segunda-feira, 8 de agosto de 2011

A busca pela perfeição nunca termina: Golden Four Asics São Paulo


Sem querer fazer marketing gratuito, mas já fazendo, todo corredor que se preze já pensou pelo menos uma vez na vida em comprar um tênis da Asics. É a marca favorita de muita gente (inclusive a minha), embora esteja longe de ser uma unanimidade. Pois bem, uma vez que Nike, Mizuno e Fila organizam provas para promover suas marcas, este ano a Asics resolveu acompanhar a onda e lançou uma série de meia-maratonas realizadas em 4 grandes capitais brasileiras: São Paulo, Rio, BH e Brasília.

A proposta no site do evento era de um evento de qualidade e padrão internacional, ideal para atletas que buscavam alta performance. Com percursos pouco acentuados, (sem no entanto ser completamente planos) postos de distribuição de água e isotônico a cada 3km, limite máximo de 5.000 atletas e largada às 7 horas da manhã para fugir do sol escaldante, acabei por me interessar bastante e me inscrevi para a edição paulista da corrida. Afinal, seria uma excelente oportunidade de participar de uma meia-maratona em São Paulo. Além do mais, poderia tentar melhorar minha marca e correr uma meia-maratona abaixo de 2 horas.

No sábado, véspera da corrida, fui à Fecomércio na Bela Vista para a retirada do kit. A primeira impressão que tive é que a organização não era lá essas coisas. A fila para retirada estava completamente desorganizada. Um apresentador falava sobre o evento no microfone, num volume ensurdecedor. Além do mais, no site do evento eu havia solicitado uma camiseta regata no meu kit, mas recebi uma camiseta de manga curta. Outra má notícia foi com relação à organização da largada, que seria dada através de baias separadas de acordo com o tempo previsto. Acontece que no site eu já havia preenchido meu tempo meta, e na retirada da pulseira de largada descobri que aquela adequada ao meu tempo já estava esgotada. Acabei pegando uma mais próxima. Devo acrescentar também que no local de retirada dos kits havia um buffet de massas aberto aos competidores, mas não me interessei e por isso não posso opinar.

Domingo, pouco antes das 7 horas, lá estava eu na famosa Ponte Estaiada da Marginal Pinheiros para me posicionar para a largada. É o mesmo local da largada da Maratona de São Paulo, prova que ainda pretendo correr um dia. E não posso esconder que foi realmente muito legal ter largado ali naquele cartão-postal. Nunca havia passado sequer de carro por aquela ponte, de modo que só nessa corrida tive uma clara noção do tamanho do pilar central de sustentação e dos estais. Devido ao horário, o Sol ainda estava muito baixo e mal era possível vê-lo ali da Marginal Pinheiros, mas causava um belo espetáculo visual devido ao dia claro sem nuvens.

A largada era realmente dividida em baias, claramente identificadas com as cores das pulseiras. Ao invés de entrar na baia correspondente à cor da pulseira que peguei, resolvi entrar naquela correspondente ao meu tempo meta, e não houve nenhum impedimento nesse sentido. Achei muito legal que larguei perto dos marcadores de ritmo, os chamados "pacers", que em geral são corredores profissionais contratados pela organização da prova para manter um determinado ritmo e terminar a prova em determinado tempo. Assim, quem tiver alguma meta pessoal pode se guiar por um pacer que pretende fazer um tempo próximo ao seu. Essa prática é muito comum nas corridas nos Estados Unidos. Aqui no Brasil vi isso acontecer apenas na prova da Tribuna. Diga-se de passagem, foi muito interessante em minha primeira corrida em 2008 ter visto ao vivo nomes importantes do atletismo brasileiro, como Zequinha Barbosa e Ronaldo da Costa, correrem como pacers na mesma corrida que eu.

Eu nunca havia seguido um pacer antes. Mas achei que dessa vez seria uma boa ideia. Principalmente porque a prova era muito longa, e ainda tenho um grave defeito de querer sair muito forte na largada. Correndo com um pacer, pelo menos no início, achei que seria mais fácil de segurar o ímpeto e manter um ritmo adequado. Desta forma corri até o km 3, quando havia o primeiro posto de hidratação, ao lado dos pacers que se destinavam a fazer a prova em 1h56 e 2h01. Apesar dessa distinção eles correram a prova inteira juntos e busquei manter-me próximo a eles quase o tempo todo.

