sexta-feira, 25 de junho de 2010

Recuperando a confiança: Meia Maratona de São Paulo 2010

Passado o susto da corrida da Pampulha decidi que precisava participar de uma outra prova semelhante. E a Meia Maratona de São Paulo, realizada no dia 7 de março de 2010, era uma excelente oportunidade. Serviria também como um incentivo para começar a pensar em completar minha primeira maratona. Então lá fui eu!

A prova também tinha a organização da Yescom. Por esse motivo não tive surpresas, afinal é a mesma empresa que fez a São Silvestre e a Pampulha. Os brindes no kit eram novamente dos mesmos colaboradores. Achei a camiseta azul marinho da prova muito bonita, talvez a mais bonita da minha "coleção" de camisetas de corrida. Gostei também de uma inovação que eles adotaram: no ato da inscrição você devia dizer qual o seu tempo de prova pretendido. Eram 4 faixas de tempo possíveis. E dependendo da faixa que você escolhesse, ganhava uma pulseira com uma cor equivalente a uma das 4 áreas de largada. Os atletas mais rápidos largavam na frente e os mais lentos atrás. Foi uma estratégia bastante inteligente, principalmente porque o pessoal soube respeitar a área destinada. Por este motivo, foi a largada menos tumultuada da qual participei; ainda que estivessem ali quase 10 mil corredores.

A largada e a chegada se deram na Praça Charles Miller, bem em frente ao Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho, vulgo Pacaembu. Na verdade eram 2 corridas em uma só: uma de 10km, que contou também com a presença do Secretário dos Esportes da cidade de São Paulo, e a meia de 21km. Pra falar a verdade, pouco mais da metade dos inscritos estavam participando da prova de 10km.

Logo na descida da Av. Pacaembu encontrei o Adriano, um amigo corredor bem mais experiente do que eu. Corri junto com ele no começo, até o primeiro posto de água no qual ele pegou um copo pra mim. Nessa hora senti aquilo que costumamos ver na tv: atletas do pelotão de frente que pegam água para o companheiro ao lado para que ele não se desconcentre. Mas claro que o ritmo dele era muito mais forte, e logo ao subir no Minhocão ele se distanciou.

Como o Adriano mesmo disse, aquele ali era um dos trechos mais inspiradores da Corrida de São Silvestre. Realmente, no Minhocão era imensa a quantidade de pessoas nas janelas dos prédios vizinhos ao Elevado, saudando e incentivando os atletas. Mas na manhã daquele domingo não havia nada de mais. Praticamente ninguém acompanhava a Meia Maratona. Talvez pelo horário (a largada foi às 8hs da manhã de domingo), ou pela prova que é definitivamente menos famosa.

No final do Minhocão, quando a prova já chegava ao km 6, havia a separação entre os que iam pra prova de 10k e os que iam pra Meia Maratona. Desci o Minhocão por uma alça de acesso e segui para o centro da cidade. Cruzei o km 7 na Av. Duque de Caxias com 38 minutos de prova. Mas diferente da prova da Pampulha, aqui a meta era apenas terminar, nem que levasse 3 horas para fazê-lo. Comecei a sentir que o tênis incomodava, e por isso decidi diminuir o ritmo. Possivelmente uma bolha estava se formando.

Achei um barato passar pela Praça Princesa Isabel, na qual encontra-se uma majestosa estátua do Duque de Caxias, e que fica no cruzamento das avenidas Barão do Rio Branco e da Duque de Caxias. Na São Silvestre encontrei essa estátua enquanto atravessava a Barão do Rio Branco. E desta vez, na Duque de Caxias, encontrava novamente a mesma estátua.

Mais à frente estava a Estação Júlio Prestes, na qual se encontra a belíssima Sala São Paulo. Para quem nunca foi, recomendo que visite este lugar. É um ponto turístico bastante interessante da cidade de São Paulo. É também a casa da OSESP, a principal Orquestra Sinfônica do nosso Brasil. Novamente cabe aqui uma comparação com a São Silvestre: se a Meia passa na frente da Estação Júlio Prestes, a São Silvestre passa em frente ao Teatro Municipal na Praça Ramos de Azevedo.

Contornando a estação e as ruas em volta eu já passava da metade da corrida. Chegava a hora de tomar o carboidrato em gel para repor algumas energias. Vale lembrar que desta vez não tomei Gatorade antes da corrida e consegui dosar bem a quantidade de água que deveria tomar durante a prova, de forma que felizmente não tive problemas com hidratação desta vez.

