quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Trabalho em equipe: 18a. Maratona de Revezamento Pão-de-açúcar

Desde que comecei a correr encarava o esporte como algo individual. Aproveitava os momentos em que estava correndo para estar em paz comigo mesmo, fazendo reflexões a respeito da minha vida. Minhas metas sempre foram melhorar com relação a mim mesmo. Sempre conversava com amigos que também corriam a respeito de corridas. Muitas vezes pedia dicas com relação a isotônicos, carboidratos, provas bacanas para se correr, entre outras coisas. E de vez em quando, na verdade raramente, acabava por ir correr junto com algum colega. Não que eu não gostasse da companhia de outras pessoas, muito pelo contrário. A questão era simplesmente a vontade de realizar minha própria programação de treinos, baseada apenas nas minhas metas de tempo e distância, e que dificilmente coincidiam com as metas de outras pessoas.

Na verdade pouco disso mudou, mas este ano acabei por conhecer no local onde trabalho diversas pessoas que também gostavam de correr. No horário de almoço volta e meia conversávamos a respeito de corridas. Foi nessa época, tendo contato diário com essas pessoas, que resolvi começar a escrever este blog. Quando participei da corrida da Tribuna em maio deste ano, todos haviam participado de uma outra prova realizada no mesmo dia. Havia sido o assunto da semana. Eis que um dos colegas sugeriu: por que não montamos uma equipe para correr a Maratona do Pão-de-Açúcar?

Trata-se de uma corrida de revezamento, talvez a mais famosa do Brasil e sem dúvida alguma a maior em número de participantes. As equipes percorrem a distância de uma maratona, ou seja, 42 quilômetros. Mas podem se dividir em duplas, quartetos e octetos. No caso, decidimos montar um octeto devido ao número de pessoas interessadas em participar e ao fato de que nem todos se sentiam preparados para correr 10,5 km. Fomos então para correr 5,25 km cada um (na verdade o primeiro corre uma distância um pouco maior e o último um pouco menor), o que achei excelente ideia visto que 1 semana antes eu correria a Meia Maratona da Praia Grande.

Justamente pelo fato de encarar uma Meia Maratona na semana anterior que acabei não tendo tempo de me preparar para fazer essa prova. São dois tipos de treino bastante diferentes. Nos treinos para a Meia Maratona o importante é manter um ritmo moderado e aguentar a distância. Já nos treinos para corridas de apenas 5 km pode-se forçar mais o ritmo, e a meta passa a ser o tempo.

Seja como for, o importante no dia não era realizar uma marca pessoal. O importante mesmo era a confraternização com as outras pessoas. Cheguei cedo ao Parque do Ibirapuera, local da prova. A largada estava prevista para as 7 horas da manhã, e eu já seria o segundo da minha equipe a cair no asfalto. A espera na Avenida Rubem Berta não foi muito longa, visto que o colega antes de mim corria em ritmo bem forte. Achei ruim apenas a muvuca provocada pelas pessoas que ficavam esperando seus companheiros de equipe, mas algo completamente normal e inevitável nesse tipo de competição.

Consegui fazer a minha parte do percurso em 28 minutos. Na verdade o trecho não era lá essas coisas: corri por trechos das Avenidas Rubem Berta e 23 de Maio, passando em frente à Assembléia Legislativa, e depois entrei no Parque do Ibirapuera onde realizei a troca. Aliás, o colega que abriu nosso revezamento continuou correndo ao meu lado, e fomos conversando um pouco durante o trajeto.

Poderia ter feito um tempo melhor? Poderia. Mas como já disse, o bacana do dia era estar ali, com os colegas fora do ambiente de trabalho fazendo algo em comum, dividindo momentos especiais. No final das contas fizemos nossa prova em 3 horas e 49 minutos. Um tempo muito bom a meu ver. Longe claro de disputarmos a vitória na corrida, o que nem era nosso objetivo. Mas todos se empenharam bastante em buscar o melhor de si.


Segue abaixo uma foto de alguns dos membros da nossa equipe. Obrigado a toda a equipe: Maitê, Stefan, Anderson, Paulo Henrique, Turetta e também ao casal Lucas e Isabel que não estão na foto. Grande abraço a todos.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Contra o sol: Meia Maratona da Praia Grande

No início do ano eu estava determinado a participar da Meia Maratona do Rio de Janeiro e dar continuidade ao meu projeto "Conheça o Brasil correndo". Mas um compromisso inadiável no final de semana desta corrida obrigou-me a mudar de planos. Então pensei na Meia Maratona da Praia Grande. É uma prova plana e ao nível do mar, tal qual no Rio de Janeiro. Além do mais, eu já visitei o Rio mais de uma vez nos últimos anos; mas não ia à Praia Grande há pelo menos uma década. Considerando que a prova contava com a organização do pessoal da Tribuna, os mesmos que fazem a prova dos 10km em Santos, achei que não teria erro e fui lá me inscrever. Devido a fatores eu não consegui realizar uma boa preparação e nem pretendia utilizar essa prova para melhorar a marca da Meia Maratona de São Paulo. O objetivo aqui era simplesmente terminar.

Quando cheguei em Santos na sexta-feira e peguei meu kit, fiquei um pouco surpreso. A camiseta da corrida cor de vinho era realmente muito bonita. A sacolinha também era charmosa. Mas além disso, o kit contava apenas com o número do peito e o chip. Nenhum brindezinho sequer por parte dos patrocinadores. Aliás, se em outras corridas como os 10 km da Tribuna e a São Silvestre a parte detrás da camiseta ficava parecendo um caderno de classificados de tanto anúncio que aparecia, desta vez os únicos apoiadores eram o pessoal envolvido na organização.