Durante o percurso haviam várias pessoas da organização do evento posicionadas estrategicamente próximas a cruzamentos da rua da corrida com outras ruas, para auxiliar qualquer motorista desavisado que passasse por ali. Achei divertido que, dado o horário da largada, o pessoal da organização saudasse os corredores com palavras que iam desde "bom dia" e "boa corrida" até "parabéns". Uma atitude bastante sutil, mas que pelo menos para mim soou como um bom incentivo.

Após o primeiro posto de hidratação veio o túnel que levava à Av. Waldemar Ferreira. E em pouco tempo o percurso adentrava pelo portão principal da Cidade Universitária. Não posso esconder que senti um gostinho especial de correr dentro daquele campus formidável. Boa parte do percurso se passava lá dentro, seguindo pela avenida da raia e entrando nas ruas do Velódromo, da Reitoria e da Poli, sempre indo por um lado da rua e voltando pelo outro. Na rua da Poli (onde ficam também o terminal de ônibus e que termina na estátua do cavalo) constatei que o asfalto foi recentemente (ou talvez nem tanto) trocado por lajotas retangulares.

Na altura da rua da Reitoria a prova completava a marca de 10km, a qual superei com o tempo de 55min30s. Nada excepcional para uma corrida de 10km, mas excelente para quem pretendia completar 21km em menos de 2 horas. Nesse instante olhei para trás e vi que os pacers estavam alguns metros atrás de mim, o que significava que o ritmo não era demasiado forte. No km 12, saindo da Cidade Universitário pelo Portão 2 e entrando na Av. Escola Politécnica, aproveitei o posto de hidratação para tomar um gel de carboidrato.

Na Av. Escola Politécnica o sol começou a incomodar um pouco devido à ausência de árvores e ao horário que já começava a avançar. No km 14 fui ultrapassado pelos pacers e não consegui mais alcançá-los. De qualquer forma, eles estavam correndo para 1h56min, de forma que decidi que deveria apenas tentar manter o contato visual para atingir meu objetivo. A reentrada na Cidade Universitária deu-se no km 16, o qual ultrapassei com 1h29min. O cansaço realmente começava a bater, mas percebi que se mantivesse um ritmo menos forte, em torno de 1km/6min (ou 10km/h) conseguiria completar a prova em menos de 2 horas.

E assim a prova prosseguiu pela Av. da Raia da Cidade Universitária. Nesse trecho um ciclista que estava acompanhando a prova começou a soltar gritos de estímulo aos corredores que passavam. Ou melhor, aos corredores pelos quais ele passava, visto que ele pedalava mais rápido. Saindo da Cidade Universitária, a corrida prosseguiu pela Av. Waldemar Ferreira, passando novamente pelo túnel e saindo na Av. Lineu de Paula Machado. Após cruzar a marca do km 20 com menos de 1h54min, entrei no Jóquei Clube de São Paulo.

O desfecho da prova deu-se lá dentro, num trecho de asfalto porém margeando o gramado no qual os cavalos ficam. O pórtico da chegada estava localizado próximo ao local onde eu acredito que seja realizada também a chegada das corridas de cavalos, pois era o no qual haviam arquibancadas. Aliás, muita gente ocupava o local, dentre corredores, treinadores, amigos e familiares. Encontrei meu pai no meio da multidão enquanto acelerava para cruzar a linha de chegada. Bati em sua mão e cravei o tempo de 1h58min07seg! Missão cumprida!

Na minha opinião o Jóquei Clube foi uma excelente escolha de chegada para a corrida. O local é bem amplo, tornando a dispersão muito fácil. Além disso, os banheiros do clube estavam disponíveis, o que sem dúvida é muito melhor do que os banheiros químicos geralmente disponibilizados para estes eventos. Isso sem falar é claro no charme do local. Achei o prédio e as instalações do Jóquei Clube merecedoras de uma outra visita no futuro.

Para terminar, decidi colocar a frase "A busca pela perfeição nunca termina" como título deste post pois ela estava gravada na medalha da prova. O autor dessa citação, também gravado na medalha, é Kihachiro Onitsuka. Procurando na internet, descobri que trata-se do fundador da Asics. Um japonês considerado por muitos como um visionário que decidiu fundar uma marca de material esportivo em 1949. Asics é a abreviação de "Anima Sana In Corpore Sano", ou seja "Mente Sã em Corpo São". Segue abaixo a foto da medalha.