Só que desta vez o drama foi outro: minhas suspeitas se confirmaram, e já no km 11 eu podia sentir claramente que uma bolha havia se formado na sola do meu pé esquerdo. Faltavam ainda cerca de 10km, a distância de uma prova como a da Tribuna. Era muito chão. E isso numa prova parecida com a São Silvestre, cheia de subidas e descidas. Mesmo com dor resolvi continuar. Até porque estava na mesma condição da Pampulha, não tinha como parar por ali.

A corrida continuou pela Av. Marquês de São Vicente. Nesse momento agradeci pelo fato de a largada ter sido às 8 horas. Já eram 9 horas nesse ponto e fazia muito sol. Felizmente ali já faltavam apenas 8 km para terminar a prova. Realmente, encarar a Meia Maratona inteira debaixo daquele sol escaldante de março teria sido muito mais difícil. Passando por esse trecho eu vi novamente como essa prova não era nada comparada à São Silvestre, pelo menos no quesito apoio popular: vi pessoas passeando pelas ruas, fazendo compras, e aparentemente incomodadas pelo fato de que uma corrida de rua estava acontecendo ali.

A seguir veio a segunda volta no Minhocão. E as dores no pé se intensificaram. Pelo jeito uma segunda bolha estava em formação, desta vez no pé direito. Será que o asfalto bastante desgastado do Minhocão tinha alguma coisa a ver? Possivelmente, mas posteriormente descobri que o principal motivo de formação das minhas bolhas eram as meias, que muito embora fossem específicas para corridas já estavam bastante gastas.

Em toda Corrida de Rua existem fotógrafos tirando fotos da galera. E desta vez eles estavam posicionados no Minhocão, tirando fotos com o prédio do Banespa ao fundo. Isso na altura do km 17. Não tive dúvidas e fiz uma baita pose para a foto, além de soltar um sonoro grito de felicidade. Achei a foto tão legal que resolvi comprá-la. Infelizmente não possuo o direito de postá-la aqui no blog devido ao termo de compromisso adotado pela empresa responsável pelos fotógrafos. Mas fica aqui um link para quem quiser ver: http://www.webrun.com.br/fotos/commerceft/produto/mostra/idProduto/4626498?mdireito=nao

Pouco depois saí do Minhocão e ganhei novamente a Av. Pacaembu. Os últimos 2 km rumo ao estádio foram interessantes. Apesar de já ter corrido 19 km eu não me sentia extremamente cansado. Mas também não tinha mais forças para aumentar o ritmo no final. Mantive a mesma velocidade, e só consegui impor um sprint final já na Praça Charles Miller. Na saída, ganhei um Gatorade, uma maça e uma barrinha de cereal para recuperar as energias.

O tempo final foi de 2 horas, 2 minutos e 11 segundos. Uma velocidade de 10.3 km/h. Mas o importante mesmo foi ter terminado essa corrida, e sem tomar nenhum susto como havia sido na Pampulha. Agora sim eu me sentia realmente vitorioso em uma prova mais longa. Isso sem falar nas bolhas que "ganhei" nessa corrida. E um sinal de que talvez seja sim possível terminar uma Maratona. Mas a Maratona de São Paulo estava muito próxima, e eu sabia que devido a outros compromissos eu não conseguiria aumentar o ritmo de treinos até lá. Por enquanto vou ficar mesmo nas provas de 10km e Meia Maratonas.

Mas quem sabe no ano que vem não participo da Maratona de São Paulo?


terça-feira, 8 de junho de 2010

Conhecendo o Brasil correndo: Volta da Pampulha 2009

Após as corridas de 10km e da São Silvestre, eu queria correr distâncias maiores. Também havia gostado muito do ano anterior, no qual passei meses me preparando para uma corrida coroando o fim de ano. Além disso, ao participar de corridas comecei a me informar também sobre provas ao redor do Brasil. Juntando tudo isso, e o fato de que ainda não conhecia Belo Horizonte, resolvi me inscrever para a Volta da Pampulha, realizada dia 6 de dezembro de 2009 ao redor da Lagoa da Pampulha na capital mineira.

Trata-se da maior corrida de rua do Estado de Minas Gerais. São quase 18 km de extensão. A prova é plana (afinal, é às margens de uma lagoa), e no ano passado foram 12.500 participantes. A organização é da Yescom, a mesma empresa que organiza a São Silvestre, a Maratona de São Paulo e as Meia Maratonas do Rio e de São Paulo. Por esse motivo, os brindes que vieram no kit eram muito parecidos com os da São Silvestre. Gostei bastante da camiseta: branca, e com o logotipo da corrida estampado bem grande no peito. Quanto às metas, a principal era terminar a corrida. De preferência com um tempo abaixo de 1h40m.

