 2009. E me responderam que não haveria nenhum problema.

A diferenciação entre os pelotões dava-se pela cor de uma faixa no número do peito. O do primeiro pelotão era vermelho e do segundo, verde. Ao entrar no primeiro pelotão os organizadores me mandaram voltar, assim como faziam com todo mundo. Sem alternativa, fui largar lá atrás. Dada a largada do primeiro pelotão, os fiscais preocuparam-se mais em evitar que o pessoal do segundo pelotão pulasse a grade do que vigiar as entradas para o primeiro pelotão. Resultado: muita gente com inscrição para o segundo pelotão (e até mesmo gente sem número no peito) aproveitou esse momento para invadir a região e largar. E os fiscais não deram a mínima para isso! Mesmo com toda a indignação do pessoal do segundo pelotão.

Conclusão: após a largada consegui desgarrar logo da massa do segundo pelotão (claro que com muita gente correndo mais rápido do que eu). Por um momento até achei que ainda pudesse quebrar meu recorde pessoal. Mas logo no primeiro quilômetro de corrida comecei a ultrapassar caminhantes com inscrição do primeiro pelotão. E ao longo da prova isso foi se acentuando, até chegar ao cúmulo de no quilômetro 4 eu ter encontrado um grupo de pessoas desfilando com uma faixa e ocupando praticamente toda a passagem. Fiquei realmente injuriado com a organização patética do evento neste ano. Na segunda metade da prova fui fazendo diversas ultrapassagens, muitas vezes perdendo muito tempo. Muitas vezes encontrando grupos de pessoas ocupando praticamente toda a pista de corrida.

No fim das contas até que fiz um tempo razoável: 54min56seg. Isso considerando que na segunda metade da prova perdi realmente muito tempo tendo que fazer ultrapassagens. Mas devo reconhecer que forcei demais a barra no primeiro quilômetro, o qual completei em absurdos 4min15seg e que me fez diminuir o ritmo no resto do percurso. Seja como for, se essa tivesse sido uma corrida normal eu acho que não quebraria meu recorde pessoal de qualquer maneira. Mesmo que não tivesse perdido esse tempo e não tivesse tido o desgaste psicológico, devo reconhecer que há uma diferença enorme entre completar a prova em 50 minutos e 55 minutos.

Tudo isso foi uma grande lição para mim. Fiquei furioso com a organização da prova? Certamente! Fiquei chateado com não ter conseguido quebrar minha marca pessoal? Claro! Mas nada que justifique eu ter me estressado com a corrida. Mesmo que todos nós corredores tenhamos o desejo de melhorar nossas marcas pessoais, talvez nesse dia eu tenha me esquecido de que o fundamental na corrida e nas provas de rua é uma coisa só: a diversão que isso proporciona. A corrida não é, e nem pode ser, motivo de stress. Mas sim o alívio dele. Lição esta que espero nunca mais esquecer novamente.

Para finalizar, gostaria de fazer apenas um último comentário de caráter futebolístico. A corrida deu-se no dia final do Campeonato Paulista de Futebol, que ocorreu na Vila Belmiro entre Santos e Corinthians. Nem preciso dizer que por este motivo a corrida deste ano foi bastante especial, com dezenas (talvez centenas) de pessoas uniformizadas com camisas dos dois times (com mais santistas, mas ainda assim com muitos corinthianos) correndo ou acompanhando a corrida nas ruas. A profusão de bandeiras nas varandas, e mesmo servindo como capas para os corredores, também era enorme. E durante todo o percurso era possível ouvir gente gritando incentivos aos corredores uniformizados. O que achei mais engraçado disso tudo foi uma senhora que abriu um poster gigante do Neymar em cima de um cavalete na calçada da Avenida Afonso Pena, lá pelo km 6 da corrida.

No fim das contas, para completar a festa iniciada com a corrida da Tribuna, Arouca e Neymar se encarregaram em marcar os gols que deram ao Santos seu 19° título Paulista. Segue abaixo a foto da minha medalha de Campeão Paulista de 2011... quero dizer, da corrida da Tribuna de 2011.

domingo, 20 de março de 2011

Um retorno para se festejar: XXVI Corrida General Salgado


Na virada do ano costuma-se fazer tudo quanto é tipo de promessa: perder peso, mudar de emprego, comprar um carro, e por aí vai. Neste ano minha promessa foi de completar uma maratona. E por isso comecei a pegar pesado logo na primeira semana. E não é que logo nessa primeira semana do ano tive que parar um treino devido a uma dor insuportável no joelho? Claro que na hora várias coisas se passaram na minha cabeça, inclusive a de que talvez eu tivesse que parar de correr para sempre caso fosse alguma lesão grave. Fui ao pronto socorro, tirei radiografia e o médico disse que devia ser apenas uma inflamação. Receitou um anti-inflamatório e recomendou duas semanas de descanso (ou castigo, se preferirem).

