quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

Corrida virtual, afinal é o que temos para hoje: TikTok Santander Track&Field Run Series

Desnecessário e até meio batido dizer que 2020 foi um ano atípico, diferente de tudo aquilo que já vivemos. Se em janeiro eu tinha planos de correr novamente uma maratona, colocando provas de meia no meu calendário para começar a preparação e botando como meta correr pelo menos 1.000km no ano, em março tive que me adequar a uma nova realidade. E em maio, com a obrigatoriedade do uso de máscaras ao sair de casa, acabei dando um tempo com a corrida.

Conversando com outros amigos corredores, e olhando pela janela de casa, vi que muita gente estava saindo para correr de máscara. Resolvi pesquisar um pouco sobre isso na internet, e vi que a prática estava mais disseminada do que eu imaginava. Claro que não é recomendado se puder ser evitado, mas não chega a ser algo tão proibitivo também. O desempenho obviamente não é o mesmo, e nem é recomendável fazer grandes distâncias também. Mas pelo menos é melhor do que ficar parado, não é mesmo? Então lá pelo final de agosto acabei aderindo a essa prática, mas limitando meu treino a curtas distâncias.

Claro que conheço e vejo por aí gente correndo sem máscara, apesar da obrigatoriedade imposta pelas autoridades locais. Não quero fazer aqui nenhum juízo de valor das pessoas que correm sem máscara, muito menos questionar a necessidade do decreto ou a eficácia da medida no combate à disseminação do vírus. Existe material de sobra na internet a respeito deste assunto. Quero apenas deixar registrada a minha opinião acerca disso tudo. E a minha opinião é que enquanto existir a obrigatoriedade de uso de máscara, goste-se dela ou não, concorde-se com ela ou não, trata-se de uma exigência das autoridades e deve ser cumprida. Portanto só voltarei a correr sem máscara no dia que isso for permitido.

Enfim, os primeiros treinos de máscara me mostraram que correr desse modo não era tão ruim assim afinal. E em algumas semanas eu já estava até conseguindo pegar um ritmo de treino bacana. Mas ainda assim, nada de fixar metas, apenas correndo para manter a saúde mesmo.

Ao longo do ano fui tomando conhecimento também das corridas virtuais. Funcionam assim: você baixa o aplicativo da corrida no seu celular, e no dia marcado da corrida você habilita o GPS, abre o app e inicia a corrida. Pode ser em qualquer lugar, desde que você cumpra a distância estabelecida pelos organizadores. Dependendo do evento, existe kit com camisa e até medalha. 

Claro que uma corrida virtual não chega aos pés da corrida presencial. Não é possível substituir a beleza da maratona do Rio (a menos que você more lá), o charme da avenida Paulista na chegada da São Silvestre ou o calor humano da praia de Santos em uma corrida da Tribuna. Se for para correr perto de casa, então faço isso de graça mesmo. Desse modo não me interessei por participar de corridas virtuais em um primeiro momento.

Ainda assim, já no mês de dezembro tomei conhecimento de uma corrida virtual organizada pela Track&Field no último fim de semana antes do Natal. Como era fim de ano e eu não havia participado de nenhuma corrida, pensei em participar até para não passar em branco. E um motivador extra foi que a corrida tinha um caráter beneficente: parte do dinheiro da inscrição seria doado para instituições de caridade para o Natal. Sem falar que seria algo diferente, para ser feito uma vez e depois poder relatar a experiência. Desse modo, decidi por me inscrever na prova de 5k, visto que não estava correndo grandes distâncias com máscara. As modalidades de 10k e 21k também estavam disponíveis.

A janela para realização da corrida era entre 05:00 e 22:00 do dia da corrida. Não sei ao certo por qual motivo (certamente não era ansiedade de correr), acabei acordando e perdendo o sono por volta das 04:30. Como não houve horário de verão, o dia já até começava a clarear dada a proximidade do solstício. Decidi comer alguma coisa, me arrumar e sair para correr logo de manhã cedo mesmo.

Foi muito estranho sair de casa para correr uma prova, sem ter que me preocupar com o horário de saída, nem com o trânsito para chegar no local da largada, nem com guarda-volumes ou fila de banheiro químico. Nada de local de largada aglomerado. Nada de caminhão de som com alto-falante anunciando a contagem regressiva para o início da corrida. Ao invés disso, precisei simplesmente chegar à pé até o ponto que costumo começar meus treinos, abrir o aplicativo pelo celular e clicar no botão de iniciar a corrida. De fato, pelo horário a janela de realização da prova já estava aberto e o aplicativo me permitia fazê-lo. Ao clicar no botão uma vez ele me pedia a confirmação de que queria começar. Ao clicar pela segunda vez, ele começou uma contagem regressiva e em 3, 2, 1... estava valendo!

Fiz o mesmo percurso que já estava habituado a treinar. Ele possui cerca de 2.5km, de modo que fiz duas voltas. Comecei a minha corrida por volta das 05:15 da manhã. O tempo estava bom, tudo indicando que faria um lindo e quente dia de sol de verão. Mas como ainda era muito cedo, a temperatura estava relativamente baixa e o ar estava fresco. Ou seja, estava ideal para uma boa corrida!

E foi mesmo! Como se tratava de uma prova, logo vinha aquela vontade dar um gás a mais e fazer um bom tempo. Por mais que não seja muito recomendado fazer isso de máscara, aquele "instinto de corredor" me impulsionou a buscar fazer o trajeto no menor tempo possível. Dado o horário que corri, não encontrei uma alma viva na rua, de modo que poderia muito bem ter saído pra correr sem máscara. Seja como for, por respeito ao decreto e também por querer ter uma base justa de comparação entre a corrida e meus treinos normais, mantive a máscara no rosto durante todo o percurso.

Por sinal, não tenho muito o que escrever sobre o percurso dessa vez. Quem acompanha esse blog sabe que gosto de descrever as paisagens, os nomes das ruas, avenidas, praças, os monumentos que marcam os percursos das corridas que participo. E uma das coisas que mais gosto nessas corridas de rua é esse lance de correr em lugares diferentes. Já descartei participar de corrida porque o percurso era o mesmo de outras provas que já tinha realizado. Mas dessa vez o percurso era o mesmo "arroz com feijão" que eu já estava acostumado.

Ao final da minha segunda volta, nem precisei me preocupar com finalizar a corrida no aplicativo. Quando ele detectou que eu havia completado 5k, a corrida foi automaticamente encerrada. Curiosamente meu relógio alegava que ainda faltavam cerca de 100-200m para completar 5k, de modo que continuei correndo até completar a distância no meu relógio também. O tempo registrado pelo aplicativo foi de 26m52s e no meu relógio 27m29s. Um pouco estranho terminar a corrida sem cruzar um pórtico de chegada com um relógio em cima mostrando seu tempo bruto. Em geral, avistar o pórtico já é aquele incentivo para o "sprint final", mas não foi o caso. Também achei estranho finalizar a corrida sem pegar isotônico, fruta, além é claro da medalha. 

Por esse motivo, vou ter que finalizar o post sem a foto da medalha. Fica no entanto o registro da minha participação da corrida através da figura gerada pelo aplicativo com meu tempo oficial. Foi estranho, mas foi divertido. E quem em 2021 as provas presenciais possam retornar!


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