No domingo, dia da prova, fazia uma bela manhã de sol, o que me fez pensar em passar protetor solar pra não torrar durante a prova. Até porque eu já imaginava que não encontraria árvores e sombras ao longo do percurso. Seja como for, na viagem até chegar ao local da largada pude perceber alguns lugares abandonados na cidade, como o aeroclube por exemplo, levando à constatação de que a Praia Grande deve ser um lugar bem pacato na baixa estação.

Achei um tanto confuso o isolamento que a organização realizou e precisei dar uma volta considerável para entrar na área de largada. A aglomeração nessa zona foi normal e dentro do esperado, sem muita muvuca. Afinal eram apenas 3100 participantes. A dispersão foi bem rápida por sinal. E percebi que o pessoal estava se contendo um pouco, talvez porque a prova era de tiro longo.

O percurso não era dos mais inspiradores. Pode ser aproximado por um retângulo, com duas retas aparentemente intermináveis de 10km de extensão. Pouco após a largada, já no km 2, vi algumas pessoas desistindo. Realmente, dado este percurso não é lá muito recomendável desistir pelo km 10. Não me preocupei muito com o tempo, afinal eu sabia que não estava 100% fisicamente. Mas no primeiro trecho da prova até que consegui manter um ritmo bom e completei o km 10 com 59 minutos de corrida.

Mas logo depois disso entrei na praia e dei de cara com o sol. Meu primeiro pensamento foi de que seria realmente dureza aguentar mais 10km debaixo daquele sol. Cheguei até a me xingar por não ter percebido antes que a volta seria contra o sol, afinal de contas na ida o sol estava atrás de mim. De qualquer forma, não havia outra escolha senão correr o restante do percurso.

Aproveitei para apreciar um pouco a orla. Não é lá que nem os jardins de Santos, mas até que o local é bem ajeitadinho. Eventualmente algum prédio mais alto fazia uma sombra e eu tentava aproveitar. Peguei água em todos os postos disponíveis, mas na maior parte das vezes eu não bebia: tentava refrescar o corpo. Isso não adiantou muita coisa e meu ritmo foi caindo a cada km percorrido. Consumi dois carboidratos em gel para reposição de energias, um no km 9 e outro no km 15, mas de pouco adiantaram. Lá pelo km 18 eu já estava sem pernas.

Na metade final do trecho da praia, não sei precisar exatamente em quais quilômetros, aconteceram as duas coisas mais desagradáveis pelas quais já passei em corridas de rua. A primeira foi que duas patricinhas estavam tentando entrar no local de prova com seu carro, pois o apartamento delas ficava logo ali naquela quadra. Quando passei pela esquina na qual elas tentavam furar o bloqueio, a moça da organização dizia a elas que não podiam entrar, teriam que esperar a prova terminar. Pouco depois vejo que tem um carro colado atrás de mim, "empurrando-me" pois queriam chegar logo. Uma imensa falta de respeito com quem pagou a inscrição da corrida e queria que no mínimo a área se mantivesse isolada para a prática de esportes. Certamente o evento havia sido anunciado na cidade e certamente não se tratava de nenhuma emergência. Ponto negativo pra organização.

O outro ponto que me chateou um pouco foi a atitude de algumas pessoas do público. Em mais de um trecho da prova vi pessoas que, ao invés de incentivarem quem estava correndo, ficavam tirando sarro. Sim, já era o final da prova e meu gás havia acabado. Não era definitivamente o momento mais brilhante da minha carreira de corredor, mas acho que isso não é motivo para que as pessoas que não têm mais o que fazer fiquem rindo da minha cara e fazendo piadinhas de mau gosto. Sinceramente, se não quer correr e não quer apoiar quem está correndo, então que vá fazer outra coisa. Era uma linda manhã de domingo de sol e a praia estava logo ali, então porque se dar ao trabalho de ficar azucrinando os que estavam ali se esforçando? Olha, para essas pessoas eu só digo uma coisa: tenho muita pena de vocês.

Mas esses malas foram felizmente pequenas excessões à regra. Quando saí da praia e comecei o retorno à região da largada comecei a perceber mais gente incentivando de verdade. Dada a proximidade das eleições, tinha muita gente com bandeiras e faixas de candidatos, e alguns garotos ainda ficavam gritando o nome de um candidato local. Sem querer parecer clichê, mas esse apoio do público no final foi realmente um incentivo para encontrar algumas energias a mais e terminar a prova. No final encontrei meu pai e minha namorada que foram até lá para me receberem. Também encontrei o Adriano, um colega do trabalho que também corre. A eles também agradeço todo o apoio que recebi nesse dia.

Fiz em 2 horas e 9 minutos, mais lento do que as 2 horas e 2 minutos da Meia em São Paulo. Se na capital paulista o percurso apresentava muitas subidas, descidas e trechos de asfalto irregular, na Praia Grande o forte sol escaldante foi um grande empecilho. Mas a verdade é que eu realmente estava muito melhor preparado para a prova de São Paulo. Se eu quiser correr a Maratona de São Paulo em 2011 (e eu quero), ainda tenho muito o que treinar.

Fica a lição de que para correr nessas condições deve-se providenciar um boné.