No final de janeiro retomei os treinos, mas senti realmente muita dificuldade no começo. Estava difícil retomar o mesmo ritmo. E o sonho de correr uma maratona ainda este ano parecia cada vez mais longe. Foi nessa época que fiquei sabendo através de um colega do trabalho que é de Taubaté sobre a Corrida General Salgado. Trata-se da maior prova de pedestrianismo da cidade de Taubaté, organizada pela Polícia Militar local. Ok, isso pode não significar muita coisa, até porque o limite era de 1.500 inscritos. Mas seria uma excelente oportunidade de conhecer a terra de Monteiro Lobato, escritor dos livros do Sítio do Pica-Pau Amarelo que eu lia quando criança.

Já no sábado fui a Taubaté com minha namorada para retirarmos o kit no Batalhão da PM, logo em frente à linha de chegada. O que mais me chamou a atenção é que os trófeus destinados aos vencedores da prova estavam ali expostos ao público, coisa que nunca vi em nenhuma outra corrida de rua. Uma pena que não estava com minha máquina fotográfica na hora para registrar. O kit da prova era simples: apenas a camiseta oficial na cor vermelha e um protetor solar. Depois ainda fomos conferir o local da largada. Para finalizar almoçamos em uma excelente cantina italiana no bairro do Quiririm, que fez jus à fama da culinária local.

No dia seguinte, a corrida! A largada aconteceu na Av. do Povo. Trata-se de uma avenida de mão dupla com canteiro central, na qual um dos lados era coberto por uma estrutura metálica. Do lado da rua, suportando a estrutura metálica, havia também uma arquibancada a partir da qual muitas pessoas assistiam à largada. Deixo aqui no parágrafo da largada minha única queixa com relação à organização da prova, pois ela consistia de uma corrida de 10km e uma caminhada de 5km, mas não houve separação entre as modalidades. Desta forma muitos caminhantes posicionaram-se bem à frente, o que acabou atrapalhando (e muito) o fluxo de corredores que vinham logo atrás. Poderiam ter sido criadas duas áreas de largada diferentes, com os corredores à frente e os caminhantes atrás. Pelo menos melhoraria bastante a largada, que já é bagunçada por natureza.

Passada a largada, a corrida prosseguiu passando por pontos importantes da cidade, como por exemplo as sedes da Universidade de Taubaté (Unitau) e da prefeitura municipal. Também passamos em frente a um parque pequeno, mas com marcações de distância e que possivelmente é usado por alguns corredores para treinos. Passei pelo km 2 com 10m30s; e pelo km 5 com 27m30s. O ritmo estava bom, mas eram muitas as subidas e descidas. Na altura do km 6 retornamos à Av. do Povo e passamos pelo outro sentido, infelizmente do lado dos banheiros químicos.

Como já mencionei, a corrida foi dotada de muitas subidas, mas a campeã foi a da Av. Walter Thaumaturgo, entre os km 6 e 7. Foi exatamente nesse ponto que fui ultrapassado por um pelotão da Força Aérea, com todos os membros correndo na mesma passada e entoando gritos de guerra para manter o ritmo. Na altura do km 8 corremos numa rua paralela à Via Dutra, e a fumaça dos veículos que passavam atrapalhou um pouco a respiração. Após entrar na rua seguinte, pude ouvir uma senhora de meia-idade que acompanhava a corrida da calçada dizer: "Nossa, que coragem correr isso tudo!"

Logo cheguei à Av. Independência e dei um sprint final para terminar a corrida em 57m58s. Longe de ser o meu melhor tempo para provas de 10km, mas muito bom considerando-se todas as subidas que tive que enfrentar no percurso e o fato de eu estar apenas retornando de uma lesão no joelho. Pouco após cruzar a linha de chegada, a organização trocou o Rebolation pelo Tema da Vitória do Ayrton Senna na caixa de som. Também pude encontrar um conhecido do trabalho que estava feliz da vida por ter completado sua primeira prova de 10km. E com um tempo excelente: 52 minutos!

Devo acrescentar aqui dois pontos que me chamaram muito a atenção neste evento. O primeiro é que os próprios policiais quem distribuíram água durante o percurso, vestindo suas fardas e tudo mais. E não haviam postos fixos de distribuição de água, mas diversos PM's espalhados pelo percurso com água. Claro que em alguns pontos havia uma concentração maior do que em outros. Mas achei isso legal pois praticamente todo momento que senti sede lá estava um PM com um copo d'água na mão. O segundo ponto é que 1 hora após cruzar a linha de chegada recebi um SMS no celular da organização da prova agradecendo minha participação e registrando meu tempo oficial. Algo que também nunca vi em outras corridas.

E com essa corrida eu definitivamente retomo meus treinamentos rumo a novos desafios. A recuperação foi lenta e certamente já descartei a possibilidade de correr a Maratona de São Paulo este ano. O próximo desafio, no entanto, será participar em uma prova que já é bem conhecida: pela quarta vez vou correr os 10km da Tribuna, em Santos. Quem sabe desta vez não consigo um tempo melhor?