Chega então o sábado, véspera da corrida. Fui ao aeroporto e peguei um voo para Confins logo de manhã cedo. Animado com a corrida que se aproximava, decidi viajar com a camiseta da São Silvestre, para já ir entrando no clima. Quando estava na fila da esteira para pegar a babagem reparei que não era o único: muitos trajavam camisetas de outras provas, como Fila Night Run e Meia Maratona do Rio. A corrida do dia seguinte parecia ser o assunto do momento.

No sábado uma chuva fininha mas incessante castigou Belo Horizonte. Por esse motivo passei a maior parte do dia na casa de meu anfitrião, que na época era meu vizinho. Saí apenas para pegar o kit e jantar. Não foi possível fazer turismo. Mas ao pegar o kit no Iate Clube, que fica bem na Lagoa da Pampulha, deu pra ter uma sensação do tamanho do percurso que teria que enfrentar no dia seguinte.

O domingo amanheceu nublado, mas sem chuva. Perfeito para a corrida. Afinal, em dezembro seria realmente mais difícil correr sob o sol. E embora eu já tivesse realizado treinos na chuva, não havia feito nenhum na preparação para esta prova específica, de modo que estava torcendo para não chover. Seguindo a recomendação de um amigo corredor mais experiente, decidi tomar um Gatorade antes da largada, mesmo sem sol. Não foi uma atitude das mais sábias, pois senti o líquido "pesar" na barriga. Além disso, senti vontade de ir ao banheiro antes da largada. Peguei uma fila monstruosa, e só consegui me posicionar em meio à multidão quando faltavam apenas 10 minutos para começar. E faltando apenas 5 minutos, para causar vibração na galera, começou a cair um baita pé d'água.

Não teve jeito: a largada foi mesmo debaixo d'água. Na hora eu pensei: "ainda bem que já treinei alguma vez na chuva, assim sei que devo evitar pisar nas poças para não encharcar o tênis". Mas isso não adiantou muita coisa. Como já era de se esperar, a largada foi uma verdadeira bagunça. Ainda mais que todo mundo estava desviando da água. Pisei numa poça logo de cara, quando a pessoa que estava na minha frente desviou e eu não vi a poça a tempo. Mais pra frente um verdadeiro córrego cortava todas as pistas da corrida, de modo que era impossível não molhar o tênis. Resultado: antes de completar 1km de prova eu já estava com os dois tênis e as duas meias (além do resto da roupa e do corpo) completamente encharcados.

No km 2, ao passar na frente do Iate Clube onde retirei o kit, encontrei um amigo meu da faculdade que sabia que também iria correr, o "Mineiro". Mas pouco depois disso, outro fato inusitado: meu cadarço desamarrara. No começo eu achei melhor não fazer nada, mas após alguns segundos cheguei à conclusão que não daria pra aguentar mais 16km daquele jeito, e de alguma forma encontrei um lugar para parar e amarrar o tênis. Pouco depois disso, no km 4, por muito pouco não atropelei uma outra corredora ao desviar de uma poça.

Nesse ponto a chuva já tinha parado, e eu me sentia bem. Tão bem que acabei deixando o Mineiro para trás. A barriga ainda pesava e eu não sentia sede. Os pontos de água foram passando e eu peguei água apenas no km 9, mas apenas para ajudar a engolir o carboidrato em gel que havia levado para repor algumas energias. Cruzei o km 11 com apenas 59 minutos. Mas eu estava animado. Faltavam só 7 km e eu mantinha um ritmo muito forte. Comecei a sentir um pouco de cansaço, mas decidi continuar mantendo a mesma pegada.

Mas, somando-se o peso do Gatorade na barriga, ao tênis encharcado e ao ritmo acima do meu habitual, as coisas começaram a piorar. De repente minha barriga começou a doer, pouco após cruzar o km 13. Seguindo a velha filosofia do "quando correr, acelera", não diminuí o ritmo. Pânico! Comecei a sentir tontura, e baixei muito o ritmo. Tenho certeza que do contrário eu teria desmaiado. Era uma experiência nova para mim. Jamais em uma corrida de rua eu havia passado por uma situação desse tipo. Passei perto de uma barraquinha do Gatorade, mas o fiscal dali disse que eu não podia me pegar. Provavelmente era de alguma equipe de academia. Quando falei que estava mal, um outro corredor que passava disse para eu parar. Mas parar como? Eu estava a cerca de 5km da chegada, e sem dinheiro para pegar um taxi. Teria que voltar pelo menos andando. Não, viajar até Belo Horizonte para desistir de uma corrida era definitivamente inadmissível.

