quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

O fim da pandemia? Meia de Santos 2021

No final de 2019 comecei a planejar as provas para participar em 2020. Escolhi a Meia de Santos, programada para Abril de 2020, como o primeiro desafio do ano. Eis que veio a pandemia, as restrições de circulação e a impossibilidade de realizar uma corrida de rua. A prova foi então adiada para Novembro. Dada a continuidade da pandemia, a prova foi sucessivamente adiada para Abril de 2021 e finalmente para Novembro de 2021. Então, com a população adulta já vacinada (pelo menos quem não é retardado ao ponto de não querer se vacinar) e os índices da pandemia mais controlados, a organização da prova pôde finalmente realizar o evento.

Claro que vários protocolos de segurança foram estabelecidos. Por exemplo, a necessidade de apresentar comprovante de vacinação (ou exame PCR nas 24 horas anteriores) para retirada do kit da prova. Nesse ato foi entregue uma pulseira, e só era permitido entrar na arena de largada com a apresentação da pulseira. Além disso, era obrigatório o uso de máscara na região da arena. Após cruzar o pórtico de largada, era permitido retirar a máscara, porém era necessário recolocá-la ao cruzar o pórtico na chegada. A largada também se deu em ondas, organizadas de acordo com a estimativa de tempo que cada atleta forneceu no ato da inscrição. Tudo de modo a evitar aglomeração e facilitar a dispersão na hora da largada.


A região da arena ficou concentrada na praça onde se situa o Aquário Municipal, próximo ao Canal 6, na Ponta da Praia. Um local que me agrada, pois é bastante amplo e favorece boa dispersão de pessoas, além é claro de ser uma região bastante bonita. Enquanto aguardava a largada, o que mais pude escutar das pessoas em volta era o quão ansiosamente estavam esperando por aquela corrida. Praticamente 2 anos sem participar de nenhuma prova. E uma certa apreensão no ar também de por quanto tempo essa sensação de controle da pandemia devia perdurar.

A organização da prova me deu a pulseira do segundo pelotão para largada. De modo a evitar a aglomeração da largada, decidi entrar na arena apenas após a largada do primeiro pelotão, embora ela já estivesse aberta para todos. O intervalo de largada entre os pelotões era de 5 minutos. Ao ouvir a sirene para a largada do segundo pelotão, decidi entrar e fui avançando. Os fiscais da prova deixavam passar pelo cordão que dava acesso ao tapete de largada apenas os que tinham a pulseira na cor correspondente ao pelotão. O fato de ter deixado todo mundo acessar a arena não me pareceu muito legal, pois o pessoal que ia largar no terceiro pelotão acabou causando aglomeração perto do pórtico de largada. Logo após passar por esse pórtico eu já estava correndo pra valer, sem acotovelamento, sem briga por espaço. Nem tudo foi perfeito, mas o balanço geral é que o esquema de largada por ondas funcionou muito bem.

Como já mencionei, após a largada era permitido tirar a máscara. Realmente correr de máscara não é algo muito recomendável devido à limitação do fluxo de ar, mas foi uma medida necessária durante os períodos mais agudos da pandemia. Dada a demanda criada, foram até desenvolvidas máscaras mais apropriadas para a prática de esportes, como a que usei no dia da prova. De certa forma até me acostumei a correr de máscara, mas apenas em curtas distâncias. Para provas longas, como uma meia maratona, fica realmente mais difícil. Minha estratégia foi de tirar a máscara quando me senti confortável com a distância para as outras pessoas (o que aconteceu pouco após a largada), ou ao passar nos postos de água (pois teria contato mais próximo com as pessoas da organização), ou sempre que percebesse estar próximo de grupos de pessoas correndo juntas, e naturalmente após a chegada. Minha opinião é que essa abordagem funcionou muito bem também.

Justamente devido ao fato de correr com máscara, meus treinos durante a pandemia estavam limitados a curtas distâncias, como 5-8km. Apenas para realmente manter uma atividade física, visto que nenhuma prova estava no horizonte. Porém, quando recebi o e-mail da organização confirmando a realização da prova, decidi alterar os treinos para me preparar. Não que eu tivesse muito tempo disponível, eram apenas 2 meses, mas perfeitamente possível se o objetivo fosse apenas concluir a prova, sem meta de tempo.

Completei o primeiro quilômetro da prova em 5min30seg. Um ritmo mais forte do que eu estava acostumado nos meus treinos. E olha que meu treino mais longo foi de apenas 18km, não cheguei a fazer a distância da prova durante minha preparação. Tudo bem que o tempo estava bastante ameno (algo surpreendente para Santos em Novembro, mesmo largando às 7h00 da manhã), mas ainda assim achei melhor tentar reduzir o ritmo. Cruzei a marca dos 2km com 11min02seg, ou seja, o mesmo pace. Ok, precisava mesmo reduzir o ritmo para não ter problemas na continuidade da prova.

Virei no Canal 6, e logo veio o primeiro posto de água. A estratégia era a mesma de sempre: tomar apenas alguns goles para matar a sede e o restante do conteúdo do copo jogar na cabeça para refrescar. Mesmo com o tempo ameno, senti diferença. O ritmo logo reduziu um pouco, de modo que ao cruzar a marca dos 5km, já na região do porto, o relógio marcava 28min09seg. O cenário do porto não é dos mais bonitos para se correr, mas a via estava bem cuidada, limpa, os postos de água bem abastecidos, enfim, a organização estava realmente de parabéns.

Voltei ao Canal 6 e cruzei a marca dos 10km com 57min40seg. E o mais importante: estava me sentido bem e confortável com esse ritmo. Mas foi pouco depois desse ponto, na hora que cheguei ao final do Canal 6 e fiz a curva para entrar na avenida da praia, ao visualizar a orla de Santos ensolarada numa bela manhã de domingo, que veio aquela sensação maravilhosa de constatar que eu estava participando de uma corrida!

Que prazer realmente indescritível! Correr na avenida da praia de Santos, com sol, céu azul, até mesmo com um pouco de calor devido ao avançar do horário, participar de uma prova, tudo isso trazia uma deliciosa sensação de prazer e de vontade de curtir o momento que fica realmente difícil colocar em palavras.

Mas logo o calor realmente apertou, o cansaço começou a bater e o ritmo de prova começou a diminuir. Cruzei a marca dos 15km com 1h27min34seg. Fiz a curva em 180º próxima ao emissário submarino, já próximo à divisa com São Vicente, e a partir daí era só seguir reto até retornar ao Aquário para finalizar a corrida. Embora um pouco cansado, estava me sentindo muito bem, e com a plena convicção que iria até o fim da prova.

A essa altura do campeonato a dispersão já era tão grande que eu realmente parecia estar correndo sozinho. Era bem ocasional ultrapassar ou ser ultrapassado por alguém nessa reta final. E ao constatar que a corrida estava no fim, conseguir tirar aquelas últimas energias para tentar melhorar um pouco o ritmo e cruzei a linha de chegada com o tempo final de 2h00min37seg.

Por pouco não foi uma meia sub-2h! Um resultado excelente para quem mal estava treinado para essa distância. Não foi meu melhor tempo em meia (1h52min) mas também longe de ter sido o pior (2h15min). Tanto faz, o simples fato de voltar a participar de uma meia já me deixou muito feliz.



Para finalizar, como sempre, deixo aqui a foto da bela medalha dessa corrida. Tomara que em 2022 seja possível participar de mais corridas assim.



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