Para finalizar, gostaria de deixar aqui registrado um agradecimento especial à minha namorada Marília que me acompanhou nessa corrida e esteve ao meu lado durante todo o final de semana,
exceto é claro na uma hora em que estive correndo. São dela também os créditos pela seguinte foto:


quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Do que eu falo quando falo de corrida

Haruki Murakami não é um corredor profissional como o Marílson, mas sim um corredor mediano cujo objetivo não é ganhar prêmios e dinheiro com corridas. É na verdade alguém que resolveu adotar a corrida de rua como um hobbie, uma atividade de lazer, e não fazer da corrida a sua profissão. Murakami é um famoso escritor japonês cujos livros já foram traduzidos em diversos idiomas, inclusive em português.

Agora imagine você: se alguém que nem escritor é já gosta de montar um blog só para falar de suas corridas, o que dizer de quem é escritor profissional?

O fio que conduz boa parte da narrativa são os treinamentos do autor para a Maratona de Nova Iorque. Ele vai tecendo comentários sobre como é sua preparação para as corridas, como é sua forma de treinar, seus locais favoritos para treinamento, entre outras coisas.

Claro que o autor conta sobre sua trajetória também, desde quando era dono de um bar de jazz até ter virado escritor. E o mais interessante é o paralelo traçado entre escrever romances e correr maratonas. Em ambas as atividades é necessário muita determinação e perseverança, mas é preciso também saber dosar as energias de forma adequada.

Murakami expõe alguns de seus pensamentos a respeito de corrida com relação a outros esportes. Explica o por quê de ter escolhido corrida e não um esporte coletivo ou uma arte marcial por exemplo. E também conta sobre uma síndrome chamada por ele de "Runner's Blues", ou a falta de motivação encontrada em corredores veteranos, que muitas vezes leva-os a buscar outros desafios como o triatlo.

Sempre muito bem-humorado, Murakami conta algumas passagens interessantes de sua carreira, como quando fez o percurso de Atenas até Maratona sendo acompanhado por uma van quando escreveu uma matéria para uma revista especializada. Ou então de uma ultramaratona (prova de 100km) da qual participou no Japão. Ou mesmo da Meia Maratona de Boston, da qual resolveu participar como "aquecimento" para a Maratona de Nova Iorque.

Num momento no qual tive uma inflamação no joelho e fiquei algumas semanas de gancho sem correr, e principalmente no retorno lento e gradual aos treinamentos, a leitura deste livro certamente foi um fator altamente encorajador para que eu continuasse firme e forte nos treinamentos. Mesmo tendo tido este problema, já estou inscrito para uma prova de 10km no mês que vem e não desisti da idéia de correr uma maratona ainda este ano.

Em suma, é uma leitura fortemente recomendada aos que buscam um estímulo para começar (ou voltar) a praticar corrida.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

A foto da Contra-Relógio


A foto deste post foi tirada durante a Meia Maratona de São Paulo 2010, prova da qual participei. O local é o Minhocão, e uma vez que eu ainda estava ao lado do Adriano (de regata laranja na foto) posso concluir que foi lá pelo km 3 da prova. Digo isso pois pouco após essa marca o Adriano disparou e só nos reencontramos mais tarde na linha de chegada. Mas o que realmente me surpreendeu foi depois saber através do próprio Adriano que aparecemos tão claramente numa revista especializada sobre corridas de rua e de grande divulgação como é o caso da Contra Relógio.

Confesso que até então eu nunca havia sequer lido uma edição da Contra Relógio, muito embora diversas pessoas já tivessem me recomendado tal leitura. Quando fiquei sabendo desta foto já estávamos no mês de setembro, e a revista em questão era a edição de abril. Solicitei um número atrasado e recebi pelo correio. Na verdade a foto não veio na revista, mas em um encarte separado contendo todos os resultados da Meia-Maratona de São Paulo. Procurei meu nome e obviamente ele estava lá no encarte.

A revista é muito boa. Dá dicas de treinos, alongamentos, alimentação, coberturas de grandes corridas, entrevistas com corredores profissionais, tudo o que uma revista especializada deve ter. Na minha opinião o diferencial desta revista foram os relatos de corredores anônimos, assim como eu, que escrevem para a revista contando suas experiências em provas pelo Brasil e pelo mundo. Esse tipo de relato geralmente é bem-humorado e nos deixa com mais vontade ainda de participar das provas descritas.

Gostei tanto da revista que em dezembro comprei outro número. E o legal é que junto com a edição de dezembro veio um calendário com as principais corridas de rua do Brasil e do Mundo. Excelente para começar a traçar os objetivos para o Ano Novo. Mas por enquanto, estou só no treino mesmo. E na leitura...