Um outro senhor que passava resolveu me ajudar, falando para eu acompanhá-lo e respirar fundo. Ele me encorajou, fazendo-me olhar para trás e ver quantas pessoas eu já havia ultrapassado. Naquele momento senti um arrepio, pois a cena realmente impressionava. Seja olhando pra frente ou pra trás, havia um volume de gente muito grande. Como a lagoa vai sempre fazendo curvas, era perfeitamente possível ter uma noção da quantidade de gente que estava ali presente. Fui trocando ideia com o senhor, embora infelizmente não lembre seu nome. Ele era mineiro mesmo, e disse que um dia ainda correria na São Silvestre. Pouco após o km 14 eu já me sentia recuperado. Por ser mais alto que o amigo que acabara de fazer, acabei deixando-o para trás mesmo sem perceber. Infelizmente não o encontrei depois e não pude agradecê-lo por ter me ajudado. Seja como for, fica aqui o registro.

Nessa hora já não olhava mais pro relógio: pouco importava o tempo, contanto que eu terminasse a prova. No km 16 atravesso uma ponte, e ao olhar para a esquerda outra cena impressionante: a pista do aeroporto da Pampulha estava ali, bem do meu lado. Logo vejo a linha de chegada. Acelero no último quilômetro e termino a prova com 1h40h05s. Impressionante, considerando-se tudo o que passei.

Apesar de ter feito o tempo desejado, as coisas não aconteceram exatamente como eu havia planejado. Ter tomado o Gatorade antes foi realmente um erro. Pelo menos ter tomado uma garrafinha inteira. Ter confiado demais em mim também. Mas foi bom para conhecer meus limites. Além disso, achei muito legal uma prova que era uma volta: mesmo com o tempo nublado, dava para ter uma noção razoável de onde eu me encontrava devido à posição do sol. Também gostei da sensação de correr "fora de casa", afinal era a primeira vez na vida que eu passava por aquela lagoa.

Mas o fato de ter tido um piripaque no meio da prova me fez ficar com vontade de correr novamente essa prova. Quem sabe ainda volto lá algum dia. Isso também foi determinante para que eu decidisse correr a Meia Maratona de São Paulo em março de 2010: para buscar terminar uma prova de longa distância de forma mais satisfatória. Mas isso fica para o próximo post.

terça-feira, 1 de junho de 2010

De graça até injeção na testa: Corrida Pedestre do Aniversário de São José dos Campos 2009


Após um desempenho animador nos 10km da Tribuna, resolvi partir para outra prova de 10k. Quando fiquei sabendo de uma prova gratuita com limite de 1.500 participantes no belíssimo Parque da Cidade em São José dos Campos não pensei duas vezes: fui logo fazendo a inscrição.

O kit de participação não era retirado na véspera como em outras competições, mas sim no dia da corrida. Não gostei muito disso, pois reduz bastante o número de pessoas que correm a prova com a camiseta que ganham no kit. Não que eu costume fazer isso, até porque prefiro correr de regata e as camisetas dos kits são todas com manga, mas sempre gosto de ver o pessoal correndo com a camiseta da prova. A camiseta da corrida também não era das mais leves, e veio pouca coisa do kit. A medalha, como vocês podem ver, parecia mais de competição escolar do que de uma prova oficial. Completamente perdoável para uma corrida com inscrição gratuita.

Veio então a largada, e com ela a minha maior bronca com a organização da prova. Pra começar que não isolaram a área de largada. 5 minutos antes do horário da largada e ainda estavam preparando o arco da largada e chegada (era no mesmo lugar) e fixando o relógio. Como não isolaram a área, muitos corredores foram se aquecendo à frente da linha de largada, e simplesmente se aglomeraram à multidão, empurrando os primeiros da fila para poderem tomar a dianteira. Ao invés da organização isolar a área e mandar esses espertalhões para o final da fila, mandaram todo mundo dar um passo pra trás, de forma que nesse momento eu entendi como deve se sentir uma sardinha enlatada.

A corrida em si foi legal. Não foi uma corrida no asfalto, mas sim na grama e na terra. Como havia chovido naquela semana, em alguns pontos ainda se formava lama. Não foi fácil. Diferentemente das provas no asfalto, em vários trechos eu precisava ficar olhando pro chão pra não pisar em nenhum buraco devido ao piso bastante irregular. Mesmo assim, tento impor um ritmo forte. Eu sabia que não conseguiria repetir o tempo da prova da Tribuna, pois não era uma prova plana, nem no asfalto, e não havia grandes retas. Ainda assim, gostei do meu tempo de 53 minutos cravados!

Seja como for, não achei uma experiência fantástica como haviam sido as provas da Tribuna e da São Silvestre. Definitivamente não pretendo correr essa prova novamente, mesmo sendo de graça. Aliás, nem que me paguem.